(1) A Ceia do Senhor é um Sacramento do Novo Testamento. A palavra sacramento, do latim “sacramentum”, significa “juramento” ou “voto”, em especial um juramento militar de fidelidade. Embora essa palavra não ocorra na Bíblia (Trindade, atributo, infalível, sobrenatural e muitas outras também não ocorrem), ela foi utilizada pelos cristãos antigos para se referir as ordenanças do Batismo e Ceia do Senhor. Estas substituindo a Circuncisão e a Páscoa da Antiga Dispensação do Pacto são as insígnias com as quais juramos a Cristo fidelidade até à morte. ”Semelhantemente, depois de cear, tomou o cálice, dizendo: Este é o cálice da nova aliança no meu sangue derramado em favor de vós”(Lc 22.20).
(2) A Ceia do Senhor significa dar e receber o pão e o vinho de acordo com a ordem do nosso Senhor Jesus Cristo. Cristo ensinou que seus ministros deveriam tomar o pão que simboliza o seu corpo e reparti-lo com os crentes, tomar o vinho que simboliza o seu sangue e distribuir entre eles, tudo com ação de graças. As substâncias incluídas neste sacramento, portanto, são essenciais e insubstituíveis. As modernas práticas missionárias ou “relevantes” à cultura, tais como substituir o pão por tapioca ou carne de coco, e o vinho por mel ou suco do açaí não tem base bíblica. A Ceia é do Senhor e a igreja não tem o direito de alterá-la ou modificá-la. ”Porque eu recebi do Senhor o que também vos entreguei: que o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão; e, tendo dado graças, o partiu e disse: Isto é o meu corpo, que é dado por vós; fazei isto em memória de mim. Por semelhante modo, depois de haver ceado, tomou também o cálice, dizendo: Este cálice é a nova aliança no meu sangue; fazei isto, todas as vezes que o beberdes, em memória de mim. Porque, todas as vezes que comerdes este pão e beberdes o cálice, anunciais a morte do Senhor, até que ele venha” (1Co 11.23-26, cf. Mt 26.26-28).
(3) A Ceia do Senhor proclama a morte de Cristo. Ela representa visivelmente a morte de Cristo em favor do seu povo escolhido. Esta é uma verdade central deste sacramento. Por meio da Santa Ceia, a igreja testemunha ao mundo a sua comunhão com o Cordeiro de Deus. Aqueles que não creram na expiação substitutiva de Jesus Cristo, não podem sob-hipótese alguma participar da Mesa do Senhor. Comer e beber sem discernir o corpo de Cristo é ingerir juízo para si. Se alguém não crê que Cristo morreu pelos seus pecados, não tem o direito a assentar-se na Mesa do Senhor, pois rejeita a sua verdade fundamental. “Por isso, aquele que comer o pão ou beber o cálice do Senhor, indignamente, será réu do corpo e do sangue do Senhor. Examine- se, pois, o homem a si mesmo, e, assim, coma do pão, e beba do cálice; pois quem come e bebe sem discernir o corpo, come e bebe juízo para si” (1Co 11.27-29).
(4) A Ceia do Senhor tem como propósito edificar espiritualmente o povo pactual. O Catecismo Maior de Westminster ensina que aqueles que participam corretamente da Ceia do Senhor (1) Confirmam a sua relação com Cristo, o Salvador deles; (2) São renovados e fortalecidos pela decisão de viver uma vida de gratidão e de obediência a Deus; e (3) Testificam e renovam o seu amor e comunhão por seus irmãos na fé (Perg. 168). Quando usamos corretamente a Ceia do Senhor, fortalecemos e edificamos a nossa relação com nosso Deus, nosso Salvador e nossos irmãos na fé.
(5) Por último, a Ceia do Senhor aponta para o retorno do Rei. “Porque todas as vezes que comerdes este pão e beberdes o cálice, anunciais a morte do Senhor, até que ele venha” (1Co 11.26). Todas as vezes que a igreja de Cristo celebra esse sacramento anuncia a sua segunda vinda. Quando Jesus nos ensinou que observássemos esse memorial da grande Obra da Redenção “até que Ele venha”, apontava para o último dia, o dia do Juízo Final. A Santa Ceia testemunha ao mundo que o nosso Salvador não está morto, mas vive gloriosamente a destra do Pai e haverá de retornar um dia sobre as nuvens com poder e glória. ”Alegremo-nos, exultemos e demos-lhe a glória, porque são chegadas as bodas do Cordeiro, cuja esposa a si mesma já se ataviou, pois lhe foi dado vestir-se de linho finíssimo, resplandecente e puro. Porque o linho finíssimo são os atos de justiça dos santos. Então, me falou o anjo: Escreve: Bem-aventurados aqueles que são chamados à ceia das bodas do Cordeiro. E acrescentou: São estas as verdadeiras palavras de Deus” (Ap 19.7-9)
Pr. Alan Kleber
Onde vocês purificam os copos depois de tomar o sangue de Cristo. Pois depois de consagrado não e mais vinho, mas Sangue de Cristo.
