O perfil bíblico para o líder espiritual
Introdução
Nossos dias testemunham uma grande crise de liderança em variados setores da sociedade. Essa crise atinge até a igreja de Cristo e as ocasiões de escolha de pessoas para o exercício da liderança são, geralmente, marcados por grandes confusões. Em sua graça Deus nos providencia auxílio nas Escrituras. Em primeiro lugar, a Bíblia afirma que a liderança na igreja pode ser almejada, pois esta é uma obra boa. Aliás, Paulo diz que ela é uma obra excelente (1Tm 3.1).
Assim como o exercício da liderança em outras áreas da vida, a liderança eclesiástica requer algumas características específicas, previamente declaradas na Palavra de Deus. Em 1 Timóteo 3.1-7, o apóstolo Paulo lista várias dessas qualificações indispensáveis ao líder. Essas qualificações relacionam-se com a reputação, a moral, o temperamento, os hábitos e a maturidade espiritual e mental dele. Sob estas categorias o perfil bíblico do líder pode ser examinado.
- Qualificações Sociais
- Irrepreensível (v. 2) – O líder precisa ser alguém que possua vida acima da censura dos outros, pois sua conduta servirá de exemplo para muitos.
- Tenha bom testemunho dos de fora (v. 7) – Nesse caso, um “bom nome na praça”, um proceder honesto e reconhecido como cristão pelos seus vizinhos, colegas de trabalho e familiares é de suma importância.
- Qualificações Morais
- Marido de uma só mulher (v. 2) – Assim, a conduta moral do líder deve ser inculpável. O líder deve amar verdadeiramente o seu cônjuge.
- Não dado ao vinho, sóbrio (vv. 2-3) – Aquele que aspira a liderança eclesiástica não deve ser controlado pelo vinho, mas deve sempre ser guiado pelo Espírito Santo (cf. Ef 5.18).
- Não violento, cordato, inimigo de contendas (v. 3) – O líder não pode ser uma pessoa “briguenta” nem iracunda. Ao mesmo tempo, ele deve preferir a reconciliação e ser uma pessoa cordata, que sabe falar com gentileza e demonstrar o amor cristão através de suas atitudes. Em outras palavras, ele é um apaziguador dos ânimos.
- Hospitaleiro (v. 2) – Esta é uma característica cada vez mais difícil nas grandes cidades, mas não menos importante na vida do líder. Literalmente, o hospitaleiro é o amigo de estrangeiros, aquele que acolhe as pessoas sob o seu teto. Em outras palavras, na mesa do líder sempre cabe mais um e sua casa sempre está aberta ao necessitado.
- Não avarento (v. 3) – Aquele que é materialista e amante do dinheiro tem grandes dificuldades em contribuir para a obra do Senhor. Logo, o líder não deve ser “pão duro” e nem buscar riquezas desonestamente, mas ter controle sobre o seu ganho.
- Qualificações Mentais
- Temperante (v. 2) – O líder não pode ser um homem explosivo, desgovernado e irrefletido em seus posicionamentos. Ele precisa ter condições mentais de controlar suas emoções, palavras, ações e reações.
- Apto para ensinar (v. 2) – O líder eclesiástico deve ser um estudioso da Palavra de Deus, que comunica com firmeza e amor a sua mensagem aos outros ao seu redor. Dessa forma, ele é sempre um instrutor das “insondáveis riquezas de Cristo” encontradas nas Escrituras.
- Qualificações Domésticas
- Ame o seu cônjuge (v. 2) – Embora já tenhamos comentado a expressão “esposo de uma só mulher”, precisamos enfatizar que o relacionamento do líder com o seu cônjuge é fundamental, pois um casamento desajustado será ponto de acusação por parte de muitos, tanto os de “dentro” da igreja quanto os “de fora”.
- Governe bem a sua casa (vv. 4-5) – É sempre elucidativo observar que Paulo descreve a igreja como a “casa de Deus” (1Tm 3.15). Dificilmente permitiríamos que alguém que não sabe governar a sua casa nos ensinasse a cuidar da nossa. Da mesma forma, para ser um líder na casa de Deus alguém precisa ser um líder espiritual em sua própria casa, cuidando primeiro das ovelhas que estão debaixo de seu teto. Além do mais, Paulo diz que aquele que não cuida dos de sua própria casa “tem negado a fé” (1Tm 5.8).
- Qualificações de Maturidade
- Não seja neófito (v. 6) – O líder eclesiástico não pode ser “novo na fé”. Dessa forma, para se exercer um cargo de liderança na igreja não basta ser culto, comunicativo ou influente. É também necessário que a pessoa que aspira a liderança seja amadurecido e tenha dado provas de seu compromisso com Deus. De outra forma, o cargo pode suscitar a soberba em seu coração e ele pode cair na condenação do diabo.
Conclusão
Certamente o perfil bíblico do líder não é algo facilmente obtido. Aliás, é o mais provável que essas virtudes não sejam todas encontradas, de pronto, no líder cristão. Contudo, é imprescindível que aquele que almeja a liderança cristã tenha a mesma atitude de Paulo revelada nas seguintes palavras: “não que eu tenha já recebido ou tenha já obtido a perfeição; mas prossigo para conquistar aquilo para o que também fui conquistado por Cristo Jesus” (Fp 3.12).
Rev. Alan Kleber