Texto Bíblico:  Leia Zacarias 6.1-15

A Oitava Visão: As Quatro Carruagens (1ª Parte)

Introdução

As oito visões de Zacarias servem para fornecer informações sobre as circunstâncias imediatas que os israelitas enfrentavam, como também oferecer uma visão do futuro desdobramento dos desígnios de Deus. Para o povo pactual de Deus era difícil até imaginar, o sucesso em seus empreendimentos atuais e muito menos acreditar que o futuro era promissor. De modo que, as visões desse maravilhoso livro buscam afirmar o presente e garantir o futuro do povo de Deus.

Na oitava e última visão a aparência e a promessa são reveladas de forma mais abrangentes, pois considera o ponto culminante da história redentiva. O Israel pós-exílio precisava ver que os propósitos de Deus não foram frustrados com sua escravidão na Babilônia. Os propósitos de Deus eram muito maiores que uma nação. Todo o escopo de sua adoração e estrutura do pacto serviram para lançar as bases – um prenúncio – de uma eterna e global obra realizada por Deus. A figura central dessa visão é o “Renovo” (rebento, broto, ramo) que surgiu da obscuridade de Israel para ser o Redentor de todos os que creem no seu nome.

I – O Julgamento Divino é certo (vv. 1-8)

1. Porque o Senhor cumpre Seus propósitos

Quatro carruagens emergem de uma fortaleza inexpugnável formada por montanhas de bronze. Isso é repetitivo em dois temas de visões anteriores. Bronze e ferro foram usados ​​para as defesas:

“Eis que hoje te ponho por cidade fortificada, por coluna de ferro e por muros de bronze, contra todo o país, contra os reis de Judá, contra os seus príncipes, contra os seus sacerdotes e contra o seu povo. Pelejarão contra ti, mas não prevalecerão; porque eu sou contigo, diz o SENHOR, para te livrar”

– Jeremias 1.18-19

Significado dessa imagem: Aquele que envia os carros em sua missão – o SENHOR – não pode ser parado ou conquistado. Quão importante é essa imagem para nós? Ela enfatiza que o Senhor realizará o que ele pretender fazer:

(1) Pelo poder da sua Palavra (Is 55.11).

(2) Salvando seus eleitos (Jo 17.6-8, 12).

(3) Protegendo e guardando os seus remidos (Jo 6.37-39, 10.27-30).

Portanto, nenhum de seus planos pode ser frustrado

“Bem sei que tudo podes, e nenhum dos teus planos pode ser frustrado”

– Jó 42.2

2. Porque o Senhor tem os recursos certos para executar seu julgamento

Naquele tempo as carruagens eram veículos de guerra e triunfo. Elas eram enviadas para conquistar e retornavam para comemorar a vitória. As cores dos cavalos que os puxavam esses carros de batalha receberam vários significados em virtude de sua linguagem apocalíptica.

Preto – fome, sofrimento e morte.

Vermelho – martírio, derramamento de sangue, guerra e carnificina.

Branco – vitória.

Baio – aponta para a morte de maneira global.

Os quatro espíritos (ventos) do céu significam a abrangência do domínio e o escopo do reino universal do SENHOR dos Exércitos. De acordo com Joyce Baldwin:

“…os carros formaram as tropas de assalto na guerra antiga. Eles simbolizam, portanto, a iniciativa de Deus nos assuntos internacionais

Haggai, Zechariah, and Malachi. An Introduction and Commentary, 131

O número “quatro”, portanto, aponta para a universalidade do reinado do Senhor. Nenhuma nação ou poder opera fora de sua autoridade e governo (Dt 10.14; Sl 89.11; Is 40.22; Sl 9.5, 17; Is 2.4).

3. Porque a justiça de Deus deve ser satisfeita

Para onde o julgamento foi dirigido? Os inimigos de Israel historicamente vieram do sul (Egito) e do norte (Assíria e Babilônia). Portanto, o texto aponta o julgamento divino para essa direção. A indicação é que o julgamento será completo:

“E me chamou e me disse: Eis que aqueles que saíram para a terra do Norte fazem repousar o meu Espírito na terra do Norte”

 – Zacarias 6.8

Aplicações práticas:

O governo justo de Deus será vindicado pelo julgamento da iniquidade do mundo, assim como foi na morte e ressurreição do Senhor Jesus Cristo, em favor de seu povo. O tema da justiça divina sendo satisfeita ecoa nas páginas das Escrituras:

– Adão e Eva foram expulsos do Éden, vem a morte sobre todos os homens.

– Caim, o primeiro assassino do mundo é julgado e condenado.

– Nos dias de Noé, o mundo é destruído por Deus no dilúvio, sendo preservado um pequeno remanescente.

– Israel e Judá são julgados e condenados ao exílio por 70 anos.

– As Nações que atacaram o povo de Deus, todas elas foram destruídas (assírios, babilônios, egípcios, poderes menores como Moabe e Filístia também).

– O juízo chega para todas as nações. Todos os homens devem enfrentar o grande julgamento (Jo 3.36; Ap 19.11-16).

Conclusão

O tema bíblico do juízo de Deus começa:

– Com uma advertência em Gênesis 2.17;

– Prossegue com as consequências da queda em Gênesis 3, e;

– Revela o resultado final da desobediência em Apocalipse 20.11-15.

À luz da certeza do julgamento, da maldição de Deus sobre os pecadores, e do desamparo do homem diante da ira de Deus, pode o homem natural viver com alguma esperança neste mundo longe do Salvador Jesus Cristo?

Jesus é pedra rejeitada por vós, os construtores, a qual se tornou a pedra angular. E não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos

– Atos 4.11-12

Aviva ó Senhor, a Tua obra!

Pr. Alan Kleber