“Eis que eu vos enviarei o profeta Elias, antes que venha o grande e terrível Dia do SENHOR; ele converterá o coração dos pais aos filhos e o coração dos filhos a seus pais, para que eu não venha e fira a terra com maldição” (Malaquias 4.5-6).
Durante os dias da restauração do povo pactual ao Reino de Judá, o profeta Malaquias anunciou uma das grandes marcas de uma verdadeira reforma dada por Deus: ele converterá o coração dos pais aos filhos e o coração dos filhos a seus pais, para que eu não venha e fira a terra com maldição. Essa característica não está em desacordo com a teologia correta, mas depende dela.
Por essa razão, qualquer alardeada “teologia correta” que não alcance esse resultado, ou é falsa teologia, ou o que pode ser chamado de teologia verdadeira apenas no papel. Nosso Senhor Jesus era conhecido como mestre porque ensinava com autoridade, e não como os escribas. Isso não tornava falso tudo o que os escribas diziam. Eles se sentaram na cadeira de Moisés, disse o Senhor. O que eles disseram era suficientemente verdadeiro. Mas, como podemos viver o que ensinamos? Como isso se traduz na aplicação da vida cotidiana?
Por anos, nosso ministério tem uma ênfase particular no casamento, família, criação de filhos, disciplina e educação. Tudo isso se deu não porque esta é uma área onde a teologia é irrelevante, mas, porque é onde a teologia está inegavelmente encarnada. Nossa teologia deve se manifestar por meio das nossas mãos, e o que quer que saia das nossas mãos será a nossa teologia. Portanto, a teologia reformada significa amar sua esposa como Cristo amou a igreja e se entregou por ela. Significa criar seus filhos na disciplina e admoestação do Senhor.
Por anos, temos enfatizado que os pais devem crer em Deus para a salvação de seus filhos, devem amar e nutrir seus filhos de acordo com as promessas pactuais daquele que prometeu amar e salvar não somente a nós, mas também aos nossos descendentes. Temos insistido que os pastores e presbíteros têm uma profunda obrigação diante do Senhor, de liderar a igreja de Cristo nesse caminho; que as qualificações dos presbíteros descritas em 1 Timóteo 3, sobre como administrar bem as suas famílias são ampla e rotineiramente desobedecidas na Igreja; e, que essa reforma não ocorrerá a menos que tudo isso seja abordado de maneira vívida e amada dentro de um lar piedoso.
De modo que, se um homem decora toda a Catecismo Maior de Westminster, mas fala grosseiramente com sua esposa, então, sua teologia é apenas palha, pois a teologia do pacto sempre converge. O pacto não é uma abstração. Ele existe na história e se estende por gerações. Gerações envolvem crianças. E a reforma pactual, portanto, significa… devolver os pais aos filhos. Reforma não significa devolver os pais aos grandes e volumosos livros de teologia – exceto e somente na medida em que Deus usa tal teologia para fazer os pais convergirem para seus filhos. Quando isso acontece, os corações dos filhos se voltam para seus pais.
Então, como saber se um homem é genuinamente reformado? Seus filhos o amam e servem fielmente a Deus? Se os filhos de um homem não o amam, e não amam, adoram e servem fielmente ao seu Deus, e então esse homem se atreve a se envolver em polêmicas teológicas, não devemos nos surpreender quando de repente somos cercados pelo bronze que soa e o címbalo que retine.
Devemos nos empenhar em buscar a reforma teológica e litúrgica, mas ao mesmo tempo, também buscar a reforma familiar como um dos indicadores mais importantes de como estamos vivendo. À medida que o Senhor nos abençoa, continuaremos a fazer isso. O apóstolo Paulo perguntou aos cristãos tessalonicenses:
Pois quem é a nossa esperança, ou alegria, ou coroa em que exultamos, na presença de nosso Senhor Jesus em sua vinda? Não sois vós? Sim, vós sois realmente a nossa glória e a nossa alegria! (1 Tessalonicenses 2.19-20)
A autenticação do ministério deve ser encontrada nas pessoas, e quando um ministro é um homem de família, essa autenticação deve ser encontrada tanto nos filhos pequenos quanto nos filhos adultos que um dia cresceram em sua casa. O ministério bíblico e as qualificações bíblicas para o ministério estão sempre escritos nos corações humanos.
Conclusão
Quão bem-aventurado é o homem que, pela graça de Deus, todo sábado à noite, começa a observar o Dia do Senhor com sua família. Ele e sua casa amam e servem ao Senhor Jesus Cristo de todo o coração. Então, o domingo começa e ele pergunta para seus filhos: “que dia é hoje?”. E eles respondem: “É o Dia do Senhor!”. Depois, sentado à mesa, ele diz: “por que este é o Dia do Senhor?”. E seus filhos dizem: “Porque Jesus ressuscitou dos mortos.” E então, todos estão prontos para ir à Casa de Deus, ele ainda pergunta: “que tipo de dia é hoje?”. E sua esposa responde: “Um dia doce.”
Quando os pais olham para esta exuberante reunião dos santos no interior de sua casa e ao redor de sua mesa, há verdadeiro regozijo porque “Caem-me as divisas em lugares amenos, é mui linda a minha herança” (Salmo 16.6). Tudo isso é graça de Deus, e é isso que declaramos. Observar o amor na conversa, seguir o argumento teológico e o evangelho da pura graça imerecida, são tudo a mesma coisa. E o que tudo isso é para nós? Tudo isso é fé, um maravilhoso dom de Deus, não de obras para que ninguém se glorie.
Em Cristo, o Senhor dos Pactos,
Rev. Alan Kleber