Se você pretende ver o filme Noé, prepare-se pois o mesmo não tem necessariamente como base as narrativas bíblicas do Antigo Testamento. O autor do filme, Darren Aronofsky, embora seja judeu possui convicções heterodoxas (liberais) e usa outras fontes além da Bíblia para criação do seu filme.

Que fontes são essas?

Precisamente, ele usa o Primeiro Livro de Enoque, supostamente escrito pelo ancestral de Noé; o Livro dos Jubileus (ou Pequeno Gênesis), um texto apócrifo que relata a história da criação do mundo, de Adão e Eva até logo após a Queda; e a Epopeia de Gilgamesh, um antigo poema épico escrito por um rei da Suméria considerado um deus-herói. Ou seja, ele usa a literatura do Antigo Oriente Próximo e outros estilos literários como a Kabbalah (mística judaica) para incrementar o enredo do seu filme.

Um enredo surreal e adequado a cultura em que vivemos

Por ser possuidor de uma cosmovisão judaica mais liberal, Aronofsky acredita que as tradições judaicas deveriam ser modernizadas e compatíveis com a nossa cultura, não se limitando apenas ao relato conservador da Bíblia Hebraica (Antigo Testamento). Talvez essa seja a real motivação por trás do filme Noé.

Uma Hollywood Gospel?

Mas o que devíamos esperar de Hollywood? Que pregassem o Evangelho e que apresentassem um Noé que “Pela fé… divinamente instruído acerca de acontecimentos que ainda não se viam e sendo temente a Deus, aparelhou uma arca para a salvação de sua casa; pela qual condenou o mundo e se tornou herdeiro da justiça que vem da fé” (Hb 11.7)? Certamente não! Eles não apresentariam um “pregador da justiça”!

O Noé apresentado por Aronofsky não é o mesmo de Gênesis: “… homem justo e íntegro entre os seus contemporâneo”, um homem que “… andava com Deus.” (Gn. 6.9). Mas sim, um Noé violento e de sangue frio. Ele é se apresenta muito mais como um homem preocupado em salvar os bichos do que sua família.

O filme apresenta um forte viés darwinista. A teoria da evolução (teísmo-evolucionista) está presente. Deus manda construir a Arca para salvar os animais e não a família do justo, transformando Noé em um agente ecológico para salvação da “mãe-natureza”. No enredo, Deus é criticado como um ser tirano e injusto e Noé se rebela contra ele desobedecendo suas ordens.

Há alguma coisa bíblica no filme?

Sim. Como o Antigo Testamento também foi utilizado como fonte para o filme de Aronofsky, Noé, sua família, o Dilúvio, a Arca e “a maldade do homem [que] se havia multiplicado na terra e que era continuamente mau todo desígnio do seu coração” (Gn. 6.5), são elementos bíblicos notados no enredo cinematográfico.

Então pastor, posso ver ou não ou filme?

Fica ao seu critério ver o filme ou não. O filme ofende tudo aquilo que acreditamos ser a verdade dos fatos acerca da vida de Noé e seu ministério de mais de um século até a chegada do Dilúvio. Por outro lado, ele abre portas para que você apresente o Evangelho àqueles que certamente o assistirão e comentarão sabendo que você é um cristão. Então, se você decidir ver o filme, já sabe o que te espera!

Pr. Alan Kleber