A terra era sem forma, vazia e trevas densas. Até que Deus disse: “Haja luz” (Gn 1.3).

A luz terá de ser entendida no sentido pleno da palavra, não podendo, porém, de também ser entendida espiritualmente, na progressão da revelação de Deus no que haveria de acontecer como a expressão viva do Deus Criador, na manifestação existencial daquele que é o Eu Sou.

O Espírito Santo usa a realidade da luz para figurá-la como a iniciativa revelacional de Deus, do Deus a quem aprouve no devido tempo emergir mistério, para se fazer conhecido em pessoa e propósitos.
No Evangelho de Lucas (1.78,79) vamos encontrar Zacarias, pai de João Batista, em cântico profético, falar sobre o “Sol nascente das alturas que viria ao mundo para alumiar aos que estão em trevas…”. Esse Sol anunciado pelo sacerdote é de onde vem a Luz que guia os pés dos homens no caminho da paz.

Quando Jacó saia da presença de Labão e peregrinava pela terra, se deu com uma noite de trevas, porém, muito mais que a escuridão física, o patriarca se viu envolto por angustiantes trevas espirituais. Então, sozinho, buscou o Sol celestial para que brilhasse em sua alma com a Luz divinal. E o Senhor veio ao seu encontro. Desesperadamente Jacó lutou para ser abençoado, com aquele tipo de luta que somente os pecadores que precisam de Deus conhecem bem, a luta espiritual que busca o favor gracioso de Deus.

A beleza da descrição bíblica coloca em nossa mente a condição de imaginarmos algo extraordinariamente significativo: depois daquela noite intensa de trevas, quando Jacó atravessava o desfiladeiro de Jaboque, “nasceu-lhe o sol” (Gn 32.22-31).

A descrição é a de um quadro real, vivo e natural. Conduz-nos, porém, para uma interpretação espiritual. O Deus que foi ao encontro de Jacó naquela situação, foi o Deus que brilhou em sua alma, iniciando uma madrugada de vida e esperança para o desesperado patriarca.

Por vezes sem conta Jacó vira o alvorecer e o nascer do sol em sua vida, mas naquele dia tudo foi diferente. A madrugada e o sol nascente eram o brilho de Deus em sua alma.

A mensagem apresentada pelo Espírito Santo vem para nos fazer compreender que o sol que se levanta para por fim à noite espiritual, ilustra o Sol da Justiça, que se levanta no céu de Deus, para iluminar os que jazem nas trevas e na sombra da morte.

Há nas Sagradas Escrituras algumas passagens relacionando o sol da criação divina com a pessoa de Jesus. Está escrito que o rosto de Jesus brilhava como o sol na sua força (Ap 1.16). Ao se referir à cidade santa, dito está que ela não precisa do sol para lhe dar claridade, pois o Cordeiro é a sua lâmpada (Ap 21.23). Os remidos, aqueles que habitarão na santa cidade, não conhecerão mais a noite, não precisarão da luz do sol, porque o Sol da Justiça brilhará sobre eles (Ap 22.5).

Portanto, aquela maneira tão simples e bonita de introduzir a voz de Deus ecoando no caos e no vazio, dizendo: “haja luz”, não tem outro objetivo senão o de apresentar Jesus, aquele que é a manifestação de Deus.

Jesus é o Sol que brilha intensamente no mundo, aquele que é poderoso para dissipar a escuridão da alma dos homens.

É significativo citar o testemunho do apóstolo Paulo sobre o encontro que teve com Jesus: Era meio-dia, o sol estava a pino, quando ele vê uma luz no céu, mais resplandecente que o sol, brilhando com uma luz tão gloriosa ao redor dele e dos que com ele iam (At 26.13).

Jesus não é o sol que um dia escurecerá. Ele é o Sol que brilha no céu de Deus. Ele é o astro da glória de Deus.

Certo dia Jesus disse sobre Si num forte brado: “Eu sou a luz do mundo”.

Com esta declaração, Jesus, o Sol da Justiça de Deus, o Sol nascente das alturas, o autêntico espírito da profecia, o que tem a revelação do que outrora esteve em mistério, agora anuncia a todos os homens sobre sua missão nesta terra.

Jesus é o Amém do Deus Criador. Ele é o resplendor da glória de Deus que brilha para arrancar os homens do caos das trevas espirituais.

Em Jesus está a Luz da vida. Sem Jesus impera a noite de trevas.

Pr. Franklin Dávila