Pergunta:

Prezado Pastor,

É de extrema importância o trabalho que a igreja vêm realizando, e graças a Deus por podermos nos expressar conforme aquilo em que acreditamos. Os estudos, sermões e encontros sobre relacionamento conjugal, pais e filhos, e a busca pelo cônjuge são muito enriquecedores. Mas há uma dificuldade que eu creio que muitos casais encontrem em sua vida comum, a relação com sogros, cunhados, e demais familiares.

Ando procurando por textos que nos instruam a respeito, que abranjam as duas vertentes, mas apenas encontrei algo em sites da Igreja Católica. Como lidar com as cobranças dos pais e sogros? Qual seria a participação dos pais e sogros na vida dos seus filhos casados sem que traga transtornos, pressão, sobrecarga e até o divórcio?

Agradeceria se o senhor pudesse ao menos indicar textos fidedignos e bem fundamentados, pautados na Escritura, que pudessem nos orientar a respeito. Há pais que esperam por demais que seus filhos retribuam a cada uma de suas abnegações enquanto eles ainda eram crianças, há aqueles que acreditam que seus filhos devam realizar seus sonhos e anseios, preencher o vazio…

Resposta:

Querida irmã,

1) Em primeiro lugar, a Bíblia diz: “Por isso, deixa o homem pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne” (Gn 2.24). Quando um homem se casa constitui uma nova família, uma nova casa. A mulher, antes submissa a autoridade de seus pais torna-se auxiliadora idônea do seu marido e somente a ele deve agora submissão no Senhor (Ef. 5.22 ss.).
Obs.: Isso não significa que ela deverá se esquecer da honra devida a seus pais, ou que ele se esquecerá de cuidar e assistir aos seus também, mas que o mais importante para os cônjuges é se dedicarem à construção deste novo lar que se inicia.



(2) É importante, que o novo casal seja independente em todos os aspectos. Exemplos: a) “quem casa quer casa”, b) o marido precisa assumir o pastorado de seu lar e deixar a barra da saia de sua mãe, c) a esposa deve se dedicar ao seu marido e filhos. Se há cobrança ou intromissão da parte dos pais ao novo casal, é preciso impor limites, físicos e afetivos. 



(3) Prioritariamente, o casal deve procurar agradar-se mutuamente: “Mas o que é casado cuida das coisas do mundo, em como há de agradar à mulher… a casada cuida das coisas do mundo, em como há de agradar ao marido” (1Co 7.33-34). Em outras palavras, amamos nossos pais, irmãos e cunhados, mas cada um na sua onda, cada um na sua praia.

Pergunta:

Ok! Os deveres dos casados estão realmente claros na Escritura, mas e quanto aos limites dos pais, quem os imporá: o(a) filho(a) ou o(a) genro/nora? Como agir para superar os conflitos e os mal-entendidos?

Resposta:

Bem, os limites devem ser impostos aos pais e aos sogros por ambos os cônjuges, tendo como base bíblica passagens como as que eu já citei acima. Veja só: 



(1) Se Gênesis 2.24 me ensina que como marido devo deixar pai e mãe e formar uma só carne com minha esposa, eu já tenho base suficiente para dizer aos meus pais o seguinte: “Queridos pais, eu e minha esposa amamos muito vocês. Com muita humildade aceitamos seus conselhos, presentes e até mesmo algum tipo de ajuda que vocês queiram nos dar. Mas, não aceitamos qualquer tipo de intromissão ou ingerência em nosso novo lar. Constituímos uma nova família aos pés da Cruz, e, portanto, a liderança pastoral, conjugal e paternal cabe a mim como marido. Eu e minha esposa somos responsáveis pelo cuidado com a casa e seus detalhes. A criação e ensino dos nossos filhos são da nossa inteira responsabilidade”. Resumindo: Biblicamente falando, cabe a você e a seu esposo determinarem quais serão os limites para todos os seus familiares.



(2) Conflitos e mal-entendidos são causados em sua grande maioria: Por dificuldades de comunicação. Precisamos falar a verdade em amor e dizermos o que estamos pensando. Meus pais ou sogros precisam entender que não têm mais domínio sobre mim ou minha esposa. Isso pode ser muito difícil no começo, mas com muita humildade e oração precisamos dizer isso com palavras e muito mais, com atitudes. Não adianta eu falar que sou marido/pai, mas na prática sempre depender financeiramente dos meus pais/sogros. Por isso acho importante que os noivos morem em sua própria casa e de preferência bem longe (risos). Essa ruptura, inicialmente marcante, revelará ao final que os laços familiares jamais se romperam, antes cresceram com uma nova família da aliança.


Conclusão

Se a Bíblia não for observada nesse quesito, certamente virão os transtornos, as desavenças, sobrecargas e até mesmo o divórcio, um triste caminho pelo qual muitos tem entrado. O divórcio parece ser, mas não é a melhor solução. O casal que toma essa decisão radical rompendo a sua união, só demonstrará a dureza de corações cheios de amargura, orgulho e vaidade. Cristo, em sua Palavra sempre nos revela um caminho melhor, o da cruz!



Fraterno abraço,


Pr. Alan Kleber
(Texto adaptado de uma resposta dada a uma pessoa anônima em um blog que assinava com outros pastores)