
“Batizado Jesus, saiu logo da água, e eis que se lhe abriram os céus, e viu o Espírito de Deus descendo como pomba, vindo sobre ele. E eis uma voz dos céus, que dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo” (Mateus 3:16-17).
Somos uma nação de filhos bastardos. Mas, o que é um bastardo? Um bastardo é um filho ilegítimo, um filho nascido fora do casamento, um filho sem um pai pactual e, portanto, em certo nível, abandonado e rejeitado por seu pai. O Brasil tem promulgado tudo isso por meio da fornicação em massa, adultério, divórcio e, em sua forma mais violenta, aborto. Infelizmente, até mesmo na igreja, onde geralmente existe muito mais coesão, por vezes há grande tensão e distância em nossas famílias, o lugar onde deveria haver deleite e comunhão.
Essa ausência paterna e estática geracional têm sua raiz na alienação de nosso Pai Celestial. Você não pode rejeitar Deus, o Pai Todo-Poderoso, e acabar em qualquer tipo de lugar feliz. Se há tensão entre pais e filhos, é porque não estamos em plena comunhão com o Pai. A Bíblia diz que “Toda boa dádiva e todo dom perfeito são lá do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não pode existir variação ou sombra de mudança” (Tg. 1:17), e isso inclui o dom de se deleitar em sua família.
Resumo do Texto
O Pai aparece falando diretamente nos evangelhos apenas duas vezes, e em ambas as aparições ele diz basicamente a mesma coisa. A primeira delas é no batismo de Cristo: “Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo” (Mt. 3:17; Mc. 1:11; Lc. 3:22). A segunda é na transfiguração: “Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo” (Mt. 17:5). O que aprendemos diretamente nos evangelhos acerca de Deus Pai é que ele se deleita no seu Filho amado.
Restaurado ao Pai
Em Efésios 3:14-15, o apóstolo Paulo diz: “Por esta causa, me ponho de joelhos diante do Pai, de quem toma o nome toda família, tanto no céu como sobre a terra.” Isso significa que as famílias existem porque Deus é Triúno: Pai, Filho e Espírito Santo. Toda paternidade humana obtém seu significado e propósito de Deus Pai. E quando o Pai se revela, a ideia central que ele deseja que o mundo inteiro saiba é que ele está muito satisfeito com seu Filho amado, Jesus Cristo.
Muitos homens cresceram sem a presença dos pais ou tiveram pais que foram muito duros ou ausentes, e foi justamente por isso que Deus enviou seu único Filho ao mundo:
“ele converterá o coração dos pais aos filhos e o coração dos filhos a seus pais, para que eu não venha e fira a terra com maldição” (Malaquias 4:6).
Essa promessa se cumpriria com chegada do Messias de Israel:
“E irá adiante do Senhor no espírito e poder de Elias, para converter o coração dos pais aos filhos, converter os desobedientes à prudência dos justos e habilitar para o Senhor um povo preparado” (Lucas 1:17).
A disfunção e animosidade da nossa geração são fardos, e quando o pecado não é tratado se torna uma grande maldição. Mas, Cristo veio para suportar a maldição do pecado e curar as gerações marcadas pelo pecado. Ele faz isso tirando nossa culpa e vergonha, nosso Senhor restaura as famílias fundamentalmente nos restaurando a Deus Pai:
“Porque ele [Jesus Cristo] é a nossa paz… Assim, já não sois estrangeiros e peregrinos, mas concidadãos dos santos, e sois da família de Deus, edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, sendo ele mesmo, Cristo Jesus, a pedra angular; no qual todo o edifício, bem ajustado, cresce para santuário dedicado ao Senhor, no qual também vós juntamente estais sendo edificados para habitação de Deus no Espírito.” (Efésios 2:14, 19-22).
Esse Espírito é o mesmo que veio sobre Jesus em seu batismo, o mesmo Espírito que fez o Pai proclamar: “E, porque vós sois filhos, enviou Deus ao nosso coração o Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai! De sorte que já não és escravo, porém filho; e, sendo filho, também herdeiro por Deus” (Gl. 4:6, 7).
Deleitando-se em Seu Povo
Nosso deleite por nosso povo é fundamentado no deleite de Deus por seu povo por meio de seu Filho: “O SENHOR, teu Deus, está no meio de ti, poderoso para salvar-te; ele se deleitará em ti com alegria; renovar-te-á no seu amor, regozijar-se-á em ti com júbilo” (Sf. 3:17). Sofonias não fala sobre Deus se alegrando por um povo perfeito, ele fala de Deus se alegrando por um povo que ele está salvando. Isso não é um amor cego, mas um amor fiel. É um deleite naquilo que é e no que será.
Esta é a base da vida familiar cristã: somos “Os Deleitados” e, portanto, somos “Plenos-de-Deleite”. Nosso Pai está muito satisfeito conosco. Ele se alegra conosco através dos cânticos de louvor e salvação. Por essa razão, seu santo e infinito deleite por nós deve transbordar para os nossos lares. Essa alegria infinita é suficiente para todo cristão, mas aquele “… que acha uma esposa acha o bem e alcançou a benevolência do SENHOR” (Pv. 18:22). Os filhos são a herança do Senhor; eles são sua grande bênção e recompensa (Sl. 127:3-5, Sl. 128). Cristo é a fonte na qual os prazeres de Deus se derramam infinitamente (Sl. 16:11), e se você está em Cristo, esse prazer jorrará de você.
Deleite na Criação
Este deleite não está apenas diretamente em seu povo. Deus também criou um universo que expressa seu deleite, e foi criado para o desfrute de Deus e de seu povo. O deleite é um presente, mas o deleite compartilhado multiplica o presente e nos une. Isso foi parte do ponto de Deus em sua resposta às grandes reclamações de Jó: Deus aponta Jó para suas partes favoritas do universo e o convida a unir-se a ele no governo dos padrões climáticos, cavalgando pelas constelações, cuidando dos corvos, cabras e bois selvagens (38–39), e brincando com os dragões (em Jó 41:1, Leviatã no hebraico é dragão).
Nosso Pai Celestial se deleita em sua obra da criação, e, portanto, esse prazer na obra de Deus deve marcar as famílias cristãs quando trabalha, acampa, pratica esportes, caça e pesca, come e bebe para a glória de seu Criador e Salvador.
Aplicações
1) O centro desse deleite é uma cruz sangrenta onde todos os nossos pecados foram crucificados e esmagados. Isto não é um otimismo humanista, mas, a graça do evangelho. Nossos pecados foram pagos. Nossas dívidas perdoadas. Fomos adotados pelo Pai. Portanto, assim como você foi perdoado, perdoe. Confesse, perdoe, ande na luz. Sem pendências. Sem amargura. Sem pecados ocultos.
2) Essa verdade também é central para a disciplina e correção no Senhor. A disciplina cristã restaura a alegria, o que significa que deve ser sua base fundamental na criação de seus filhos. Pais, seu trabalho é garantir que isso realmente produza paz e alegria para seus filhos (Hb. 12:11).
3) Uma família cristã deve ser marcada por deleite lúdico: nosso trabalho deve ser alegre: tarefas do dia a dia, luta livre, cócegas, piadas, risos, canto, dança, aventuras e jogos. E no meio de tudo isso, muitas palavras de louvor, deleite, gratidão e amor ao nosso Redentor. Por quê? Porque esse é o caminho do seu Pai Celestial.
Em Cristo,
Pr. Alan