Queridos irmãos,

Pela graça de Deus, comemoraremos na próxima quarta-feira 501 anos de Reforma Protestante. No dia 31 de outubro de 1517, o monge Martinho Lutero afixou suas 95 teses na Catedral de Wittemberg na Alemanha, em protesto aos abusos promovidos pela igreja de seu tempo. Esse acontecimento marcou o grande avivamento espiritual ocorrido no século XVI promovendo uma grande reforma nos corações dos ministros do Evangelho, dos reis e do povo em geral à medida que a Bíblia se tornava novamente a única regra de fé e prática da Igreja de Cristo.

Nossa Origem
A origem da Igreja Presbiteriana encontra-se nesse período da história. Ela é a correspondente calvinista na Grã-Bretanha da Igreja Reformada no continente europeu. Sua forma histórica mais característica provém da igreja calvinista escocesa, fundada por John Knox no século XVI, e das igrejas puritanas inglesas do século XVII. Desses países, o presbiterianismo expandiu-se para o mundo, sendo uma das denominações protestantes históricas mais conhecidas em países tão distintos como os Estados Unidos e a Coréia do Sul. No Brasil, o presbiterianismo foi estabelecido por missionários norte-americanos, no século XIX. Do Rio Janeiro até alcançar todos os Estados da nossa imensa federação já somamos 156 anos de presbiterianismo brasileiro.

Em que Cremos?
Os reformadores empregaram cinco termos latinos para resumirem a sua fé. Como herdeiros da Reforma Protestante nós os subscrevemos. São eles:

(1) Sola Scriptura (só a Escritura). A base da nossa doutrina, forma de governo, culto e práticas eclesiásticas não está no tradicionalismo, no racionalismo, no subjetivismo ou no pragmatismo, mas na doutrina reformada acerca das Escrituras. Cremos que a Palavra de Deus registrada no Antigo e no Novo Testamento, embora escrita por autores humanos, foi inspirada por Deus (2 Tm 3:16), de modo a garantir sua inerrância, autoridade, suficiência e clareza. As Escrituras são, portanto, a autoridade suprema pela qual todas as questões doutrinárias e eclesiásticas devem ser decididas (Dt 4:2). Esta doutrina é importantíssima na preservação e purificação da igreja.

(2) Solo Christi (só Cristo). Não temos nenhum outro mediador pelo qual o homem seja reconciliado com Deus, a não ser Cristo, a segunda pessoa da Trindade (1 Tm 2:5), o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (Jo 1:29). Cremos que a sua morte expiatória na cruz expia (paga e elimina) completamente a culpa de todos aqueles que nele creem (Rm 3:24-25), redimindo-os do pecado (Ef 1:7); e que a sua vida perfeitamente justa, santa e obediente à lei de Deus, lhe permite justificar (considerar justo) todos quantos o Pai lhe deu (Jo 6:37,39,65).

(3) Sola Gratia (só a graça). Cremos que a salvação do homem não decorre de nenhum tipo de boas obras que venha a realizar, mas sim do favor imerecido de Deus (Rm 3:20,24, 28). Em decorrência da queda, todo ser humano nasce com uma natureza totalmente corrompida, de modo que não pode vir a agradar a Deus, a não ser pela ação soberana e eficaz do Espírito Santo, o único capaz de iluminar corações em trevas e convencer o homem do pecado, da culpa, da graça e da misericórdia de Deus em Cristo Jesus (Rm 3:19,20).

(4) Sola Fide (só a fé). O meio pelo qual a ação regeneradora do Espírito Santo é aplicada ao coração humano é a fé. Nenhum homem pode ser salvo, a não ser que creia na eficácia da obra de Cristo, confiando-se inteira e exclusivamente a ele (Rm 1:17; Ef 2:8-9). Entendemos por fé, não um sentimento vago e infundado, mas o dom do Espírito Santo, pelo qual um ser humano convencido da culpa e do pecado se arrepende e estende as mãos vazias para receber de Deus o perdão imerecido (Rm 5:1; Hb 11:6).

(5) Soli Deo Gloria (só a Deus glória). Cremos em um Deus absolutamente soberano, Senhor da História e do Universo, “que faz todas as coisas segundo o conselho da sua vontade” (Ef 1:11). Cremos que na obra da salvação toda a glória pertence a Deus. O fim principal do homem e da religião não é o bem-estar, a saúde física, a prosperidade, a felicidade, ou mesmo a salvação do homem. É, sim, a glória de Deus, o louvor da santidade, justiça, fidelidade, poder, sabedoria, graça, bondade e de todos os atributos de Deus. Deus não existe para satisfazer as necessidades do homem. O homem é que foi criado para o louvor da glória de Deus (Rm 11:36; Ef 1:6-14).

Concluindo, a história nos ensina que Deus em sua soberania e fidelidade levantou no passado homens doutos e também simples para cumprir o seu propósito de manifestar a glória de Cristo por meio da pregação do Evangelho. De tempos em tempos, Ele vocaciona homens para promoverem uma nova reforma, um novo retorno às Escrituras. Obrigado Senhor, por sua maravilhosa graça!

Pr. Alan Kleber
Fonte: www.ipcpa.org.br