Texto Bíblico: Ageu 1:1-15

Introdução
Ageu (seu nome quer dizer “Aquele que festeja”) profetizou durante o período de desolação na história de Judá. Ele e outro profeta chamado Zacarias iniciaram seus ministérios em 520 a.C., “no segundo ano do rei Dario” (Ag 1.1; Zc 1.1). O povo de Deus tinha retornado em 538 a.C., e começado a reconstrução do templo. Após a euforia inicial, as dificuldades externas e internas fizeram o povo desistir da obra (Ed 1.1-4) por mais ou menos 17 anos.
Foi neste cenário que Ageu e Zacarias fizeram seu trabalho profético. Sabemos pouco sobre Ageu. Ele tinha provavelmente, cerca de oitenta anos de idade quando profetizou no período de agosto a dezembro do ano 520 a.C. É possível que Ageu tenha sido um daqueles exilados que viram o glorioso templo de Salomão. Hoje veremos por que é importante estudar o Livro de Ageu.

I – Que proveito há em estudar Ageu hoje?

Por pelo menos seis razões:

(1) Encontramos nele a continuidade da história da salvação do povo de Deus. A reconstrução do Templo e a restauração da linhagem do Rei Davi prefiguraram a habitação do Messias entre os homens trazendo juízo e salvação, como também o cumprimento profético de que da Raiz de Davi reinaria o último e perfeito Rei-Salvador, Jesus Cristo. Deus tem o seu calendário, o dia e a hora exata para agir (Ag 1.1). Quando Ele age em favor de seu povo, quem o impedirá?

(2) Somos encorajados a enxergar que, assim como no passado Deus trabalhou por seu povo, certamente estará conosco hoje. “Ora, pois, assim diz o SENHOR dos Exércitos: Considerai o vosso passado” (Ag 1.5). Nos dias de Ageu, o povo foi exortado a lembrar o que viveram em obediência (dias de glória e prosperidade) e perderam em desobediência (sofrimento, exílio, escravidão, morte). O retorno à Jerusalém representava restauração e renovação da aliança de Deus com seu povo pactual. Ele, o SENHOR dos Exércitos, inclina o coração dos seus servos ao temor, obediência e serviço, fé e esperança. “Então, Zorobabel, filho de Salatiel, e Josué, filho de Jozadaque, o sumo sacerdote, e todo o resto do povo atenderam à voz do SENHOR, seu Deus, e às palavras do profeta Ageu, as quais o SENHOR, seu Deus, o tinha mandado dizer; e o povo temeu diante do SENHOR” (Ag 1.12).

(3) O Reino de Deus sempre vem em primeiro lugar. Nós somos lembrados de como podemos nos tornar complacentes e presunçosos em nossas rotinas, não definindo biblicamente quais as nossas prioridades quando o assunto é fazer a vontade de Deus. “Assim fala o SENHOR dos Exércitos: Este povo diz: Não veio ainda o tempo, o tempo em que a Casa do SENHOR deve ser edificada. Veio, pois, a palavra do SENHOR, por intermédio do profeta Ageu, dizendo: Acaso, é tempo de habitardes vós em casas apaineladas, enquanto esta casa permanece em ruínas?… Esperastes o muito, e eis que veio a ser pouco, e esse pouco, quando o trouxestes para casa, eu com um assopro o dissipei. Por quê? — diz o SENHOR dos Exércitos; por causa da minha casa, que permanece em ruínas, ao passo que cada um de vós corre por causa de sua própria casa” (Ag 1.2-4; 9).

(4) Aprendemos que a obediência envolve muito mais do que boas intenções. A obediência é uma chamada à ação. “Assim diz o SENHOR dos Exércitos: Considerai o vosso passado. Subi ao monte, trazei madeira e edificai a casa; dela me agradarei e serei glorificado, diz o SENHOR” (Ag 1.7-8).

(6) Somos ensinados que servimos ao SENHOR dos Exércitos, e não a um falso deus produzido por nossa imaginação e enganoso coração. Deus não abençoará aqueles que se preocupam com suas casas e se esquecem do seu Redentor. Ouvir e não agir é construir sua vida sobre a areia: “Acaso, é tempo de habitardes vós em casas apaineladas, enquanto esta casa permanece em ruínas? Ora, pois, assim diz o SENHOR dos Exércitos: Considerai o vosso passado. Tendes semeado muito e recolhido pouco; comeis, mas não chega para fartar-vos; bebeis, mas não dá para saciar- vos; vestis-vos, mas ninguém se aquece; e o que recebe salário, recebe-o para pô-lo num saquitel furado” (Ag 1.4-6).

(7) Finalmente, Ageu nos mostra que podemos viver com esperança, sabendo que o nosso Deus, Ele mesmo é a nossa garantia. Ele cumprirá todos os seus propósitos pactuais para com seu povo. Seu caráter e poder revelados na Palavra garantem tudo isso. “O SENHOR despertou o espírito de Zorobabel, filho de Salatiel, governador de Judá, e o espírito de Josué, filho de Jozadaque, o sumo sacerdote, e o espírito do resto de todo o povo; eles vieram e se puseram ao trabalho na Casa do SENHOR dos Exércitos, seu Deus, ao vigésimo quarto dia do sexto mês”.

II – Aplicando o que vimos

1. Quantas vezes nossa obediência é determinada muito mais pelas circunstâncias do que pela nossa confiança no Senhor? Lembre-se de Daniel no exílio. Mesmo após ficar sabendo do decreto do Rei Dario, ele não deixou de orar diariamente em direção a Jerusalém (Leia Dn 6). Nossa vida neste mundo deve ser guiada pela fé e não por vista.

2. Assim como os crentes dos dias de Ageu, enviados para Jerusalém a fim de reconstruir a Casa do Senhor encontraram tempo e energia para fazer muito por si mesmos (v.4), não é justamente assim que muitas vezes também esquecemos nosso propósito no plano de Deus e gastamos muito mais tempo e energia construindo nossas próprias casas?

3. O Livro de Ageu nos adverte contra os perigos de uma vida cristã egocêntrica. Como posso saber disso? Basta verificar o seguinte: se você obedece a Deus e serve ao seu próximo somente quando é beneficiado, certamente você vive para si mesmo e não para Cristo.

4. Por fim, quantas vezes nos esquecemos quem é o nosso Deus? Basta um simples desapontamento ou até mesmo uma provação mais forte, e esquecemos quem está conosco no barco, sim, o mesmo Jesus que acalmou a tempestade, e assim como os discípulos perguntamos: “Quem é este que até os ventos e o mar lhe obedecem?”. Lembre-se: O SENHOR dos Exércitos sempre estará conosco. Ele é a nossa garantia. Portanto, viva com esperança, medite sobre o seu passado e louve ao Senhor pelo que Cristo fez na Cruz por seu povo.

“Que bênção é quando testemunho fiel é assim recebido! Às vezes acontece que as pessoas ficam com raiva, e odeiam o pregador que muito claramente repreende-os por seus pecados; mas quando o Espírito de Deus opera dentro deles, eles tomam atenção ao que é dito, e recebem a mensagem do pregador como do próprio Deus” (Charles Spurgeon).

Pr. Alan Kleber