Introdução

O membro da Igreja de Cristo goza de muitos privilégios. Contudo, tais privilégios implicam em deveres para com os oficiais da igreja, seus irmãos, e para com o mundo em geral.

1. O principal dever de todo cristão é “viver de acordo com a doutrina e prática da Escrituras Sagrada”, como prescreve a nossa Constituição (Constituição da Igreja Presbiteriana do Brasil, Art. 14, alínea a). Passagens bíblicas importantes nos ensinam que este modo digno da vocação cristã é o prescrito nas Escrituras (ver Cl 1.10 e Ef 4.1)

2. É dever fundamental de cada membro de uma igreja local, congregar-se, reunir-se para cultuar a Deus em todas as reuniões da igreja, desde que possível. Mas lembre-se: a exceção não pode se tornar regra. O cristão deve ordenar suas obrigações de maneira tal, que este compromisso maior não venha a ser negligenciado. Somos livres no sentido de frequentar esta ou aquela congregação, mas obrigados no sentido em que nenhum crente pode deixar de congregar-se (cf. Hb 10:24-25). Se falhamos neste dever básico, nos privamos dos meios de graça e privamos os demais irmãos de desfrutarem da nossa comunhão.

3. É dever de todo cristão utilizar diligentemente os meios de graça comunicados por Jesus Cristo, para a sua edificação pessoal e daqueles que estão sob a sua responsabilidade. Isto inclui especialmente: (a) a participação aos cultos públicos, (b) a leitura da Palavra, (c) a oração, (d) a leitura de bons livros, (e) a meditação, etc. Precisamos do Pão da Vida e da Água da Vida. Nos alimentarmos diariamente da Palavra de Deus, recorrermos a presença de Deus em oração, ocuparmos nossa mente com as coisas do alto e com tudo o que é agradável a Deus é indispensável.

4. Servir a igreja com os dons que Cristo conferiu a cada um, também é dever de todo cristão. O exercício dos dons espirituais deve ser feito com humildade, na diversidade, mantendo a unidade, para a edificação da igreja (Rm 12, 1 Co 12, Ef 4, 1 Pd 4). Lembre-se: A igreja local não é mera instituição, é um organismo vivo, um corpo, e como tal, seu crescimento e maturidade depende de cada membro. O serviço do crente precisa ser desempenhado nas relações e circunstâncias em que Deus o colocar: marido, mulher, pais, filhos, presbíteros, diáconos, trabalho, escola, etc.
O sacerdócio universal de todos os crentes trás consigo as seguintes implicações: (1) Que toda vocação é sagrada; (2) Que nossa vida é um culto para a glória de Deus; (3) Que todas as nossas relações são ministeriais: somos chamados para servir. Por isso, devemos buscar as relações e profissões nas quais podemos ser mais úteis. Deus também confere dons espirituais a cada membro da igreja com o propósito de edificar o corpo de Cristo. Portanto, todos têm a obrigação de exercer com diligência seus dons para o crescimento espiritual da igreja, a promoção do reino de Deus neste mundo, tudo para a glória de Deus.

5. Finalmente, é dever de todo o cristão, submeter-se, respeitar, encorajar e apoiar os oficiais, desde que estes permaneçam fiéis às Escrituras. Diversos textos apontam para este dever. Vejamos os principais:
“Agora vos rogamos, irmãos, que acateis com apreço os que trabalham entre vós, e os que vos presidem no Senhor e vos admoestam; e que os tenhais com amor em máxima consideração, por causa do trabalho que realizam” (1 Ts 5:12-13).
“Obedecei aos vossos guias, e sede submissos para com eles; pois velam por vossas almas, como quem deve prestar contas, para que façam isto com alegria e não gemendo; porque isto não aproveita a vós outros” (Hb 13:17).
“Devem ser considerados merecedores de dobrados honorários os que presidem bem, com especialidade os que se afadigam na palavra e no ensino. Pois a Escritura declara: Não amordaceis o boi, quando pisa o grão. E ainda: O trabalhador é digno do seu salário” (1 Tm 5:17).

Concluindo, nossa Confissão de fé resume os deveres dos membros da igreja na comunhão dos santos, nos seguintes termos:
Todos os santos… estão obrigados ao cumprimento dos deveres públicos e particulares que contribuem para o seu mútuo proveito, tanto no homem interior, como no exterior. Os santos são, pela profissão de fé, obrigados a manter uma santa sociedade e comunhão no culto a Deus e na realização de outros serviços espirituais que contribuam para a sua mútua edificação, bem como socorrer uns aos outros em coisas materiais, segundo as várias habilidades e necessidades; esta comunhão, conforme Deus oferecer ocasião, deve estender-se a todos aqueles que, em todo lugar, invocam o nome do Senhor Jesus (Confissão de Fé de Westminster, XXV, I, II).

Pr. Alan Kleber