Princípios Bíblicos Fundamentais e Gerais

Amada Congregação,

Quando estudamos o sistema de governo da Igreja de Cristo é necessário estabelecer os princípios gerais sem os quais não podemos avançar no aprendizado deste importante assunto. Estes princípios gerais são fundamentais, de forma que, devem ficar bem estabelecidos. Eles precisam ser o nosso ponto de partida. São eles:

1. A igreja não é fruto da criação humana

Não é um clube ou associação que podemos governar e dirigir segundo nossos gostos ou preferências. A igreja não é produto da imaginação humana, mas da vontade soberana de Deus. Nas associações e instituições humanas nós administramos segundo as nossas ideias, contudo, na igreja não funciona assim.

2. Deve-se distinguir a igreja invisível da igreja visível

Quando falamos sobre a igreja visível e a invisível não nos referimos a duas igrejas diferentes, mas a manifestações diferentes de uma mesma igreja. Como assim? A igreja invisível é universal, sendo constituída de todos os eleitos de Deus, estejam onde estiverem. Ela é diretamente governada por Deus, e está fora do governo humano. A igreja visível, entretanto, embora seja também universal, é composta de crentes professos e seus filhos. Estes se congregam em um determinado lugar para adorarem a Deus e são edificados pela pregação da Palavra, pela oração, pela ministração dos sacramentos e pela comunhão com os irmãos. Logo, a igreja visível é institucional, por isso, precisa de governo e organização formais(1).

3. Cristo é o verdadeiro e único cabeça da igreja

Jesus Cristo não é apenas o Salvador da igreja. Ele também é o Senhor da igreja. Cristo é o Rei tanto da igreja invisível, como da visível(2). Tanto no sentido orgânico(3), como no desempenho do seu ofício real Ele tem toda a autoridade sobre o seu povo. O governo da igreja não é democrático como muitos pensam, antes é monárquico, porque está sob o governo e disciplina do Rei dos reis e Senhor dos senhores. Somente a Jesus pertence o direito de legislar com relação ao seu funcionamento, de aplicar esta legislação, de ensinar, de julgar e disciplinar o seu povo (Mt 28.18; 23.8-10; Ef 4.5; 5.23-24; 1Co 12.4-5).

4. Cristo quem designa os governantes e a forma de governo eclesiástico

Se Cristo é o soberano Senhor sobre o seu povo, não estando fisicamente presente, como é que organiza e governa a sua igreja visível? Jesus governa a sua igreja pelo seu Espírito, falando através das Escrituras (a legislação eclesiástica), e, especialmente pela instrumentalidade de oficiais, chamados por Ele, os quais devem governar a igreja de acordo com a forma de governo que Ele mesmo prescreveu nas Escrituras(4).

Jesus havia prometido conferir autoridade eclesiástica a igreja, quando disse a Pedro (na condição de apóstolo) que lhe daria as chaves do reino dos céus (Mt 16:19). Após a sua ressurreição, havendo declarado a sua absoluta autoridade, Ele delegou autoridade espiritual aos apóstolos (Mt 28:19-20). No restante do Novo Testamento nos encontramos a ordem e o registro do exercício do governo eclesiástico de Cristo sobre a igreja, por intermédio dos oficiais por ele escolhidos (Ef 4:11-12).

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(1)Confissão de Fé de Westminster, XXV:i-ii.
(2)Confissão de Fé de Westminster, XXV:vi. Conferir também a Confissão Belga, Art. 29; Os Cânones de Dort, I:7; e o Catecismo de Heidelberg, perguntas 19 e 21.
(3)Cf. Ef 2:20-22; 4:15-16; 5:30; Cl 1:18; 2:19.
(4)Cf. Confissão de Fé de Westminster, XXV:iii.