“O que faltava para o homem quase bom e quase justo? Jesus lhe disse: “Uma coisa te falta:” Faltava o amor por Deus acima de todas as coisas a ponto de considerar tudo o mais sem valor como “redenção”. Deus é bom, e Sua justiça em Jesus Cristo nos alcança em graça, mediante a fé. Isso é demonstrado unicamente pelo abandono da fé na falsa religião humana (própria ou das seitas) e pela disposição para seguir a Cristo…

Wadislau Martins Gomes (1991)

Até o ateu é religioso. Já pensou nisso? Todos temos alguma espécie de religião. Todos cultuamos deuses, quer sejam figuras do mundo exterior quer sejam deuses do nosso próprio coração. Todos queremos realizar alguma coisa que redima a vida, e que lhe dê sentido e segurança. Alguns querem dinheiro a fim de obter poder ou prazer; outros querem amor a fim de experimentar um sentimento de valor; outros desejam conhecimento a fim de ser bem-sucedidos e alcançar reconhecimento. Não levando em conta o objetivo de cada um, uma coisa é certa: todos temos a mesma motivação: somos seres religiosos em busca de um deus.

A Bíblia fala de uma pessoa que era como nós, e que quase conheceu a Deus: LUCAS 18.18-23.

Uma pessoa quase boa. Um homem de posição se aproximou de Jesus, querendo saber sobre a vida eterna, e disse: ” Bom Mestre . . .”. A resposta de Jesus identificou o seu problema básico: esse homem cria na condição boa de todo ser humano. Por que eu digo condição boa? Porque a natureza original do homem era boa, mas, por causa do pecado, a sua condição não permaneceu assim. Hoje o ser humano é decaído, e isso é mau. Jesus sabia que a condição humana era essa, a de um ser criado por Deus, mas separado dEle por uma escolha moral e, entretanto, em busca de alguém ou algo que o preencha. Por isso Jesus lhe perguntou: “Porque me chamas bom?” Ora, se eu não creio que Deus existe, e que Ele é bom, então passo a pensar que algo ou alguém possa ser bom. Quer eu eleja a mim mesmo como bom quer escolha a outra pessoa quer alguma coisa, estou promovendo a minha própria religião em rebelião contra Deus. Era isso que Jesus queria que aquele homem entendesse: que uma observação do mundo demonstra que a maldade existe e impera, e que, se alguém quer conhecer o bem, tem de se aproximar de Jesus, crendo que Ele é Deus, e que Deus é bom.

Uma pessoa quase justa. Quando Jesus perguntou sobre a vida religiosa do ” homem quase bom”, ele respondeu que sabia os mandamentos: “nao adulterarás, não matarás, não furtarás, não dirás falso testemunho, honra a teu pai e tua mae . . .” e ainda acrescentou que tudo isso tinha observado desde a infância. A razão pela qual Jesus perguntou-lhe isso foi para demonstrar que a justiça humana se baseia numa falsa religião. Jesus lhe perguntou sobre os mandamentos referentes aos relacionamentos interpessoais, ou sejam, os frutos de uma vida justa, a fim de que ele enxergasse a injustiça do coração. As raízes da religião aplicada aos relacionamentos humanos estão no relacionamento com Deus: “não terás outros deuses. . . porque Eu Sou o Senhor teu Deus…” Não havia possibilidade de que esse homem tivesse sequer cumprido os mandamentos relacionais. Ele não era bom o suficiente para nunca ter adulterado no coração, nem odiado (o que é o mesmo que matar), nem usufruído o que não era seu sem o consentimento do outro (o que é comprovado nos jogos de poder emocional dos relacionamentos), nem faltado com a verdade, nem desonrado pai e mãe. Ele era uma pessoa quase justa, mas não segundo a justiça de Deus.

Uma pessoa quase satisfeita. O que faltava para o homem quase bom e quase justo? Jesus lhe disse: “Uma coisa te falta:” Faltava o amor a Deus acima de todas as coisas a ponto de considerar tudo o mais sem valor para realizar a verdadeira “redenção”. Deus é bom, e Sua justiça em Jesus Cristo nos alcança em graça, mediante a fé. Isso é demonstrado unicamente pelo abandono da fé na falsa religião humana (própria ou das seitas) e pela disposição para seguir a Cristo.

Vender tudo e dar aos pobres não era o grande ponto de Jesus, mas seguí-lo. Contudo, Jesus fez ver ao moço quase justo e bom que sua quase bondade e quase justiça não lhe davam a alegria da fé. “Vem e segue me”, disse Jesus. É daí que vem a satisfação da vida, de crer em Deus e em Sua bondade e justiça, e amar mais ao Seu Cristo do que a qualquer outro valor externo ou interno. Quando descobre o amor de Deus e Sua justiça, e se dispõe a seguí-lo, a pessoa encontra o verdadeiro sentido da bondade e da justiça, e recebe de Deus a alegria de viver.

Wadislau Martins Gomes