Na igreja católica é purificado o que é usado na missa , depois colocamos essa água em uma vaso de planta . Devido ser o sangue.De Cristo. Não é descartado em qualquer lugar.
Olá Elinira!
O entendimento dos presbiterianos é diferente dos católicos romanos. Nós adotamos como nossos Símbolos de Fé, os Padrões de Westminister – Confissão de Fé e os Catecismos Maior e Breve. Eles são para nós a fiel exposição e interpretação das Sagradas Escrituras. De modo que, com respeito a Eucaristia, nossa Confissão de Fé ensina no Capítulo XXIX – Da Ceia do Senhor:
I. Na noite em que foi traído, nosso Senhor Jesus instituiu o sacramento do seu corpo e sangue, chamado Ceia do Senhor, para ser observado em sua Igreja até ao Fim do mundo, a fim de lembrar perpetuamente o sacrifício que em sua morte Ele fez de si mesmo; selar aos verdadeiros crentes os benefícios provenientes. desse sacrifício para o seu nutrimento espiritual e crescimento nele e a sua obrigação de cumprir todos os seus deveres para com Ele; e ser um vínculo e penhor da sua comunhão com Ele e de uns com os outros, como membros do seu corpo místico (I Coríntios 11:23-26, e 10: 16-17, 21, e 12:13).
Comentário: O Senhor Jesus estabeleceu este sacramento na noite em que foi traído, e o sacramento é muito rico em significado. Deve ser comemorado na Igreja até o fim do mundo. Para a maioria dos evangélicos, o significado da Ceia é limitado ao primeiro significado mencionado na Confissão de Fé – e embora o entendimento seja preciso, até onde alcança, não vai muito longe. Porém, a importância da Ceia vai muito além de um simples memorial. Logo, a Ceia do Senhor significa:
1. Um memorial do auto sacrifício de Cristo;
2. Um selo de todos os benefícios da morte de Cristo para os verdadeiros crentes;
3. Um alimento espiritual de todos os verdadeiros crentes que participam;
4. Uma renovação da aliança por parte daqueles que participam;
5. Um vínculo Dele pelo fato de que Ele é nosso Deus e nós somos Seu povo;
6. Uma comunhão com nossos companheiros crentes, companheiros do corpo de Cristo.
II. Neste sacramento não se oferece Cristo a seu Pai, nem de modo algum se faz um sacrifício pela remissão dos pecados dos vivos ou dos mortos, mas se faz uma comemoração daquele único sacrifício que Ele fez de si mesmo na cruz, uma só vez, e por meio dele uma oblação de todo o louvor a Deus; assim o chamado sacrifício papal da missa é sobremodo ofensivo ao único sacrifício de Cristo, o qual é a única propiciação por todos os pecados dos eleitos (Hebreus 9:22, 25-26, 28; Mateus 26:26-27; Lucas 22:19-20; Hebreus 7:23-24, 27, e 10:11-12, 14, 18).
Comentário: No que diz respeito à questão do sacrifício, a Ceia não é um sacrifício real, mas apenas a comemoração de um sacramento. Mas, dizer que é sacrificialmente uma comemoração não significa que seja apenas uma comemoração em outros aspectos. Cristo não é sacrificado ao Pai na Ceia. A Ceia envolve “todo louvor possível” pelo sacrifício que Cristo ofereceu, mas isso não é o mesmo que um sacrifício. A doutrina do sacrifício perpétuo na Missa é, portanto, injuriosa e ofensiva à morte de Cristo na cruz pelos pecados de uma vez por todas. Portanto, a Mesa não é um sacrifício propriamente dito, mas é um selo “próprio”, uma nutrição “própria”, uma renovação da aliança “própria”, um vínculo ou pacto “próprio” e uma comunhão com todos os outros crentes “própria”. Em outras palavras, é uma inferência falsa dizer que porque a Ceia não é “realmente” um sacrifício, logo, não é “realmente” nada.
