8 Lembra-te do dia de sábado, para o santificar (Êx 20:8)

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Normalmente quando estamos estudando o quarto mandamento, alguém sempre pergunta: pastor, quem está certo? São os adventistas, que indicam o sábado como o dia que ainda deveríamos estar observando, ou a teologia da Reforma, apresentada na Confissão de Fé de Westminster e em outras confissões que encontra provas bíblicas e históricas da guarda do domingo?

Bem, a Confissão de Fé de Westminster assim afirma: “[…] Deus designou particularmente um dia em sete para ser um sábado (descanso) santificado por Ele; desde o princípio do mundo, até a ressurreição de Cristo, esse dia foi o último da semana; e desde a ressurreição de Cristo foi mudado para o primeiro dia da semana, dia que na Escritura é chamado Domingo, ou dia do Senhor, e que há de continuar até ao fim do mundo como o sábado cristão” (Cap. XXI. vii).

Ao analisarmos essa declaração de fé em paralelo com as Escrituras, constatamos que de fato, tanto a Igreja no Antigo testamento, quanto no Novo Testamento guardava o “Shabbath”, que quer dizer em hebraico: “dia de descanso”. Qual então, sábado ou domingo?

I – No Antigo Testamento a Igreja guardava o “Shabbath” no sétimo dia da semana por causa da obra da criação.

Em Jo 1:3 a Bíblia nos diz que “Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e, sem ele, nada do que foi feito se fez”. Essa informação é muito importante para entendermos Gn 2:3 que nos diz: “E abençoou Deus o dia sétimo e o santificou; porque nele descansou de toda a obra que, como Criador, fizera”. Desse modo, a guarda do “Shabbath” no sétimo dia da semana tem a sua explicação por causa da obra da criação. Encontramos aqui o Deus trino em ação; Deus criando todas as coisas no princípio por meio de Cristo e descansando de sua obra criadora no sétimo dia. Por essa razão, o povo de Deus no Antigo Testamento, em obediência e consagração ao santíssimo Deus criador, mantenedor e preservador de todas as coisas, guardava o “Shabbath” no sétimo dia da semana.

No entanto, se por um lado, o quarto mandamento apontava para a necessidade do povo de Deus descansar nesse dia de seus afazeres pessoais e santificar-se ao seu Deus criador, por outro, devido à pecaminosidade e incapacidade humanas de cumprir perfeitamente tal mandamento, essa ordenança apontava como um guia para Jesus Cristo, o Messias que havia de vir para purificar e cumprir toda Lei de Deus em favor de seu povo. Assim:

II – No Novo Testamento a Igreja passou a guardar o “Shabbath” no primeiro dia da semana por causa da obra da Redenção.

Se no Antigo testamento o povo de Deus guardava o “Shabbath” no último dia da semana por causa da obra da criação, no Novo Testamento guardamos o primeiro dia da semana por causa da obra da redenção. Quando Jesus Cristo completou a sua obra vicária, ressuscitando dentre os mortos no domingo, Ele descansou da obra da redenção que fez em nosso favor. Paulo em Colossenses 2:16-17, nos ensina que o aspecto do sétimo dia era apenas uma sombra daquele que haveria de vir. “Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus” (Rm 8:1). Assim, no domingo, podemos celebrar não só o Deus criador, sustentador e mantenedor, mas também, o Deus Salvador que já veio e se deu por nós. Nesse sentido, a guarda do “Shabbath” no sétimo dia não é anulada, mas transferida para o primeiro dia da semana por causa da ressurreição de Jesus. O dia muda; o princípio não. Trabalhamos seis, guardamos um. Não qualquer dia, como alguns procuram defender, mas, aquele que nos lembra o que Cristo fez por nós e o que conquistou para nós. Não é apenas um dia de santificação, mas de esperança. Esperança no dia do Senhor; no dia da sua vinda.

Fundamentando biblicamente a questão:

Os principais eventos da era cristã ocorreram no domingo:

(1) Como já observamos, Jesus ressuscitou no domingo (Jo 20:1);

(2) Jesus apareceu aos onze discípulos no domingo (Jo 20:26);

(3) O Espírito Santo desceu no dia de pentecostes, que era um domingo (Lv 23;15, 16 – dia imediato ao sábado);

(4) Nesse mesmo domingo o primeiro sermão sobre a morte e ressurreição de Jesus Cristo foi pregado por Pedro (At 2:14) com 3.000 novos convertidos;

(5) Em Trôade, os crentes se juntaram para adorar no domingo (At 20:27);

(6) Paulo instruiu aos crentes para trazerem as suas contribuições no domingo (1Co 16:2);

(7) Jesus apareceu a João na Ilha de Patmos no domingo (Ap 1:10).

Fundamentando historicamente a questão:

(1) Os escritos da igreja primitiva, desde a epístola de Barnabé (100 d.C.), até o historiador Eusébio (324 d.C.) confirmam que a Igreja Cristã, inicialmente formada por judeus e gentios guardavam conjuntamente o sábado e o domingo. Essa prática foi gradativamente mudando para a guarda do domingo, na medida em que entendia que esse dia era o dia de descanso apropriado em substituição ao sábado.

(2) O domingo não foi estabelecido pelo imperador Constantino no 4º século, como afirmam os adventistas. Constantino apenas formalizou aquilo que já era a prática da Igreja.

Portanto, a nossa convicção de que o chamado à adoração, o desejo de estar cultuando ao Senhor, e o de descansar das nossas atividades diárias por intermédio de um envolvimento com as atividades da igreja no domingo, encontra base tanto bíblica quanto histórica. É mais do que uma questão de costume ou de opção. É algo tão importante que faz parte da lei moral de Deus. A Ele toda glória.

Pr. José Nilton