Pergunta 96. O que é a Ceia do Senhor?
R. A Ceia do Senhor é o sacramento no qual, dando-se e recebendo-se pão e vinho, conforme a instituição de Cristo, se anuncia a sua morte, e aqueles que participam dignamente tornam-se, não de uma maneira corporal e carnal, mas pela fé, participantes do seu corpo e do seu sangue, com todas as suas bênçãos para o seu alimento espiritual e crescimento em graça.
Ref. 1Co 11.23-26; At 3.21; 1Co 10.16.

P. 1. Por cuja autoridade é instituída e nomeada a Ceia do Senhor?
R. Pela autoridade soberana de Cristo, o Rei da igreja, e não pelo vontade do homem; 1Coríntios 11.23: “Porque eu recebi do Senhor o que também vos entreguei: que o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão”.

P. 2. De que partes este sacramento consiste?
R. Consiste em duas partes; Uma terrena e visível, a saber, pão e vinho; A outra espiritual se torna invisível, o corpo e o sangue de Cristo; 1Coríntios 10.16: “Porventura, o cálice da bênção que abençoamos não é a comunhão do sangue de Cristo? O pão que partimos não é a comunhão do corpo de Cristo?”

P. 3. Como essas coisas terrestres e celestiais se tornam um sacramento?
R. Com a palavra da instituição e a benção que vem de Cristo sobre eles; 1 Coríntios 11.23-25: “Porque eu recebi do Senhor o que também vos entreguei: que o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão; e, tendo dado graças, o partiu e disse: Isto é o meu corpo, que é dado por vós; fazei isto em memória de mim. Por semelhante modo, depois de haver ceado, tomou também o cálice, dizendo: Este cálice é a nova aliança no meu sangue; fazei isto, todas as vezes que o beberdes, em memória de mim”.

P. 4. Quando Cristo ordenou e instituiu este sacramento?
R. Ele instituiu na mesma noite em que foi traído; 1 Coríntios 11.23: “… O Senhor Jesus, a mesma noite em que foi traído, tomou pão”. Não poderia ser mais cedo, porque a páscoa deve ser celebrada pela primeira vez, e, pela instituição deste, ab-rogada; Não mais tarde, pois logo depois foi preso.

P. 5. O que o tempo de sua instituição nos ensina?
R. Ele nos ensina, quão grande é o cuidado e o amor de Cristo para com o seu povo, que Ele faz em sua ordenança tal provisão para o nosso conforto, embora ele soubesse que sua própria agonia amarga estava iminente.

P. 6. Qual é o uso geral e o fim deste sacramento?
R. É confirmar, selar e ratificar a nova aliança aos crentes; 1 Coríntios 11.35: “Este cálice é a nova aliança no meu sangue; fazei isto, todas as vezes que o beberdes, em memória de mim”.

P. 7. Quais são os fins particulares e os usos deste sacramento?
R. O primeiro fim particular e uso dele, é, para relembrar a Cristo e seus sofrimentos; 1 Coríntios 11.24-25: “… fazei isto em memória de mim”.

P. 8. Que tipo de lembrança de Cristo está entendida aqui?
R. Não é uma mera lembrança especulativa, mas um coração afetuoso, como o de Pedro, Mateus 26.75: “Então, Pedro se lembrou da palavra que Jesus lhe dissera: Antes que o galo cante, tu me negarás três vezes. E, saindo dali, chorou amargamente”. Ou de José, Gênesis 43.29-30: “José se apressou e procurou onde chorar, porque se movera no seu íntimo, para com seu irmão; entrou na câmara e chorou ali”.

P. 9. O que significa esta finalidade do sacramento?
R. Implica nisso: Que o melhor do povo de Deus é muito capaz de esquecer Cristo e o que Ele suportou e sofreu por eles.

P. 10. O que mais isso implica?
R. Implica isso: Que ninguém, senão aqueles que têm o conhecimento salvador de Cristo, e que tiveram conhecimento anterior com Cristo, são aptos a essa ordenança; Pois ninguém pode se lembrar do que nunca conheceu; 1 Coríntios 11.28: “Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e, assim, coma do pão, e beba do cálice”.

P. 11. Qual é o segundo uso particular e a finalidade deste sacramento?
R. É representar Cristo aos crentes, como um sinal apto dele e da sua morte; E que ambos sejam memoráveis, significativos e instrutivos.

P. 12. Como é um sinal memorável de Cristo?
R. Ele traz em Cristo à nossa lembrança, como a sua morte e amargos sofrimentos estão representados para nós, pelo partir do pão e derramamento de vinho; 1 Coríntios 11.26: “Porque, todas as vezes que comerdes este pão e beberdes o cálice, anunciais a morte do Senhor, até que ele venha”.

P. 13. Como é uma ordenança significativa?
R. É uma ordenança significativa, não só como representa os sofrimentos de Cristo, mas a união de crentes com ele como o Cabeça, e entre si como membros de seu corpo; 1 Coríntios 10.16-17: “Porventura, o cálice da bênção que abençoamos não é a comunhão do sangue de Cristo? O pão que partimos não é a comunhão do corpo de Cristo? Porque nós, embora muitos, somos unicamente um pão, um só corpo; porque todos participamos do único pão”.

P. 14. Em que sentido é um sinal instrutivo?
R. É um sinal instrutivo em diversos aspectos; Em primeiro lugar, como nos ensina, que Cristo é o único pão nutritivo pelo qual nossas almas vivem; João 6.51.1: “Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém dele comer, viverá eternamente; e o pão que eu darei pela vida do mundo é a minha carne”. E, em segundo lugar, como nos instrui, que o Novo Testamento está agora em pleno vigor, através da morte de Cristo, o Testador; Hebreus 9.16-17: “Porque, onde há testamento, é necessário que intervenha a morte do testador; pois um testamento só é confirmado no caso de mortos; visto que de maneira nenhuma tem força de lei enquanto vive o testador”. Assim, – no Novo Testamento encontramos – muito do Autor, da natureza e da finalidade da Ceia do Senhor.

An Exposition of the Assembly’s Shorter Catechism by John Flavel (1627-1691)
www.shortercatechism.com
Tradução: Pr. Alan Kleber Rocha