Texto Bíblico:  Leia Zacarias 4

Introdução

A quinta visão, que juntamente com a quarta forma o ápice do arranjo quiástico das oito visões do livro do profeta Zacarias, concentra-se na conclusão do templo. A mensagem central dessa visão é que o templo não seria completado pela ingenuidade ou impulso humano, mas pelo Espírito de Deus (Zc 4.6). Um interesse especial deve ser dado ao “candelabro” que, na maioria dos casos, ficava no “Lugar Santo” (para uma descrição do candelabro no tabernáculo, veja Êx 25.31; e no templo, veja 1Rs 7.49). O candelabro ocupa o lugar central nesta visão e nas oito visões tomadas como um todo.

Três princípios são ensinados nesta visão:

1. A obra de Deus será realizada pelo Espírito de Deus (Zc 4.1–6).

2. A obra de Deus não deve ser desprezada por seus pequenos começos (Zc 4.7–10).

3. A obra de Deus valoriza mais as pessoas do que as instituições (Zc 4.11–14).

O objetivo de incentivar e estimular Zorobabel e Josué continua. Agora o foco é mostrar sua permanência ou posição como instrumentos favorecidos por Deus na obra de reconstrução do templo e restabelecimento da adoração. Eles precisavam da garantia de que o trabalho seria realizado e de que o Senhor capacitaria esse frágil grupo para terminar a obra.

Além disso, havia uma imagem maior, que foi sugerida nas visões. Enquanto Zorobabel estava no ofício de rei e Josué no ofício sacerdotal, chegaria o dia em que o poder e a majestade dos dois ofícios seriam combinados em uma pessoa a quem o Senhor dos Exércitos chama de “o Ramo“.

É o “Ramo” que afastará o pecado e edificará sua igreja para que as portas do inferno não prevaleçam contra ela. No quadro de encorajar esses dois servos do Senhor, vemos Cristo estabelecido como aquele que edificará um templo eterno – a Igreja.

A Quinta Visão:  o candelabro de ouro entre as duas oliveiras (1ª parte)

I – A obra de Deus será realizada pelo Espírito de Deus (Zc 4.1-6)

1. Entendendo os símbolos:

  • Candelabro – o povo de Deus ou na Revelação do Novo Testamento, a igreja (que é o símbolo na Revelação).
  • Sete lâmpadas – cada uma com sete mechas, produziam uma luz excepcional (ver Mateus 5.14-16). Esta lâmpada era cilíndrica e não a “menorá” com a qual estamos familiarizados. Sete lâmpadas com sete tubos representam “os modos múltiplos pelos quais sua luz deveria ser emitida, e os modos múltiplos pelos quais a graça deveria ser comunicada” (T. V. Moore, A Commentary on Haggai, Zechariah and Malachi, Edinburg: Banner of Truth, 1979, 153-154).

Aplicação: Toda a obra, ministério e serviço que o Senhor confiou ao Seu povo terão todo o suprimento divino necessário para realizar a obra.

  • Oliveiras – fornecem uma fonte constante de óleo transferido através dos tubos para as lâmpadas.

Aplicação: Os recursos e a força de Deus para o seu povo nunca secam nem diminuem.

2. Pano de fundo:

A tarefa de reconstrução dos muros de Jerusalém por parte de Zorobabel, Governador de Judá parecia impossível. Mas isso foi obra de Deus. Zorobabel tinha que olhar além dos tijolos, da argamassa e da madeira, e ver que todo aquele grande empreendimento era obra de Deus.

Aplicação:

 – A pregação da Palavra, evangelismo e missões, o serviço cristão através das boas obras, são obra de Deus. Quando nos esquecemos disso, ou negligenciamos essa importante verdade, dois problemas logo aparecem:

  • Por um lado, a Frustração se desenvolve, pois assumimos toda e qualquer tarefa com a força do nosso próprio braço.
  • Por outro lado, quando acreditamos que o trabalho é realmente “meu” trabalho, a engenhosidade humana, a manipulação inteligente, os motivos centrados no homem surgem de repente e nós esquecemos que todo o trabalho é obra do Espírito de Deus.

– Nossa visão de mundo precisa sofrer uma mudança radical.

– Devemos ver toda a vida como sendo vivida para a glória de Deus (Cl 3.17).

– Precisamos aprender que, quando Deus nos dá uma tarefa (Ef 2.10), então Ele também fornece o poder através da obra do seu Santo Espírito.

3. O ponto central dessa visão:

“Esta é a palavra do SENHOR a Zorobabel: Não por força nem por poder, mas pelo meu Espírito, diz o SENHOR dos Exércitos” (v.6)

Qualquer trabalho que os israelitas realizassem seria possível apenas pelo poder do Espírito de Deus. Baseando-se apenas em recursos humanos, sagacidade e força própria, seus esforços seriam inúteis. Dezesseis anos antes, após o retorno da Babilônia, o povo havia tentado reconstruir o templo imediatamente com suas próprias forças, mas isso acabou sendo um fiasco (Ed 3.8–13).

Como o trabalho seria feito?

“Somente se o Espírito governar todos os detalhes, o trabalho pode ser glorificado para Ele” (Baldwin, Joyce G. Haggai, Zechariah, and Malachi. An Introduction and Commentary. Downers Grove, Il.: InterVarsity, 1972, 121).

Aplicação: Até a reconstrução do templo foi um tempo para a provisão do Espírito. No Novo Testamento, Efésios 5:18 no oferece o contexto de andar e servir de acordo com a vontade de Deus.

Conclusão:

O esforço humano sem o suprimento do “óleo” do Espírito Santo se extinguiria. O que o azeite de ouro era para as sete lâmpadas de óleo, o Espírito de Deus é para todos os aspectos de qualquer trabalho realizado em nome do Senhor.

A obra de Deus feita à maneira de Deus nunca terá falta da provisão e do poder de Espírito. Aqueles que resistirem a esse princípio aprenderão da maneira mais difícil o quão impotentes serão para realizar a obra de Deus. C. Campbell Morgan nos lembra a importância da capacitação divina para o serviço cristão na obra do Senhor:

“Não por recursos, nem por resolutividade. Estes podem ser altos, puros, poderosos; mas, na medida em que são humanos, não podem realizar a obra de Deus no mundo. Pelo força e pelo poder, pelos recursos e resolutividade, podemos ser capazes de legislar por [nós mesmos] …podemos fazer muito no nível humano; mas por essas coisas não podemos brilhar como luzes no mundo… Estamos muito longe de acreditar nisso. Hoje, se me pedissem para dar o que considero a razão do fracasso comparativo da Igreja de Deus no empreendimento missionário, eu diria que corremos um enorme risco de imaginar que, por nossos próprios esplêndidos recursos e resolutividade, podemos realizar o trabalho”

(C. Campbell Morgan, The Divine Worker, pp. 53–54, as cited by Elizabeth Achtemeier, Nahum—Malachi, Interpretation: A Bible Commentary for Teaching and Preaching [Atlanta: Knox, 1986], p. 125).

Aviva ó Senhor, a Tua obra!

Pr. Alan Kleber