Devocional para o Culto Doméstico

Leia Tiago 4.13-17

Introdução
A Bíblia fala muitas vezes da presunção: “Não te glories do dia de amanhã, porque não sabes o que trará à luz” (Pv 27.1). Aos israelitas quando ignoraram a palavra do Senhor, Moisés disse: “Assim vos falei, e não escutastes; antes, fostes rebeldes às ordens do SENHOR e, presunçosos, subistes às montanhas” (Dt 1.43). A avaliação de Neemias sobre os de seu tempo era que eles “… se houveram soberbamente, e endureceram a sua cerviz, e não deram ouvidos aos teus mandamentos” (Ne 9.16).

Na raiz da presunção está, mais uma vez, o pecado do orgulho. Tiago não se move a partir do contexto do que ele tem falado, mas apenas amplifica os caminhos afirmando que o nosso próprio orgulho pode criar problemas de proporções catastróficas. Aqui, ele alerta para o pecado da presunção contra o Senhor soberano. Por que?

1. Porque a presunção é um pecado frequente na vida cristã

De fato, precisamos afirmar que a presunção é um pecado frequente. Ela nos atinge sem aviso e talvez mesmo sem o mínimo indício que nos atingiu. É a atitude arrogante, se feita orgulhosamente ou em silêncio, que sugere que eu posso traçar meu próprio destino, tomar minhas próprias decisões, decidir quando e onde eu vou fazer o meu caminho na vida. A presunção me pressiona de forma imprudente a viver sem um pensamento consciente de que cada respiração que eu tenho vem como um presente de Deus. Ela me faz tomar como certo que nada vai ficar no caminho dos meus desejos e planos.

Tiago começa este versículo com uma frase de exortação, ”Atendei, agora, vós que dizeis…”, como uma forma de chamar a atenção para uma outra maneira porque não nos humilhamos na presença do Senhor (4.10). Ele usa uma forma insistente, quase intrometida, no começo de uma frase cheia de otimismo comercial, dizendo:

”Atendei, agora, vós que dizeis: Hoje ou amanhã, iremos para a cidade tal, e lá passaremos um ano, e negociaremos, e teremos lucros” (Tg 4.13).

A cena pode ser a de um empresário cristão palestino do 1o século que faz planos ousados de negócios sem ter Deus em sua mente. Ele define a sua agenda para o ano seguinte, para onde vai viajar, em qual empreendimento ele vai se engajar. Ele saca sua agenda da bolsa e o calendário, e faz uma lista do que vai precisar para fazer seus negócios e dos contatos que ele vai fazer. Ele escreve o seu planejamento estratégico e o lucro previsto.

Tudo isso parece ótimo! Mas algo está faltando. Ele presume que estará vivo amanhã ou em boa saúde na próxima semana, ou que a economia irá cooperar com os seus planos. Mas, uma coisa fica fora de seus planos: A Vontade de Deus.

Certamente, não devemos pensar que Tiago pregou que para o cristão todo o planejamento está fora de ordem. Provérbios, bem como outros livros da Bíblia estabelecem a sabedoria de um bom planejamento. Nosso Senhor Jesus fala do homem que faz seus planos antes de construir uma torre e do rei que planeja sua estratégia antes de entrar na batalha (Lc 14.28-32).

O problema neste caso, é o planejamento sem pensar na vontade de Deus. Ou no mínimo, é o planejamento que inclui a Deus com a finalidade de adicionar um pouco de validação para um projeto humano e egoísta. Este o tipo de planejamento autossuficiente, que deixa o Senhor apenas em segundo plano para o domingo, mas olha de segunda à sábado, e diz: “tudo isso é meu e de mais ninguém”.

2. Porque a presunção é um pecado tão familiar quanto podemos imaginar

O homem diz para si mesmo: “Hoje ou amanhã, iremos para a cidade tal, e lá passaremos um ano, e negociaremos, e teremos lucros” Ele planeja sua vida em torno de seus próprios objetivos e desejos. Ele não hesita em tomar o tempo em suas próprias mãos e afirmar, “hoje ou amanhã … e … em um ano”, como sendo seu o controle da situação. É como se o tempo e sua extensão descansassem em nosso próprio poder ou estivessem a critério dos nossos calendários. Todo mundo que utiliza regularmente um calendário já teve a experiência de nunca ver certos planos se concretizarem. As circunstâncias mudaram, novas demandas foram feitas em cima de nossas vidas, e o que achamos que estava certo porque olhamos para os nossos planos a partir de um calendário nunca se concretizou.

* Nós também fazemos escolhas que acreditamos ser nossas. O empresário decide: “Iremos para a cidade tal, e lá passaremos um ano, e negociaremos, e teremos lucros.” O termo grego sugere a imagem de um empresário que se debruça sobre um mapa e aponta para uma determinada cidade, onde vai abrir uma loja por um ano e se envolver em negócios. Ele tem planos claros em mente. Não havia nada de errado com ele fazendo planos, exceto que ele presume que pode incluir Deus em seus planos sem qualquer sujeição à sua vontade soberana.

Aplicação

(1) Será que isso não diz algo para a sociedade do nosso tempo? Como podemos saber se aquele projeto que traçamos é infalível, que ele é a coisa certa a se fazer? Cristãos dizem: “Deus tem que estar neste projeto, porque assim eu vou estar fazendo muito mais dinheiro e ser capaz de fazer muito mais outras coisas. Vamos fazer mais dinheiro e muito rápido!” Entretanto, fazer mais dinheiro nunca foi critério para o cristão entender que está no centro da vontade de Deus. Pelo contrário, muitas vezes quando fazemos mais dinheiro e conquistamos mais coisas neste mundo é que nos movemos para mais longe do Senhor.

(2) O empresário pensa sobre suas habilidades. Ele mede até sua aptidão mental, o nível de suas habilidades, e o mais importante de tudo, a sua experiência em negócios. Ele decide fazer a sua jogada, “e lá passaremos um ano, e negociaremos, e teremos lucros”. Mas ele tem sido sensível ao chamado de Deus em sua vida? Será que ele pensou através de como e onde ele pode melhor servir ao Senhor, mantendo o seu sustento? Ele está seguro de que vai fazer lucros. Ele sabe que tudo vai seguir o seu caminho. Ele pode até mesmo pedir as bênçãos de Deus sobre seus planos! Mas ele presume que pode passar um ano e acompanhar através de seu plano de negócios e de lucros. Lembre-se: o presunçoso faz planos e até mesmo previsões sem pensar em Deus, sem ter em mente que sua vontade governa e controla todas as coisas, até mesmo sua própria presunção.

Conclusão

Você é uma pessoa presunçosa? Você já traçou planos para a sua vida e reservou tudo em sua agenda, dizendo a si mesmo que iria encaixar Deus em algum lugar do seu planejamento, mas não agora? Acredite, o Senhor jamais permitirá ser manipulado e encaixado por nós, em os nossos planos. Em vez disso, Ele nos coloca em seu calendário e nós encaixa em sua agenda, pois somente Ele é soberano sobre a vida.
Disse Jesus: “Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de aborrecer- se de um e amar ao outro, ou se devotará a um e desprezará ao outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas”. Ele também disse: “Não acumuleis para vós outros tesouros sobre a terra, onde a traça e a ferrugem corroem e onde ladrões escavam e roubam; mas ajuntai para vós outros tesouros no céu, onde traça nem ferrugem corrói, e onde ladrões não escavam, nem roubam; porque, onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração”. (Mt 6.24; 19-21).

Você reconhece isso?

Pr. Alan Kleber