Bem-aventurado aquele cuja iniquidade é perdoada, cujo pecado é coberto. (Sl 32:1)

Todo início de ano, milhares de pessoas espalhadas pelo mundo inteiro são confrontadas por dois problemas básicos: culpa em relação ao passado e ansiedade quanto ao futuro: “O que eu fiz não tem perdão… será que ainda há razão de viver?”…, ou, “eu estou com tanto medo de seguir em frente… o que acontecerá com o meu futuro?”. O Salmo 32 trata diretamente dessas duas questões, trazendo esperança, consolo, perdão e direção a todos aqueles que confiam e esperam no Senhor.
I – Em relação a nossa culpa, Deus promete o seu perdão (vs.1-7)

O salmista Davi começa o Salmo 32 mostrando o estado daqueles que Deus escolhe para revelar a sua graça: “Bem-aventurado aquele cuja iniquidade é perdoada, cujo pecado é coberto” (v.1). Ao fazer isso, Ele reconhece dois atributos de Deus: sua bondade e sua misericórdia. “Bem aventurado o homem a quem o SENHOR não atribui iniquidade e em cujo espírito não há dolo” (v.2). Observe que já no Antigo Testamento o perdão divino é independente das obras humanas. No Novo Testamento, podemos novamente constatar essa doutrina quando o apóstolo Paulo cita esse mesmo Salmo ao defender que a justificação é por meio da fé e não das obras (Rm 4:6-8). Logo, podemos perceber que o perdão dado por Deus não é o salário do esforço humano, mas é a clara manifestação da sua graça.

Assim, podemos entender a sequência lógica do texto. Os que são agraciados por Deus não podem viver mais na prática do pecado. Davi relata nos dois versículos seguintes como sua consciência torturada provocou sintomas físicos alarmantes. O pecado trouxe-lhe: escravidão, sofrimento, doença, e aridez espiritual (v.3-4). Devemos reconhecer que: “grande é o tormento daquele que não assume sua culpa”. Portanto, a nossa vida cristã não pode ser uma vida marcada pelo pecado, mas sim, pela piedade e dependência de Deus (v. 6). Precisamos não ocultar, mas confessar a Deus os nossos pecados; achegar-nos a Ele com arrependimento e fé e experimentarmos seu perdão, consolo e proteção (v. 7).

II – Quanto à nossa ansiedade, Deus promete sua direção e segurança. (v. 8-11).
O versículo nos diz: “Instruir-te-ei e te ensinarei o caminho que deves seguir; e, sob as minhas vistas, te darei conselho”. Note que aqui, por quatro vezes, Deus repete a mesma promessa: “Eu o instruirei você e o ensinarei no caminho que você deve seguir; eu o aconselharei e cuidarei de você”. O Deus que adoramos e servimos não é um deus falso, ausente, ou distante de nós. Ele está sempre presente nos guardando, ensinando e guiando-nos no caminho da salvação. Ele nunca nos deixou e nunca nos abandonará: “E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século” (Mt 28:20b). Contudo é importante observar que a promessa é seguida de uma advertência: “Não sejais como o cavalo ou a mula, sem entendimento, os quais com freios e cabrestos são dominados; de outra sorte não te obedecem”. (v. 9). Pois, aqueles que vivem em desobediência receberão o seu justo castigo (v. 10). Sendo assim, Deus promete nos guiar, mas não devemos esperar que ele nos guie a força, da mesma forma que guiamos os cavalos e as mulas que não tem entendimento ou que Ele venha aceitar que a nossa vida seja semelhante a dos ímpios. Confiemos, pois Nele, entendo com a mente e crendo com o coração, fazendo da nossa própria vida um culto aceitável a Deus como nos ensina as Escrituras: “Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Rm 12:1-2).

 

Pr. José Nilton