Texto Bíblico:  Leia Zacarias, capítulo 9.13-17

1. Sião será como um Guerreiro Valente

Verso 13. O SENHOR envolveria Judá e Efraim em seu ato de libertação dos cativos. Mais uma vez, Deus não mostraria nenhum favoritismo para com o reino do Sul (Judá), mas restauraria as duas partes do reino dividido. O Profeta Zacarias anuncia que o SENHOR abandonaria o uso de carros, cavalos e arcos de guerra, mas não ficaria sem armas. Ele não estaria desarmado. Seu povo seria o seu exército, seus filhos as suas armas.

A questão de interpretação aqui diz respeito à referência aos gregos. A frase “… teus filhos, ó Grécia!” literalmente na língua hebraica é “filhos de Javã” (Jônia ou Grécia), um nome antigo e conhecido naqueles dias para o Peloponeso grego. A primeira ocorrência da palavra Javã aparece na Tabela das Nações em Gênesis 10.2 e 4; e, no século VIII a.C., em Isaías 66.19. Isso poderia ser uma referência geral às nações da costa oriental do Mediterrâneo (ou seja, aquelas nações já mencionadas na primeira metade do capítulo 9), em vez de aos gregos somente. Em ambos os casos, a Grécia ou as nações vizinhas representam o mundo incrédulo que Israel conquistaria.

Zacarias encorajou os exilados de seu tempo, que retornaram a Jerusalém, com uma declaração ousada de que um dia eles compartilhariam da vitória de Deus. O SENHOR triunfaria contra os seus inimigos e para isso usaria o seu povo como a espada de um guerreiro. Eles participariam de sua vitória. Eles seriam vencedores junto com seu SENHOR Conquistador.

2. O SENHOR será como um Relâmpago

Verso 14. O Antigo Testamento contém muitas teofanias (do grego, “aparições de Deus”). Tão impressionantes eram essas dramáticas aparições que frequentemente vinham acompanhadas por trovões, relâmpagos, fumaça e terremotos (cf. Êx 19.16-19; Jz 5.4-5; 2 Sm 22.8-18; Sl 29; 68.7-8; Hc 3.3-15).

Nesta teofania, “… suas flechas sairão como o relâmpago; o SENHOR Deus fará soar a trombeta e irá com os redemoinhos do Sul” (v. 14). O trovão é a trombeta do SENHOR, que não apenas soa o chamado para a batalha, mas também o início dos festivais. Ele usa as tempestades de vento do Sul como seus carros de guerra, pois sobre elas o SENHOR vem à cidade para conquistar e reinar.

3. O Grande Banquete dos Libertos

Verso 15. O SENHOR dos Exércitos protegerá o seu povo. A linguagem usada para descrever o banquete dos prisioneiros da esperança parece estranho a muitos: “… eles devorarão os fundibulários e os pisarão; também beberão deles o sangue como vinho”. Esta linguagem não conota comer a carne ou beber o sangue dos inimigos. Comer e beber são simplesmente metáforas para comemorar a vitória do SENHOR dos Exércitos sobre as nações. As pedras para a funda (fundibulários) serão pisadas como lembretes inúteis de batalhas anteriores; eles não serão mais úteis do que o cascalho sob nossos pés.

A comida nesta celebração da vitória será tão abundante que os prisioneiros libertos “encher-se-ão como bacias do sacrifício e ficarão ensopados como os cantos do altar” (v. 15). Este versículo simplesmente enfatiza que as provisões para a celebração da vitória seriam tão extensas que os cativos lembrariam a aparência de um altar quando a carne transborda até mesmo em seus cantos.

Verso 16. “O SENHOR, seu Deus, naquele dia”, prossegue o Profeta Zacarias, “… os salvará, como ao rebanho do seu povo” e ele estará seguro, pois “… são pedras de uma coroa e resplandecem na terra dele”. Aqui vemos a metáfora iniciada pelo SENHOR em Êxodo, sendo continuada através da representação que Ele faz para se referir a seu rebanho remanescente como “minha propriedade [tesouro] peculiar dentre todos os povos” (Êx 19.5; cf. Ml 3.17). Essas “pedras de uma coroa” são o orgulho e a alegria do SENHOR, pois resplandecerão sobre a terra como um estandarte.

Verso 17. Na prosperidade dos dias futuros, haverá abundância de grãos e vinho. Como será maravilhoso viver e prosperar em uma terra na qual o SENHOR está no comando e da qual o mal foi vencido para sempre (Am 9.13; Jl 3.18). O copo transbordando e a comida abundante são imagens típicas da bênção do SENHOR e da consumação do reino messiânico. A luta não vai durar para sempre. A vitória virá e com ela paz e prosperidade duradouras.

Conclusão

O reino de Deus se espalhará pelo mundo, mas não por conquistas militares. Sua conquista será pelo uso de armas espirituais, à medida que o povo de Deus, confiando no poder do Espírito Santo, testemunhe por palavra e ação o evangelho de Cristo. Esse é o sentido da declaração de que Judá é seu arco e Efraim suas flechas.

Quando o SENHOR marcha, as armas de sua guerra são seu próprio povo. Temos aqui uma importante exortação contra a passividade e indiferença na vida cristã as quais nos levam a pensar que somos apenas passageiros na igreja de Jesus Cristo. O Deus onipotente certamente trabalha com soberania, livremente; o Senhor reina e faz o que lhe agrada. E mesmo assim, Ele tem prazer de trabalhar por meio de Seu povo. A guerra cósmica do reino de Deus contra o reino das trevas está ao nosso redor todos os dias e precisamos perceber que não somos meros espectadores apanhados no conflito; somos combatentes no exército do Senhor.

Certamente as armas de nossa guerra não são carnais. Elas têm poder divino para destruir fortalezas (2 Co 10.4-5). Há uma guerra acontecendo e ela não é contra a carne ou sangue. “Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, depois de terdes vencido tudo, permanecer inabaláveis” (Ef 6.13). Você está engajado na linha de frente ou assinou uma trégua? Vocês são instrumentos de Deus. Vocês são combatentes no exército do Senhor no conflito espiritual entre o reino de Deus e o reino das trevas, entre o reino da graça e a perversa maldade do mundo.

Quando SENHOR salva seu povo, este se torna para Ele como joias de uma coroa, brilhando em sua terra como pedra lindas e preciosas. O ponto aqui não é que Deus fará muito de nós. Quando revelamos sua majestade, exibimos ao mundo, a beleza, glória, soberania e graça do nosso Senhor Jesus Cristo, Guerreiro Divino, Conquistador e Rei das Nações. A igreja exibe a glória de Deus e torna sua grandeza conhecida. É para isso que servimos, pois esse é o nosso propósito neste mundo.

Rev. Alan Kleber