Toda a história do cristianismo pode ser resumida em dois Adãos. O primeiro Adão, desafiando a Deus no jardim do Éden – como representante de toda a raça humana desobedeceu e mergulhou a humanidade em um estado mortal de pecado e miséria. O segundo Adão, clamando a Deus em oração no jardim do Getsêmani – como representante de todos os eleitos obedeceu até a morte e adquiriu a redenção para todos os que crêem.

A redenção não é um direito, mas uma bênção. Nem todos serão salvos. Embora a queda da humanidade seja universal, a salvação não é. É somente pela fé que estamos unidos a Cristo e participamos em tudo dos benefícios que a Sua salvação realizou. Sem fé, estamos mortos em nossos delitos e pecados. Como Jesus explicou a Nicodemos: “Quem nele crê [em Jesus] não é julgado; o que não crê já está julgado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus” (Jo 3.18).

Mas o que é a verdadeira fé? Qualquer pessoa que já visitou a igreja ouviu muito sobre a fé. Nós somos salvos pela fé (Ef 2.8, 9). Somos sustentados pela fé. Devemos nos examinar para ver se estamos na fé. Nós vamos para o céu com a fé; não podemos ir para outro lugar sem fé. Mas o que é a verdadeira fé? O Catecismo de Heidelberg (1563) dá uma das melhores respostas que poderíamos encontrar em qualquer lugar:

A verdadeira fé é a convicção com que aceito como verdade tudo aquilo que Deus nos revelou em Sua Palavra (Jo 17.3, 17; Hb 11.1-3; Tg 2.19).
É também a firme certeza de que Deus garantiu – não só aos outros como também a mim – perdão de pecados, justiça eterna, e salvação por pura graça e somente pelo méritos de Cristo (Rm 4.18-21; 5.1; 10.10; Hb 4.16; Gl 2.20; Rm 1.17; Hb 10.10; Rm 3.20-26; Gl 2.16; Ef 2.8-10).
O Espírito Santo realiza essa fé em meu coração por meio do Evangelho (At 16.14; Rm 1.16; 10.17; 1Co 1.21). Domingo 7, Pergunta 21.

(1) A verdadeira fé é “conhecimento e convicção”. Aqui temos a mente e o coração da fé cristã. A verdadeira fé é conhecimento: Precisamos conhecer a Deus e entender o Seu evangelho; nós não somos salvos por um Cristo a quem não conhecemos. A fé verdadeira também é convicção: Devemos confiar, abraçar e sentir um pouco da glória do conhecimento que possuímos. Conhecer não é o bastante. A Bíblia diz que até mesmo os demônios têm boa teologia (Tg 2.19). O conhecimento é necessário, mas não é suficiente. Minha fé em Cristo precisa ser experimental.

(2) A verdadeira fé é também “uma garantia profundamente enraizada”. A fé não é arrogante, mas confiante. Devemos ter misericórdia daqueles que duvidam (Jd 22), mas a dúvida não é o objetivo. Não devemos desejar uma fé que está constantemente oscilando perdida em meio as dúvidas do pensamento; a fé deve ser firme, convicta e bem estabelecida em Deus e suas promessas. “A fé é a certeza das coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não vêem” (Hb 11.1).

(3) A verdadeira fé é “criada … pelo Espírito Santo através do Evangelho”. A Genuína confiança em Deus não vem porque somos intelectualmente superiores aos outros, ou porque tivemos a sorte de nascermos com uma personalidade crédula. Possuir uma fé verdadeira é fruto da obra do Espírito de Deus em nós através da audição das boas-novas a respeito de Jesus Cristo. A fé vem pelo ouvir a pregação da Palavra de Cristo (Rm 10.17). A salvação que recebemos pela fé é um dom, e por isso é a própria fé.

(4)A verdadeira fé é humilde. Ela põe fim a todo o orgulho e vanglória sem exceção, na cruz, e afasta qualquer sentimento de mérito próprio, exceto aquele que foi conquistado por Cristo para nós.

(5) A verdadeira fé é pessoal. Fé não é confiar em um princípio abstrato de que Deus é amor, ou de que Jesus morreu na cruz pelos pecadores. A fé é pessoal, é acreditar que Deus me ama, que Jesus morreu por mim. A fé confia em que Deus não enviou o seu Filho apenas para fazer algo maravilhoso para as pessoas lá fora, no mundo. Ele enviou Seu Filho para viver e morrer no meu lugar. A salvação é mais do que um conceito, é uma convicção. A verdadeira fé me leva a acreditar que estou perdoado, reconciliado com Deus, e que eu vou viver para sempre.

Rev. Alan Kleber