Texto Bíblico:  Leia Zacarias 1.3

Introdução

Zacarias estava menos preocupado com o verdadeiro trabalho de reconstrução do que ele estava com o significado teológico do que estava acontecendo. Ele começou seu ministério profético após Ageu, mas antes de ele terminar. Ageu começou no sexto mês do segundo ano do reinado de Dario (Ag 1.1) e Zacarias, no oitavo mês (Zc 1.1). Depois da perseverante profecia de Ageu no sétimo mês (Ag 2.1), Zacarias seguiu com sua profecia.

Enquanto a missão de Ageu foi a reconstrução do templo, exortando ao povo à obediência externa ao chamado do SENHOR pela reforma do Templo de Jerusalém, Zacarias pregou por uma reforma interna – a reconstrução das ruínas espirituais do coração. Os crentes deveriam fazer mais do que reconstruir.

Temos aqui um ponto maravilhoso para nós: atos de serviço, seja na igreja ou para com os necessitados, não podem tomar o lugar de uma relação intensamente dedicada ao Senhor. Embora seja simplista sugerir, que Ageu estava apenas preocupado com as aparências, é justo salientar que a sua principal missão envolveu a reconstrução do Templo. Mas isso em si já era um ato de obediência, que mostraria frutos visíveis. Do mesmo modo, Zacarias chamou o povo ao arrependimento profundo, pois este resultaria em grandes e belos frutos de obediência.

I – A Natureza do Arrependimento: “Tornai-vos para mim”

1. Nenhum trabalho sintetizou os profetas com mais precisão do que esta obra única de “volta” ou “retorno”. A pregação do profeta Zacarias revelou ao povo de Judá que a verdadeira natureza do arrependimento consiste em:

* Reconhecer sua obstinação e desobediência.

* Converter-se de seus pecados de maneira específica – o arrependimento é um chamado de Deus para invertermos a nossa direção, do pecado para a obediência.

“… Assim diz o SENHOR dos Exércitos: Tornai-vos para mim, diz o SENHOR dos Exércitos, e eu me tornarei para vós outros, diz o SENHOR dos Exércitos”

2. A Bíblia é clara em revelar que a causa de Judá ter sido condenado ao exílio foram seus pecados particulares (cf. Is 55.6-7; Jl 2.12-13; Ml 3.7; Mc 1.15).

Com isso aprendemos que:

* Justamente por isso, partiu dos líderes e restante dos israelitas a teimosia de seguir o seu próprio caminho. 

* Arrepender-se é a atitude apaixonada daquele que diligentemente, voltando-se de todo o coração para Deus, não busca observar o seu direito de viver seu próprio modo de vida, mas o de seu Deus da Aliança.

* Note a repetição da expressão, o “Senhor dos Exércitos”. Ela sempre apela para o nosso arrependimento àquele para quem voltamos (cf. At 20.21, “… o arrependimento para com Deus e a fé em nosso Senhor Jesus [Cristo]”; 1 Ts 1.9, “… e como, deixando os ídolos, vos convertestes a Deus, para servirdes o Deus vivo e verdadeiro”. A ênfase está sempre em uma relação pessoal, que Deus exige de nós. Nos voltamos para Ele em arrependimento e fé, e Ele se volta para nós com graça e salvação.

* Não pode haver nada de casual nisso. Devemos lidar com o nosso pecado radicalmente, com atitude e a ambição de abandoná-lo.

II – A Resposta da Graça – “… e eu me tornarei para vós outros”

“Embora Deus atenda pecadores, e esteja pronto com os braços estendidos para abraçá-los, seu favor não pode vir para aqueles a quem Ele é oferecido; exceto um sentimento real de penitência leva-os a Deus”

João Calvino

* Aqui vemos a bondade de Deus em sua máxima expressão: Ele perdoa e restaura pecadores para Si mesmo, para seu gozo e desfrute glorioso.

“… e eu me tornarei para vós outros, diz o SENHOR dos Exércitos”

Conclusão

* Zacarias nos mostra que o arrependimento não é apenas um ato psicológico ou emocional, mas a restauração de um relacionamento que foi quebrado pelo povo de Deus, por causa do pecado, porém restaurado e perdoado pelo SENHOR dos Exércitos.

* Aqui vemos onde estava a raiz do problema, a maior necessidade de Israel: Sua relação com Deus foi cortada pela rebelião e necessitava de restauração.

* Portanto, sem arrependimento não pode haver nenhuma relação com Deus.

* Aqui fica óbvio para nós que o arrependimento não é um evento único, mas contínuo. Devemos sempre nos voltar em sincero arrependimento para com o nosso Deus:

“Se dissermos que não temos pecado nenhum, a nós mesmos nos enganamos, e a verdade não está em nós. Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça. Se dissermos que não temos cometido pecado, fazemo-lo mentiroso, e a sua palavra não está em nós” (1Jo 1.8-10)

Pr. Alan Kleber