No domingo passado vimos que, biblicamente falando, não faz parte das atribuições de um pastor abdicar de seu ministério para dedicar-se à política. O maior dever de um pastor é pastorear o rebanho de Deus através da pregação. Li certa vez (não lembro bem onde…) que a sublimidade do ministério pastoral levou o presidente americano Abraham Lincoln a repreender um jovem pastor que o admirava tanto como estadista que se sentiu inclinado a seguir a carreira política abandonado com isso o ministério pastoral.

Lincoln disse que ficaria muito triste se o jovem pastor trocasse a honra de ser um representante de Cristo pela terrena preocupação que ocupa a vida daqueles que representam os interesses dos homens. A grande verdade é que pastores deveriam influenciar políticos, e não políticos os pastores.

Muito bem, vamos então a pergunta de hoje:

À luz da Bíblia, o que seria um voto ético?

Resposta: Boa pergunta. A palavra “ética” significa o modo correto de se fazer algo ou alguma coisa. Como cristãos o nosso manual de comportamento ou ética é a Bíblia, a Palavra de Deus. Abraham Kuyper certa vez disse: “Não há nem um centímetro quadrado em todo o domínio da nossa existência humana sobre o qual Cristo, que é soberano sobre todas as coisas, não diga: ‘Meu’”. Ele também disse que: “O medo da política… não é cristão e nem é ético”.

Se Deus em sua Palavra exige de nós não apenas uma parte da nossa vida ou pensamentos, mas todo o nosso coração, logo compreendemos que não existe nada que pensemos, falemos ou pratiquemos que possa fugir da ética segundo os seus mandamentos.

Portanto, isso inclui o meu voto que também é um testemunho daquilo que creio como cristão ser o exercício da minha cidadania à luz dos valores do Reino de Cristo. Então, quais são as implicações práticas do voto biblicamente ético? Quero apresentar a você pelo menos três razões:

(1) O voto é intransferível e inegociável. Como crentes nós somos responsáveis pelo nosso voto, e por isso devemos votar com seriedade. Não podemos negociar o nosso voto em troca de favores como cargos públicos ou privados, posições de destaque, reformas de casas ou igrejas, remédios, óculos ou até mesmo dentaduras.

(2) O cristão não deve violar a sua consciência política. A nossa consciência até mesmo em questões envolvendo a política deve estar cativa somente à Palavra de Deus. Precisamos analisar cuidadosamente a agenda dos candidatos a cargos públicos examinando suas ideias e propostas, verificando se elas são coerentes ou contraditórias. Um bom exemplo disso é perguntarmos o que o nosso candidato pensa a respeito de questões éticas conflitantes com a Bíblia, tais como a liberdade religiosa e de expressão, o aborto, o casamento entre pessoas do mesmo sexo, a adoção de crianças por gays e lésbicas, a lei da mordaça, estatuto do desarmamento, etc. Outra questão importante é investigarmos se ele é um candidato “ficha limpa”. Não adianta o cristão se posicionar contra a corrupção e ainda assim votar em candidatos corruptos utilizando-se do péssimo argumento: “ele rouba, mas faz”.

(3) O fato de um candidato se dizer cristão não deve constranger o seu voto. Não devemos votar em alguém simplesmente porque ele se diz evangélico. É comum assistirmos na TV candidatos evangélicos que não sabem nada sobre a cidade onde moram e nem possuem qualquer proposta convincente para seu Estado. Alguns até mesmo falam em beneficiar igrejas ou valorizar a música gospel. Definitivamente, esses não darão bons políticos. Deixe-me ser mais claro: você escolheria um pastor para sua igreja somente porque ele é cristão? Eu penso que não! Pois embora seja um requisito fundamental que o aspirante ao pastorado seja cristão, ele necessitará dos dons necessários para exercer o ministério. Caso contrário seu ministério será uma verdadeira tragédia! Isso também ocorre na vida pública. A vocação política não é para todos os homens.

Orar e agir é o que todo cristão deve fazer nessas eleições. Devemos orar para que Deus abençoe nosso País e também nosso Sergipe, concedendo governantes e legisladores sérios, honestos e éticos. Precisamos agir votando coerente e conscientemente nos candidatos que mais se alinham aquilo que cremos e confessamos, pois, feliz é o Estado e Nação que teme e honra ao SENHOR!

Pr. Alan Kleber