Como cristãos, a grande libertação de Israel faz parte da história da nossa própria salvação. Entretanto, experimentamos uma libertação ainda maior – maior de todas. Fomos salvos de nossa escravidão ao pecado pela morte e ressurreição de Jesus Cristo.

Leitura bíblica: Êxodo 14.15-31

Aqui, novamente, vemos ao padrão da nossa salvação, na qual Deus toma a iniciativa. Foi quando ainda éramos pecadores que Cristo morreu por nós. A obra salvadora de Deus vem primeiro, e somente depois somos chamados a responde-lo com fé:

“Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores” (Romanos 5.8)

O Novo Testamento descreve a obra salvadora de Cristo em termos de um êxodo. Não muito tempo depois que Jesus nasceu, seus pais fugiram para o Egito. De acordo com o Evangelho de Mateus, seu eventual retorno cumpriu a palavra do profeta:

“Do Egito chamei o meu Filho” (Mateus 2:15b, citando Oséias 11:1)

Originalmente, essa profecia se referia ao êxodo. Entretanto, existe uma profunda conexão espiritual entre o que aconteceu com Israel nos dias de Moisés e o que aconteceu mais tarde na pessoa e obra do Messias prometido. Jesus Cristo é o Israel perfeito e supremo. Uma das maneiras pelas quais Deus mostrou isso foi Jesus recapitulando a fuga de Israel do Egito. Mais tarde, quando a crucificação se aproximava, Jesus descreveu sua morte como um “êxodo”.

“E aconteceu que, enquanto ele orava, a aparência do seu rosto se transfigurou e suas vestes resplandeceram de brancura. Eis que dois varões falavam com ele: Moisés e Elias, os quais apareceram em glória e falavam da sua partida (literalmente na língua grega: ‘êxodo’), que ele estava para cumprir em Jerusalém” (Lucas 9.29-31)

O próprio Senhor Jesus estava fazendo outra conexão entre Ele e o êxodo. Jesus é o novo Moisés que leva o povo de Deus para fora da escravidão do pecado e o conduz para a terra prometida da vida eterna:

“…todavia, tem sido considerado digno de tanto maior glória do que Moisés, quanto maior honra do que a casa tem aquele que a estabeleceu” (Hebreus 3.3)

Porém, a conexão mais significativa em nossos dias é a que o apóstolo Paulo fez quando escreveu:

“Ora, irmãos, não quero que ignoreis que nossos pais estiveram todos sob a nuvem, e todos passaram pelo mar, tendo sido todos batizados, assim na nuvem como no mar, com respeito a Moisés” (1 Coríntios 10.1, 2).

Note que o apóstolo estava fazendo uma conexão entre o êxodo e o batismo. Para os israelitas, atravessar o Mar Vermelho era um tipo de batismo e, portanto, era uma profecia de nossa libertação final em Cristo. Um dia fomos escravos no Egito do nosso pecado, mas agora Cristo nos libertou. Tudo isso é simbolizado no evento do batismo no Mar Vermelho.

Aplicações práticas:

Alguns pregadores diante do que vimos prefeririam convidar suas congregações a identificar suas próprias experiências com a do “Mar Vermelho” confiando em Deus para trazê-los em segurança através do mar da insegurança, temor e angústia. Muitos acreditam que toda era tem seu Egito, sua força de opressão, assim como toda era tem seus filhos de Israel que desejam ser livres. Mas, não é sobre isso que essa história nos ensina.

1) A travessia de Israel pelo Mar Vermelho não tem como objetivo principal nos ensinar o que fazer quando estamos com problemas espirituais, como também não serve como uma lição sobre o que fazer quando chegamos diante de um grande mar aberto. Pelo contrário, serve para nos ensinar sobre a vinda de Deus para nossa salvação.

2) O que aconteceu no Mar Vermelho deve nos ajudar a esclarecer nosso relacionamento com Cristo. A única “experiência do Mar Vermelho” que realmente importa é a que Jesus teve quando atravessou os muros da morte e saiu vitorioso do outro lado. Isso significa que os cristãos batizados já tiveram sua “experiência de êxodo”.

3) Nós já passamos pelo Calvário e pelo túmulo no jardim, pois quando Jesus morreu pelos nossos pecados e ressuscitou para nossa justificação, Ele passou fez isso por nós. De modo que, fomos incluídos nesses eventos salvadores quando fomos batizados nele, e agora estamos seguros do outro lado. Tudo o que nos resta fazer é o que os israelitas fizeram: temer a Deus e confiar nele enquanto avançamos.

Conclusão:

Infelizmente, aqueles que ainda não vieram a Cristo ainda estão de pé nas margens do Mar Vermelho. Como eles vão escapar? Somente olhando para Jesus. Quando os israelitas viram o que Deus havia feito por eles, depositaram toda a sua confiança nele para salvá-los. Deus nos chama para fazer a mesma coisa. Ele nos chama para ver a Cristo, crucificado e ressuscitado, e crer somente nele. Disse Jesus:

“Em verdade, em verdade vos digo: quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna, não entra em juízo, mas passou da morte para a vida” (João 5.24).

Soli Deo Gloria

Pr. Alan Kleber