
Caros irmãos,
Este Dia do Senhor será um dia de profunda instrução espiritual para nossa congregação. Pela manhã, concluiremos nossa exposição sobre João 15, contemplando a segunda seção desse capítulo, onde Cristo se apresenta como a Videira Verdadeira. À noite, meditaremos em Números 26, um capítulo que fala sobre a morte de uma geração incrédula e a preparação de uma nova geração para conquistar a terra prometida.
Cristo, a Videira Verdadeira
Em João 15, Cristo nos convida a permanecer nele como ramos ligados à videira. Essa imagem não fala apenas de união vital, mas também de frutificação — o grande tema do texto. Nos versículos 7 a 16, Jesus nos mostra que o fruto aparece de diversas formas: amor, alegria, paz, obediência aos seus mandamentos, oração eficaz e missão. Nosso Senhor deixa claro que a vida cristã é sustentada pela comunhão com Ele e com sua Palavra.
A ordem central do texto é “Permanecei em mim”. Permanecer não significa passividade, mas uma vida de confiança contínua em Cristo, de dependência diária, de comunhão constante e de obediência prática. Sem Ele, nada podemos fazer; mas, unidos a Ele, produzimos fruto que glorifica ao Pai. A promessa de Cristo é extraordinária: “Se permanecerdes em mim, e as minhas palavras permanecerem em vós, pedireis o que quiserdes, e vos será feito” (Jo. 15:7).
A oração, quando enraizada na Palavra, torna-se o canal pelo qual a vontade de Deus se manifesta em nós. Assim, nossas petições são moldadas pelo coração do Pai, e nosso fruto se torna visível: vidas transformadas, famílias restauradas, relacionamentos curados e testemunho fiel no mundo.
Cristo encerra esse ensino lembrando-nos de que fomos escolhidos para dar fruto que permaneça (Jo. 15:16). Nossa salvação não é um fim em si mesma, mas uma chamada para missão e serviço. Ele nos amou primeiro, e esse amor nos constrange a amar nossos irmãos, sacrificar-nos uns pelos outros e levar o Evangelho até os confins da terra.
Frutos em uma Nova Geração
À noite, ouviremos uma mensagem em Números 26, um capítulo que, à primeira vista, pode parecer apenas uma longa lista de nomes e números. Mas, na verdade, esse texto fala sobre a transição de uma geração marcada pela incredulidade para outra que está pronta para entrar na terra prometida.
Quarenta anos antes, Deus havia libertado seu povo do Egito e feito um primeiro censo, no Sinai. Mas aquela geração rebelou-se, murmurou contra o Senhor e pereceu no deserto. Agora, no final da peregrinação, um novo censo é feito. O contraste é marcante: todos os homens do primeiro censo, exceto Josué e Calebe, morreram no deserto (Nm. 26:63–65). O deserto se tornou um cemitério porque eles não creram na promessa de Deus.
Apesar do juízo severo, o capítulo termina em esperança. Deus preservou e multiplicou seu povo. Ele manteve viva a promessa feita a Abraão, Isaque e Jacó. Em meio às histórias de pecado e destruição, encontramos um versículo precioso:
“Mas os filhos de Corá não morreram” (Nm 26:11). Essa pequena frase revela a graça de Deus. Embora Corá tenha se rebelado contra Moisés e sido tragado pela terra, seus descendentes foram poupados. Mais tarde, esses filhos escreveriam salmos que ainda cantamos hoje, como os Salmos 42, 47, 85 e 87. O Deus justo também é misericordioso e capaz de reescrever histórias familiares marcadas pelo pecado. Esse capítulo nos lembra de três verdades centrais:
1. A vida cristã é guerra e herança. Assim como Israel marchava como um exército, também somos chamados a lutar a boa batalha da fé (Ef 6:10-18).
2. O pecado traz juízo. Moisés registra histórias de idolatria, rebelião e culto falso como placas de advertência para nós.
3. A graça triunfa. Em meio ao juízo, a misericórdia de Deus resplandece, chamando-nos a confiar em seu perdão e fidelidade.
Unidos pela Palavra
Os dois sermões deste domingo se complementam. João 15 nos mostra que permanecer em Cristo é essencial para frutificar. Números 26 nos alerta que a incredulidade nos faz perecer no deserto. Unidos a Cristo, podemos ser a nova geração que não apenas entra na terra prometida, mas também testemunha do Reino de Deus neste mundo.
Que este Dia do Senhor seja para nós um momento de profunda renovação. Que nossas famílias sejam fortalecidas, nossa comunhão aprofundada e nossa missão revigorada. Que sejamos ramos vivos, produzindo fruto para a glória de Deus.
Oração Final
Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, louvamos-te por nos enxertares em Cristo, a Videira verdadeira. Dá-nos graça para permanecer nele, dependentes de sua vida e sustentados por sua Palavra. Purifica-nos como o lavrador poda os ramos, e faze transbordar em nós o fruto do Espírito.
Senhor, guarda-nos da incredulidade que destruiu a geração do deserto. Forma em nós uma nova geração de crentes, que marche com fé, lute com coragem e espere na herança eterna. Protege nossas famílias, consola os aflitos, cura os enfermos, fortalece os líderes da tua igreja e levanta entre nós testemunhas fiéis do Evangelho.
Dá-nos a alegria de Cristo, a paz que excede todo entendimento e o amor que sacrifica por outros, para que o mundo veja a glória do teu nome em nossas vidas. Faz-nos frutificar, Senhor, para que haja muito fruto — fruto que permaneça — e que em tudo o Pai seja glorificado. Confiados em Tua aliança, oramos como Cristo nos ensinou, dizendo: Pai nosso, que estás nos céus… Amém.
Pr. Alan Kleber