A Palavra que não muda

A narrativa de Números 22:8–23:30 é uma rica tapeçaria da providência e da soberania divina. Balaque, rei de Moabe, deseja amaldiçoar o povo de Israel e, para isso, contrata Balaão, um profeta pagão. No entanto, aquilo que se esperava ser uma maldição converte-se em bênção. O profeta, mesmo contra sua inclinação, torna-se instrumento nas mãos de Deus para declarar a fidelidade do Senhor à Sua aliança.

Balaão, de forma involuntária, proclama verdades eternas: “Como posso amaldiçoar a quem Deus não amaldiçoou?” (Nm 23.8). O povo de Deus está absolutamente seguro, não por mérito próprio, mas por causa da palavra imutável do Senhor. O grande reformador João Calvino comenta que “Deus vela por Seu povo mesmo quando este não tem consciência disso, pois Sua fidelidade não depende da constância humana, mas de Sua graça soberana.”

Essa segurança, porém, é muitas vezes invisível aos nossos olhos. Israel marchava pelo deserto murmurando, sentindo-se vulnerável e abandonado, enquanto, no monte, Deus defendia o Seu povo contra as intenções malignas de um rei. Assim também conosco: mesmo quando não vemos, Deus age. Arthur W. Pink declara: “Nenhum movimento da criatura pode ocorrer senão conforme Deus, em Sua eterna sabedoria, ordenou. Aqui está o repouso da fé.”

Além da segurança, a passagem destaca a identidade distinta do povo de Deus: “Eis que é um povo que habita só e não se considera entre as nações” (Nm 23.9). Eles são o povo do pacto, chamados para viver segundo um padrão celestial. Como escreveu o puritano Matthew Henry, “A separação dos santos é seu sinal de distinção e sua coroa; quanto mais se distinguem do mundo, mais próximos estão do céu.”

Também é reafirmada a herança irrevogável do povo de Deus: “Quem pode contar o pó de Jacó?” (Nm 23.10). A imagem evoca as promessas feitas a Abraão, de que sua descendência seria como as estrelas do céu e a areia do mar. O plano de Deus não pode ser frustrado. Quando Ele promete, cumpre. “Deus não é homem para que minta…” (Nm 23.19).

A fidelidade divina é o fio de ouro que entrelaça essa história. E aqui reside nosso consolo. Em meio às crises pessoais, enfermidades e tribulações, somos lembrados de que nossa esperança está ancorada na imutabilidade de Deus. “Cristo é o espelho onde contemplamos a eleição eterna de Deus, e nela temos plena segurança,” afirma Calvino.

Que estejamos dispostos a orar como Balaão, ainda que de forma involuntária ele tenha expressado o desejo mais nobre: “Que eu morra a morte dos justos, e o meu fim seja como o deles!” (Nm 23.10). Que essa seja também a nossa oração.

Oração

Senhor soberano e fiel, nós Te bendizemos porque Tu és imutável em Tua palavra, sábio em Teus desígnios e bondoso em todas as Tuas obras. Em meio às incertezas desta vida, concede-nos a fé que descansa na Tua soberania. Ensina-nos a viver como Teu povo distinto, e a morrer a morte dos justos — em Cristo, nosso Redentor. Em Teu nome oramos. Amém.

No amor de Cristo,

Pr. Alan Kleber

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