III. Nesta ordenança o Senhor Jesus constituiu seus ministros para declarar ao povo a sua palavra de instituição, orar, abençoar os elementos, pão e vinho, e assim separá-los do comum para um uso sagrado, tomar e partir o pão, tomar o cálice dele participando também e dar ambos os elementos aos comungantes e tão somente aos que se acharem presentes na congregação (Marcos 14:22-24; Atos 20:7; I Coríntios 11:20).
Comentário: Quais são os elementos constitutivos da Ceia? O que é necessário para que a Ceia seja realizada?
1. O ministro precisa declarar as palavras de instituição, mostrando sua autorização para realizar a Ceia;
2. Ele deve orar;
3. Ele deve abençoar o pão e o vinho para que sejam santificados, separados para este uso;
4. Ele deve partir o pão;
5. Ele deve pegar o cálice;
6. Ele deve distribuir ambos os elementos aos comungantes;
7. E sua distribuição deve ser limitada aos presentes na Congregação.
IV. A missa ou recepção do sacramento por um só sacerdote ou por uma só pessoa, bem como a negação do cálice ao povo, a adoração dos elementos, a elevação ou procissão deles para serem adorados e a sua conservação para qualquer uso religioso, são coisas contrárias à natureza deste sacramento e à instituição de Cristo (I Timóteo 1:3-4; I Coríntios 11:25-29; Mateus 15:9).
Comentário: As principais distorções da Ceia do Senhor incluem estas características:
1. Comunhão privada, quando se serve a Ceia do Senhor apenas para um membro em particular;
2. Negação do cálice, dando somente o pão para a congregação;
3. Adoração dos elementos, pão e vinho;
4. Agir de forma a provocar tal adoração e separá-los para outro uso religioso.
V. Os elementos exteriores deste sacramento, devidamente consagrados aos usos ordenados por Cristo, têm tal relação com Cristo Crucificado, que verdadeira, mas só sacramentalmente, são às vezes chamados pelos nomes das coisas que representam, a saber, o corpo e o sangue de Cristo; porém em substância e natureza conservam-se verdadeira e somente pão e vinho, como eram antes (Mateus 26:26-28; I Coríntios 11:26-28).
Comentário: Os elementos externos, pão e vinho, não são transformados em sua natureza por nenhum ato de consagração por parte do Ministro. Eles se tornam verdadeiramente o corpo e o sangue de Cristo sacramentalmente, não fisicamente. Os elementos permanecem pão e vinho.
VI. A doutrina geralmente chamada transubstanciação, que ensina a mudança da substância do pão e do vinho na substância do corpo e do sangue de Cristo, mediante a consagração de um sacerdote ou por qualquer outro meio, é contrária, não só às Escrituras, mas também ao senso comum e à razão, destrói a natureza do sacramento e tem sido a causa de muitas superstições e até de crassa idolatria (Atos 3:21; I Coríntios 11:24-26; Lucas 24:6, 39).
Comentário: A doutrina da transubstanciação é contrária às Escrituras. Não apenas isso, mas também é contrária ao bom senso e à razão. Não faz sentido. O erro não é trivial, porque subverte o sacramento e induz o povo à superstição e à idolatria.
Portanto, a ação sacramental na Ceia do Senhor é a consagração, distribuição e recepção do pão e do vinho. Os elementos remanescentes se destacam dessa ação sacramental. Isso permitiria o armazenamento e a reutilização do pão não utilizada e do vinho de cálices individuais e garrafas.
Como os elementos não utilizados foram separados para uso na celebração da Ceia do Senhor, as pessoas adotaram abordagens diferentes – baseadas em seus pensamentos e guiadas por suas consciências – sobre o que fazer com o pão e o vinho que não foram distribuídos na Ceia do Senhor. Ao longo dos anos, as práticas incluíram consumir os restos dos elementos ou descartar o pão e o vinho simplesmente.
Como muitas partes da vida da igreja e da vida cristã em geral, há liberdade nessa área. As igrejas têm liberdade para desenvolver e implementar uma prática de sua escolha, quando os elementos utilizados deixam de fazer parte do uso sacramental, após o encerramento do serviço de culto.
Atenciosamente,
Rev. Alan Kleber Rocha
Pastor Titular