Texto Bíblico: Ageu 2.7-9

Introdução

Outro terrível mal que sempre acompanhou os filhos de Deus se chama “ansiedade”. Esta sempre acomete os crentes em geral, antecedendo momentos de perigo real ou imaginário, e é marcada por alterações em seu sistema nervoso, o que provoca sensações de vazio no estômago, batimentos cardíacos acelerados, temores e tremores intensos, aperto no peito, aquela “suadeira” fria e tantas outras disfunções em nossa frágil estrutura. Aprenderemos hoje com o Livro de Ageu, como as promessas de Deus são um verdadeiro lenitivo para a nossa ansiosa preocupação pela vida.

Promessa nº 1 – O Senhor abalará as Nações (v.7)

Os pós-exilados se perguntavam excessivamente sobre o futuro, e isso trazia consequentemente ansiedade e nervosismo. Deus então lhes prescreve o remédio certo para suas almas: Suas mentes necessitavam estar fixas sobre o que Deus havia prometido para eles:

“… farei abalar todas as nações…”

A referência ao tempo no Egito (v.5) foi um lembrete histórico da ação de Deus na história de seu povo. Seu trabalho no passado é um incentivo maravilhoso para o presente: “Pois assim diz o SENHOR dos Exércitos: Ainda uma vez, dentro em pouco, farei abalar o céu, a terra, o mar e a terra seca; farei abalar todas as nações…” (vv.6-7a). Os terremotos frequentemente retratados na Bíblia são um claro sinal do juízo de Deus sobre as nações (cf. Am 1.1; 8.8, 9-15, Is 2.13-21; 13.13; 29.6; Jl 3.16; Ez 38.20).

Promessa nº 2 – O Senhor encherá de Glória a sua Casa (v.7 )

“… e as coisas preciosas de todas as nações virão, e encherei de glória esta casa, diz o SENHOR dos Exércitos”

O SENHOR dos Exércitos prometeu que “as coisas preciosas de todas as nações” viriam para Jerusalém. Em um sentido imediato os gentios são vistos como tendo um papel a desempenhar na realização dos propósitos de Deus, trazendo a sua riqueza em homenagem a Ele. É interessante notar que após esta profecia, o Rei Dario lançou provisões para a Casa do Senhor:

“Então, Tatenai, o governador daquém do Eufrates, Setar- Bozenai e os seus companheiros assim o fizeram pontualmente, segundo decretara o rei Dario. Os anciãos dos judeus iam edificando e prosperando em virtude do que profetizaram os profetas Ageu e Zacarias, filho de Ido. Edificaram a casa e a terminaram segundo o mandado do Deus de Israel e segundo o decreto de Ciro, de Dario e de Artaxerxes, rei da Pérsia. Acabou- se esta casa no dia terceiro do mês de adar, no sexto ano do reinado do rei Dario” (Esdras 6.13-15).

Quinhentos anos depois, Herodes o Grande fez o mesmo quando ordenou a ampliação e remodelamento do templo. A profecia portanto se cumpriria, eis a razão porque o crentes não deveriam ficar ansiosos.
Ele também prometeu, em um sentido mais amplo e completo encher de glória seu verdadeiro templo. As expressão “… e as coisas preciosas de todas as nações virão”, também aponta os eleitos de todas as nações, os gentios que Deus escolheu na eternidade e de antemão predestinou. O SENHOR dos Exércitos iria aumentar a glória do verdadeiro templo, que é a Igreja.

Promessa nº 3 – O Senhor dará Paz para seu Povo (vv. 8-9)

“Minha é a prata, meu é o ouro, diz o SENHOR dos Exércitos. A glória desta última casa será maior do que a da primeira, diz o SENHOR dos Exércitos; e, neste lugar, darei a paz, diz o SENHOR dos Exércitos”

1. Minha é a prata, meu é o ouro. Em um sentido temporal, os judeus precisavam lembrar de que todo o ouro e prata pertenciam ao Senhor e que portanto, nada seria demasiado difícil para o SENHOR dos Exércitos. Deus iria prover tudo o que fosse necessário para que a sua vontade se cumprisse.
2. A glória desta última casa será maior do que a da primeira. Em uma visão a longo prazo, as promessas de Deus fariam seu povo olhar para o futuro sem nenhuma ansiedade, porque a maior glória do templo viria com Cristo (Lucas 2:25-35).
3. E, neste lugar, darei a paz. Em última análise, Deus daria um lugar de descanso para seu povo através de Cristo. Foi justamente no Templo, que Simeão encontrou a verdadeira consolação para sua alma quando:
“Movido pelo Espírito, foi ao templo; e, quando os pais trouxeram o menino Jesus para fazerem com ele o que a Lei ordenava, Simeão o tomou nos braços e louvou a Deus, dizendo: Agora, Senhor, podes despedir em paz o teu servo, segundo a tua palavra; porque os meus olhos já viram a tua salvação, a qual preparaste diante de todos os povos: luz para revelação aos gentios, e para glória do teu povo de Israel” (Lucas 27-32)

Aplicações

1. O povo de Deus não deve andar ansioso, pois, o futuro pertence totalmente ao SENHOR dos Exércitos, e Ele reorganizará todas as coisas e estabelecerá seu reino sobre a terra (cf. Mt 6.25-34).
2. À luz das profecias da Bíblia, não podemos deixar de ver o tom claramente messiânico desta passagem. Certamente há uma ênfase sobre as nações que vêm a Cristo. “As nações virão, e trarão com elas tudo o que é precioso, a fim de consagrá-lo ao serviço de Deus” (Calvino).
3. Assim como nos dias de Ageu, nós somos chamados a fazer a Obra do Senhor confiados em sua provisão: “Trazei todos os dízimos à casa do Tesouro, para que haja mantimento na minha casa…” (Ml 3.10a). Por vezes, a Missão da Igreja não avança, pelo menos por duas razões: 1. Desobediência, quando deixamos de trazer nossos dízimos e ofertas à Casa do Senhor. 2. Incredulidade, quando preocupados com nossos bolsos não investimos na expansão do Reino por falta de confiança na providência divina. A Bíblia diz: “… e provai-me nisto, diz o SENHOR dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu e não derramar sobre vós bênção sem medida”(Ml 3.10b).
4. O Senhor prometeu que daria paz (no hebraico, “shalom”) a seu povo. De acordo com a Bíblia, o sentido pleno e real da palavra paz, o shalom de Deus para seu povo só pode ser experimentado em Cristo: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como a dá o mundo. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize” (Jo 14.27).

Conclusão

Nada que construímos nesse mundo – família, bens, trabalho – aparte de Deus é duradouro. Um dia, o transitório será substituído pelo eterno. Deus removerá aquilo que é temporal e estabelecerá no Dia Final o Reino de Cristo em sua plenitude (cf. Hebreus 12.25-29).

Pr. Alan Kleber