“…Como os ouvimos falar em nossas próprias línguas as grandezas de Deus? Todos, atônitos e perplexos, interpelavam uns aos outros: Que quer isto dizer?” (Atos 2.11, 12)

Leia Atos 2.1-21

Introdução

Você já viu algo inexplicável e se perguntou o que significava? Esta é uma ocorrência comum quando viajamos para outro país, ou esperamos uma conexão em um dos grandes aeroportos brasileiros. Pode ser uma conversa por pessoas que falam outra língua, um sinal ou alguma reunião de pessoas bem diferentes dos nossos costumes.

Lembro-me de ter visto algo semelhante no aeroporto de Guarulhos anos atrás. Eu estava esperando um voo para Aracaju quando vi vários jovens conversando em mandarim e eu não tinha a mínima ideia do que estava ocorrendo. Minutos depois, percebi que eles estavam no Brasil para participarem da Jornada Mundial da Juventude promovida pela Igreja Católica Romana.

A cidade de Jerusalém era um lugar movimentado durante a Festa das Colheitas ou Semanas, mais conhecida como Pentecostes. Muitos tinham vindo participar desta celebração para comemorar a bondade de Deus por lhes conceder a primeira colheita do ano. Outros tinham vindo em peregrinação à Jerusalém, ou para estudar lá, ou apenas aproveitar a riqueza da herança judaica. Foi durante este período, no ano 30 d.C. que algo inexplicável aconteceu. A pergunta enigmática do versículo 12 define o tom para o equilíbrio do capítulo, “Que quer isto dizer?”

1. O Cumprimento da Promessa dada pelo Messias

O Senhor Jesus já havia prometido o derramamento do Espírito Santo sobre os discípulos. Em uma ocasião anterior, Ele se apresentou na Festa dos Tabernáculos, e ofereceu um dos convites mais profundos que o mundo já ouviu falar:

No último dia, o grande dia da festa, levantou-se Jesus e exclamou: Se alguém tem sede, venha a mim e beba. Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva. Isto ele disse com respeito ao Espírito que haviam de receber os que nele cressem; pois o Espírito até aquele momento não fora dado, porque Jesus não havia sido ainda glorificado” (João 7.37-39).

A promessa do derramamento do Espírito que viria para habitar naqueles que cressem em Cristo marcou uma nova época na história do povo pactual. Agora o próprio Deus não só viria redentoramente ao homem, mas habitaria em sua alma, satisfazendo-o com o fluxo constante de águas vivas espirituais.

Assim, a era messiânica inauguraria um novo tempo em que todas as gloriosas promessas anunciadas pelos profetas do Antigo Testamento se cumpririam. Como Isaías, Ezequiel, Joel e outros profetas salientaram, a vinda do Messias traria um novo relacionamento com Deus através do derramamento de seu Santo Espírito.

2. Pentecostes nos introduz a esta obra do Espírito que desfrutamos hoje, no presente.

Se distorcermos o sentido da obra do Espírito Santo no Dia do Pentecostes, criaremos uma forma estranha de cristianismo. Mas, se entendemos o significado do Pentecostes como a Bíblia nos apresenta, então nós temos tudo o que é necessário para nos ajudar a responder adequadamente ao Espírito Santo e sua obra em nossas vidas.

Por que é tão essencial para o cristão entender a Pessoa do Espírito Santo e sua obra? John Stott, de forma muito clara, explica esse entendimento essencial do Espírito conforme apresentado a nós no livro de Atos:

“Sem o Espírito Santo, o discipulado cristão seria inconcebível, até mesmo impossível. Não pode haver vida sem o doador da vida, nem entendimento sem o Espírito da verdade; nenhuma comunhão sem a unidade do Espírito, nenhuma semelhança de Cristo, de caráter e do seu fruto, e nenhuma testemunha eficaz sem o seu poder. Como um corpo sem respiração é um cadáver, assim a igreja sem o espírito está morta” (O Espírito, a Igreja e o Mundo, p. 60).

Conclusão

Jesus determinou aos seus discípulos “… que não se ausentassem de Jerusalém, mas que esperassem a promessa do Pai, a qual, disse ele, de mim ouvistes. Porque João, na verdade, batizou com água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo, não muito depois destes dias” (At 1.4, 5).  Sua obediência em esperar e perseverança na oração não foram a causa da descida do Espírito. Tudo isso já estava predeterminado na agenda de Deus, assim como o Calvário sete semanas antes.

Como vimos no capítulo 1, o Pentecostes foi um evento histórico e único, assim como a morte de Jesus na cruz do Calvário também foi. A grande obra que Deus pretendia realizar se cumpriu em ambos os eventos, e seus resultados maravilhosos continuarão por toda a eternidade. O Dia do Pentecostes nos dá uma melhor compreensão do que Deus realizou e continua a fazer através do ministério do Espírito.

Pr. Alan Kleber