A Igreja Presbiteriana do Brasil (IPB) não possui o “candidato dos presbiterianos” para representa-la junto aos poderes executivo ou legislativo. Mas por quê? Porque a IPB entende que todo o cristão é livre para escolher seus candidatos sem nenhuma pressão ou imposição religiosa.

Desse modo, os líderes governamentais não devem legislar ou trabalhar em prol de um segmento (religioso ou social), mas sendo fiéis ao pacto federativo, o Presidente, governadores, deputados e senadores devem buscar atender os interesses da República, visando o bem de todos os cidadãos.

Contudo, assim como nas demais áreas da vida cristã é dever da Igreja de Cristo e seus pastores usarem a Escritura para ensinar e orientar os fiéis sobre o exercício da cidadania através da escolha correta e coerente daqueles que governarão a sua cidade, seu Estado e o nosso País.

A relação entre o Cristão e a Política carece de instrução e esclarecimento. Digo isso, porque não são poucas as dúvidas nessa área. Dentre elas, encontramos a legitimidade ou não, sobre pastores evangélicos concorrerem ao pleito eleitoral.

De acordo com a Folha de São Paulo, 569 dos mais de 28 mil candidatos inscritos nesta eleição incorporaram algum título religioso ao seu nome de urna com o intuito de conquistar cargos de deputado estadual ou federal, Senado, governo e Presidência. As designações prediletas são pastor, missionário e irmão e suas inflexões femininas (https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/08/em-bloco-menos-branco-e-feminino-569-candidatos-usam-nome-religioso-nas-urnas.shtml).Somente em Sergipe, 17 candidatos incluíram nomes ligados a religião na urna.

Por isso, durante o mês de setembro trabalharemos uma série de pastorais sobre “O Cristão e a Política” na tentativa de instruir, esclarecer, tirar dúvidas e levar você a refletir sobre diversos temas relacionados ao momento em que estamos vivendo, o das eleições para presidente, governador, senadores e deputados estadual e federal. Então, vamos à primeira pergunta:

É certo o cristão votar em pastores que se candidatam a cargos públicos? Por quê?

Resposta:

Não. Em primeiro lugar, porque o Novo Testamento não menciona como parte do ministério pastoral o envolvimento do pastor com cargos públicos.

Em segundo lugar, porque o chamado pastoral é o da liderança espiritual e não o da militância política. A Bíblia afirma que a liderança na igreja pode ser almejada, porque esta é uma obra excelente (1Tm 3.1).

Terceiro, porque a grande questão não é se Deus pode chamar ou não cristãos para a vocação política, mas se Ele vocaciona pastores para o palanque ou para os púlpitos, pois aquele que é chamado para ser pastor:

(1) Deve ser apto para pregar e ensinar o Evangelho aos homens;
(2) Dedicar-se à oração e estudo das Escrituras;
(3) Visitar os enfermos e aconselhar as ovelhas do nosso Senhor Jesus Cristo.

A citação do reformado holandês Abraham Kuyper como um exemplo de pastor que se engajou na militância política, chegando a se tornar o Primeiro-Ministro de seu país, é sempre um argumento utilizado por alguns pastores candidatos (pelos menos os mais instruídos). O que muitos deixam de dizer, foi que Kuyper se licenciou para isso, não usando o seu ofício pastoral como trampolim eleitoral.

Infelizmente, muitos pastores estão trocando a sua vocação como embaixadores do Rei dos reis pela política, e isso não é bom. O argumento? “Como político poderei exercer uma influência ainda maior, lutando pelos interesses do povo de Deus”. Esses pastores insultam a Deus porque consideram o ministério da reconciliação que Jesus lhes confiou menos importante.

Portanto, todas as vezes que você se sentir inclinado a votar em um homem que se diz pastor, lembre-se que o nosso Senhor Jesus Cristo, abdicou de sua glória para pastorear as suas ovelhas. Deus tomou o seu único Filho e o fez um pregador. Satanás lhe ofereceu todos os reinos do mundo, mas Ele continuou firme em seu propósito de pregar o Reino de Deus aos homens.

Quando Ele retornou a presença do Pai, após a sua ressurreição, levou cativo o cativeiro e concedeu dons aos homens, fazendo muitos “… pastores e mestres”, líderes espirituais que vivem o dia-a-dia da igreja com a finalidade de aperfeiçoar os crentes e edifica-los (Ef 4.11-13). A verdade é que se alguém diz ser pastor, mas deseja a política, nunca compreendeu a sublimidade do ministério pastoral.

Pr. Alan Kleber