Muito cristãos herdeiros da Reforma Protestante alegam que é um grande erro batizar crianças. Alguns veem o batismo infantil como um velho ranço do Catolicismo Romano, expressão mais de uma indevida preocupação com a tradição histórica do que com a fidelidade bíblica. A. H. Strong chamou-o de “trapo velho do romanismo”. Alexander Campbell colocou-o entre “as relíquias do Papado”. John R. Rice escreveu que “todas as atuais denominações que utilizam estes costumes o fazem seguindo os católico-romanos”. John Piper afirma que tal prática é “fruto de uma má interpretação da doutrina da aliança”. Paul Washer diz que o batismo infantil foi “o bezerro de ouro da Reforma Protestante”. Infelizmente, tais posições estão extremamente equivocadas.
As igrejas reformadas e presbiterianas consideram o batismo infantil um dever cristão firmemente enraizado nas Sagradas Escrituras. Consideramos que a sua negligência é uma séria falta do dever cristão perante o Senhor da Aliança. Sabe por que?

(1) Porque ambos os Testamentos da Bíblia são igualmente autoritativos como revelação de Deus para o seu povo. Os dois testamentos são vitalmente inter-relacionados. O Novo Testamento é a continuação e a expansão do Antigo Testamento.

(2) Porque Deus estabeleceu a família como palco para a demonstração de sua graça e misericórdia, e para revelar o principio da solidariedade familiar. Pelos séculos de história da aliança, a descendência dos crentes esteve incluída na aliança da graça de Deus e na sua comunidade da aliança. Ela sempre recebeu o sinal da aliança tanto enquanto infantes quanto adultos.

(3) Porque o Novo Testamento não anulou o princípio divinamente instituído da solidariedade familiar. Nem nos autorizou a excluir nossos filhos da comunidade da aliança. Sequer instruiu a comunidade cristã primitiva (composta grandemente por judeus aliancistas) a negar o sinal da aliança aos seus filhos.

(4) Porque o Novo Testamento trata as crianças como membros da comunidade da aliança, traça sermões em termos do principio da solidariedade familiar, e registra ações que exprimem o principio da aliança (i.e., os batismos domésticos).

(5) Porque o batismo assume a função da circuncisão na Nova Aliança. Uma vez que a circuncisão (que retrata as mesmas verdades do batismo) era aplicada aos infantes, por que não deve sê-lo o batismo?

Mas, o que fazer com as objeções mais comuns ao Batismo Infantil? Respondê-las é claro! Abaixo apresentamos os argumentos mais comuns daqueles que são contra o batismo de crianças:

1. Primeiro. “Em nenhuma parte no Novo Testamento podemos ler um claro, expresso, mandamento para batizar crianças”.

• Isto certamente é verdade. Mas como demonstrado anteriormente este seria desnecessário levando em conta a unidade da Palavra de Deus entre o Antigo e o Novo Testamento. Mandamentos expressos não são os únicos válidos; boas e necessárias inferências são autorizadas , também. Por exemplo, onde há explicitamente no Novo Testamento a permissão para mulheres participarem da Ceia do Senhor? Afinal, na instituição original da Ceia, nenhuma mulher estava presente. Em nenhuma parte no Novo Testamento realmente vemos mulheres participando do sacramento. Caso alguém cita o Antigo Testamento para mostrar que as mulheres estavam incluídas nas refeições rituais do Antigo Testamento, o ponto de vista reformado é confirmado. Em relação à inclusão pactual, deveríamos deixar 1500 anos de história de aliança no Antigo Testamento receber seu peso justo nesta consideração.

2. Segundo. A “Circuncisão era para os de sexo masculino apenas; por que os cristãos reformados batizar crianças do sexo feminino?”.

• Apesar de frequentemente ser utilizado contra o batismo infantil, este argumento é falho. Claramente, Lídia é batizada no Novo Testamento (Atos 16:15). Além disso, por boa e necessária inferência incluímos as meninas na administração do sinal da aliança. A Nova Aliança registra uma expansão do privilégio pactual: “Porque todos quantos fostes batizados em Cristo, já vos revestistes de Cristo. Nisto não há judeu nem grego; não há servo nem livre; não há macho nem fêmea; porque todos vós sois um em Cristo Jesus ” (Gálatas 3:27-28). A oposição ao batismo infantil requer uma restrição de privilégio.


3. Terceiro. “O que dizer das muitas crianças dentre os filhos da Aliança crescem e se tornam renegados e não crentes?”.

• A rebelião na Aliança é uma triste possibilidade. Não se dá, porém, apenas como um problema para os que batizam crianças. O que dizer de muitos adultos que são batizados e apostatam e vem a envergonhar a Igreja? Não foi Simão batizado, apesar de logo depois aprendermos que ele não tenha nenhuma parte na fé (Atos 8:13, 21)? Temos a mesma situação no Antigo Testamento com respeito à circuncisão (por exemplo, o filho de Davi, Absalão). Abuso do privilégio não anula o mandato de Deus , apenas intensifica a responsabilidade.


4. Quarto. “Crianças não podem entender o significado do batismo”.

• O mesmo protesto poderia ser apresentado contra a circuncisão, que, não obstante, era aplicado a crianças. O mesmo protesto, de fato, podia ser encampando contra Cristo quando ele mesmo impôs suas mãos nas crianças trouxeram a ele. Deus pode abençoar até aqueles que não entendem?

Há muito tempo, cristãos presbiterianos ou reformados são desafiados a provar biblicamente por que batizam seus filhos. Frequentemente, eles tem jogado na retranca (posição defensiva) quando o tema diz respeito ao batismo infantil. Alguns diriam que essa é a melhor postura tática, porém, outros que a melhor defesa é o ataque. Com isso queremos dizer que ao invés de jogarmos sempre na defesa, deveríamos desafiar os que negligenciam o batismo de seus filhos a apresentar razões que justifiquem, biblicamente, por que deveríamos privar os filhos dos crentes de receberem o batismo.
(Adaptado de “Batismo Infantil: Um Dever do Povo de Deus, de autoria do Dr. Kenneth Gentry Jr. Leia o texto completo em www.monergismo.net.br)

Pr. Alan Kleber