Quando Neemias foi a Jerusalém para supervisionar a reconstrução de suas muralhas, a cidade estava em uma condição que muitos consideravam sem esperança. Para piorar a situação, havia inimigos à espreita, à espera de qualquer oportunidade para atacar e derrubar o que Israel estava tentando construir. À luz desses desafios gêmeos, Neemias orientou os homens para dois tipos de tarefas, como indicado no livro que leva seu nome: “Daquele dia em diante, metade dos meus moços trabalhava na obra, e a outra metade empunhava lanças, escudos, arcos e couraças; e os chefes estavam por detrás de toda a casa de Judá” (Neemias 4.16).

O que vemos aqui? Mais uma vez, o padrão estabelecido por Deus em Gênesis 2.15 é cristalino: os homens de Neemias trabalharam, construindo as muralhas, e vigiaram, montando guarda para proteger tanto os obreiros quanto o trabalho já realizado. Ao demonstrar coletivamente o uso do Mandato Masculino entre o povo de Deus, Neemias estabeleceu um precedente até hoje. Dentro da igreja, os homens são chamados para trabalhar e manter a serviço de Deus. Isto é, os homens cristãos devem trabalhar na igreja com a colher de pedreiro em uma mão (a colher de jardinagem de Adão e a colher de pedreiro de tijolo de Neemias complementada pelas “colheres de pedreiro” de mil outras profissões e carreiras) e com a espada da verdade (que nunca realmente muda) no outro lado. Sob tais obreiros e guardiães dos homens piedosos, a igreja de Cristo cresce forte e permanece segura para sua missão de espalhar o evangelho no mundo.

A igreja de Cristo sempre terá uma necessidade profunda de homens qualificados e piedosos para servir e liderar. O que isso diz aos homens cristãos na igreja? Por um lado, diz que os homens devem ser sérios sobre sua fé, de modo a se equiparem para servir na liderança da igreja. Mas por outro, que nem todos os homens podem ou devem servir como presbíteros ou diáconos. Portanto, um cristão fiel deve preparar-se para servir em tal capacidade.

Um homem que sente um chamado ao ministério cristão deve examinar de perto 1 Timóteo 3.2-7, pois é aqui que Paulo explicitamente estabelece as qualificações bíblicas para o ofício da igreja. Vejamos algumas frases-chave dessa passagem acompanhadas por minhas tentativas de elaborar, enfatizar e aplicar:

“É necessário, portanto, que o bispo seja irrepreensível” (v. 2). Ele deve trabalhar para assegurar que sua vida lance uma boa luz sobre Cristo e Sua igreja.

Ele deveria ser “apto de ensinar” (v. 2). Ele deve assegurar que seja sadio na fé e capaz de transmiti-la aos outros (isso é tão necessário para a paternidade quanto para o presbiterato).

Um supervisor deve ser “temperante, sóbrio, modesto, hospitaleiro… não dado ao vinho, não violento, porém cordato” (vv. 2-3). Ele deveria estar crescendo em piedade como Cristo, mostrando o fruto do Espírito e ganhando controle sobre suas paixões. Um supervisor deve ser “inimigo de contendas, não avarento” (v. 3). Ele deveria estar avançando em santificação para que os valores bíblicos da paz e do contentamento sejam evidentes em sua vida.

Ele deve governar “… bem a própria casa, criando os filhos sob disciplina, com todo o respeito” (v. 4). Ele deveria estar praticando a fé em sua casa e, assim, aprendendo a liderar na igreja.

É necessário que “… ele tenha bom testemunho dos de fora, a fim de não cair no opróbrio e no laço do diabo” (v. 7). Ele deve viver de modo a ter boas relações com os não-cristãos e uma reputação de integridade.

Nossas igrejas hoje precisam de homens que abordem a vida com esse tipo de propósito e se esforcem para se preparar e crescer espiritualmente, a fim de que estejam qualificados para servir como líderes no rebanho do Senhor Jesus.

Mas há algo mais que devemos notar sobre as frases bíblicas que listei acima. Quando olhamos para as qualificações bíblicas de 1 Timóteo 3 para o ofício da igreja, vemos um manual para o tipo de santidade que todos os homens cristãos devem aspirar. Paulo oferece uma excelente agenda para ser seguida por qualquer homem cristão: piedade pessoal, autocontrole, conhecimento da verdade e boa reputação dentro e fora da igreja. Que bênção é levar uma vida assim e quão incomum é hoje!

A competição de nossas vidas é a da piedade, e o campo no qual primeiro aramos e plantamos é nosso próprio caráter e coração, através da devoção à Palavra de Deus, oração e uma sincera aplicação da graça de Deus aos assuntos de nossas vidas. Os homens cristãos que ainda não foram chamados ao ofício formal da igreja nunca devem reclamar que não têm nada para fazer. Todos nós temos muito a fazer em nossos próprios corações e vidas, e a exigência de homens bem qualificados para servirem como líderes na igreja é sempre urgente e vital.

Traduzido e adaptado por Alan Kleber da Obra The Masculine Mandate – God’s Calling to Men, Richard Phillips, Ligonier Ministers, 2010.