Ouvir Cristo falar sobre os Salmos Imprecatórios nos oferece a chave para interpretar essas maldições fortemente formuladas, e nós, como Povo do Livro, precisamos dessa compreensão para lidar corretamente com a Palavra da Verdade. William Binnie nos lembra:

As circunstâncias em que estes Salmos são tão inequivocamente apropriados e endossados pelo nosso bendito Senhor… Restringirão os discípulos de Cristo a tocá-los com uma mão reverente compelindo-os desconfiar de seu próprio julgamento, ao invés de marcar tais Escrituras como produtos de um temperamento não-santificado e anticristão.1

De nossos púlpitos, nós que somos pastores devemos firmemente afirmar que é reto que o Justo Rei da Paz peça a Deus para destruir seus inimigos. Ao fazê-lo, afirma a supremacia de Deus, que coloca “todos os inimigos debaixo de seus pés” (1Co 15.25). Que diferença faz em nossa pregação quando sabemos que esses Salmos não são orações emocionais de homens furiosos, mas os próprios gritos de guerra de nosso Príncipe da Paz!

O Senhor Jesus Cristo está orando estas preces de vingança. As orações que clamam pela destruição total dos inimigos do salmista só podem ser compreendidas quando ouvidas dos lábios amorosos de nosso Senhor Jesus. Essas orações sinalizam um alarme para todos que ainda são inimigos do Rei Jesus. Suas orações serão respondidas! A ira de Deus é revelada a todos os que se opõem a Cristo. Qualquer um que rejeitar o caminho do perdão de Deus através da cruz de Cristo suportará as pavorosas maldições de Deus. Aquele que ora:

“Sua mesa torne-se-lhes diante deles em laço, e a prosperidade, em armadilha. Obscureçam-se-lhes os olhos, para que não vejam; e faze que sempre lhes vacile o dorso. Derrama sobre eles a tua indignação, e que o ardor da tua ira os alcance. Fique deserta a sua morada, e não haja quem habite as suas tendas. Pois perseguem a quem tu feriste e acrescentam dores àquele a quem golpeaste. Soma-lhes iniqüidade à iniqüidade, e não gozem da tua absolvição. Sejam riscados do Livro dos Vivos e não tenham registro com os justos” (Sl 69.22-28).

Um dia, esta oração se tornará realidade quando Ele disser aos que estão à Sua esquerda:

“Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos” (Mt 25.41).

Fred Leahy, lembra-nos a visão que precisamos ter dos Salmos Imprecatórios. Comentando o Salmo 109, ele diz:

Mas a visão que limita o Salmo 109 a Davi e a um de seus adversários é muito míope porque ignora a natureza típica de Davi e de seu reino, e negligencia a interpretação dos salmos imprecatórios (todos escritos por Davi) na Bíblia, no Novo Testamento, onde seu cumprimento final é visto no julgamento de Judas ou na apostasia de Israel (cf. Rom. 11: 9, 10). Na Igreja Cristã, o Salmo 109 logo se tornou conhecido como o Psalmus Ischarioticus – o Salmo Iscariotes. Se, ao apresentar os verbos como futuros, o que pode ser feito, os salmos imprecatórios são interpretados como previsões, em vez de orações, não faz diferença moral. Eles permanecem salmos do julgamento sagrado de Cristo sobre o impenitente da maneira definida no Novo Testamento. Eles pertencem à sua paixão e crucificação.2

Todos os inimigos do Senhor precisam ouvir essas orações de Cristo proclamadas hoje. Elas não são as orações de um tirano descuidado e sem compaixão, mas as orações eficazes do Cordeiro que suportou a maldição de Deus pelos pecados de todos que se ajoelham diante dEle. A ira dos Salmos deve ser pregada como a ira do Cordeiro de Deus. O reino de Deus está em guerra!

“Vi o céu aberto, e eis um cavalo branco. O seu cavaleiro se chama Fiel e Verdadeiro e julga e peleja com justiça. Os seus olhos são chama de fogo; na sua cabeça, há muitos diademas; tem um nome escrito que ninguém conhece, senão ele mesmo. Está vestido com um manto tinto de sangue, e o seu nome se chama o Verbo de Deus; e seguiam-no os exércitos que há no céu, montando cavalos brancos, com vestiduras de linho finíssimo, branco e puro. Sai da sua boca uma espada afiada, para com ela ferir as nações; e ele mesmo as regerá com cetro de ferro e, pessoalmente, pisa o lagar do vinho do furor da ira do Deus Todo-Poderoso” (Ap19.11-15).

Quem está orando para que Deus destrua seus inimigos? A resposta é: Jesus Cristo está orando. Isso não elimina Davi e os outros autores desses salmos, mas cumpre suas orações. Jesus é o Messias – o Rei Ungido – cujo trono e domínio são para sempre (cf. 2 Sm 7.16; Sl 89.3-4).

Nossa pregação sobre os Salmos Imprecatórios deve refletir que o Senhor e maior Filho de Davi é Jesus Cristo. Quando entendemos que é este misericordioso e santo Salvador dos pecadores que está orando, não mais nos envergonharemos dessas orações, mas nos gloriaremos nelas. As orações de Cristo nos levam a tributar a Deus, toda honra e confiança, porque agora sabemos que Deus responde às suas orações. Portanto, estamos certos de que os poderes do mal cairão e somente Deus reinará para sempre!

Aleluia!

Pr. Alan Kleber

Traduzido e adaptado da Obra de James E Adams: “War Psalms of the Prince of Peace – Lessons from the Imprecatory Psalms” (P&R Publishing: 2016).

Notas:

1William Binnie, The Psalms, Their History, Teachings and Use (London: Hodder and Stoughton, 1886), p. 28.2Frederick S. Leahy, Satan Cast Out (Carlisle, PA: Banner of Truth, 1990), pp. 178-79.