Texto Bíblico:  Leia Zacarias 7.8-14

A mensagem dos antigos profetas (vv. 8-10)


Você já ouviu a mensagem dos antigos profetas?Nessa seção de seu livro, o profeta transmite a essência de Isaías 58.6-12. A palavra do SENHOR vem até Zacarias e ele então profetiza ao povo do pacto:

“A palavra do SENHOR veio a Zacarias, dizendo: Assim falara o SENHOR dos Exércitos: Executai juízo verdadeiro, mostrai bondade e misericórdia, cada um a seu irmão; não oprimais a viúva, nem o órfão, nem o estrangeiro, nem o pobre, nem intente cada um, em seu coração, o mal contra o seu próximo” (vv. 8-10).

A negligência dos deveres listados nos versículos 9 e 10 revela uma sociedade que está morta para Deus. Foi justamente isso que aconteceu com Israel antes do cativeiro babilônico – o Rei, os sacerdotes e o povo se tornaram insensíveis as palavras dos profetas e praticaram toda a sorte de injustiças.

Aplicação

Em uma nação tão insensível, não há reta administração da justiça, nem demonstração de misericórdia e compaixão por indivíduos fracos e feridos, nem amparo as viúvas, órfãos, estrangeiros ou pobres. Infelizmente, não há limites para se criar maneiras de praticar o mal. Em vez disso, existe simplesmente uma mentalidade de “cobra-engolindo-cobra” no mundo dos negócios, no ambiente doméstico e no governo eclesiástico. Certamente, a sociedade que grita: “abaixo aos fetos!”, “abaixo as vítimas de crimes!”, “abaixo aos oprimidos!”, está tragicamente morta para Deus.

Embora nossos deveres para com Deus sejam presumidos, nossos deveres para com nosso próximo são estabelecidos pelo Senhor como um teste de genuinidade de nosso compromisso com Ele. Isso não tem nada a ver com o chamado “evangelho social”, pois o genuíno evangelho é dirigido principalmente aos indivíduos. Contudo, o evangelho certamente tem implicações sociais, caso contrário, não seria a poderosa Palavra de Deus que as Escrituras retratam.

Recusar ouvir a mensagem dos profetas é grande prejuízo (v.11-14)

“Eles, porém, não quiseram atender e, rebeldes, me deram as costas e ensurdeceram os ouvidos, para que não ouvissem” (v. 11).

Certamente isso diz tudo. Os israelitas se recusaram a ouvir! Eles deram as costas para o SENHOR, um sinal de rejeição na linguagem corporal (cf. Ne 9.29) e, literalmente, “fizeram seus ouvidos pesados”. Na linguagem de Isaías, “… torne o coração deste povo entorpecido e seus ouvidos pesados”.

“Sim, fizeram o seu coração duro como diamante, para que não ouvissem a lei, nem as palavras que o SENHOR dos Exércitos enviara pelo seu Espírito, mediante os profetas que nos precederam; daí veio a grande ira do SENHOR dos Exércitos” (v. 12).

Em Jeremias 17.1, “O pecado de Judá está escrito com um ponteiro de ferro e com diamante pontiagudo, gravado na tábua do seu coração e nas pontas dos seus altares”. Que grande desperdício é rejeitar a revelação de Deus anunciado por meio de seus profetas!

O resultado de tais espíritos inflexíveis e ouvidos aturdidos foi que, quando o povo clamou em oração, o Senhor disse que não queria atender o seu pedido:

“Visto que eu clamei, e eles não me ouviram, eles também clamaram, e eu não os ouvi, diz o SENHOR dos Exércitos” (v.13)

Então, chegou o juízo do SENHOR dos Exércitos contra seu povo e ele espalhado “… com um turbilhão por entre todas as nações que eles não conheceram”, e a terra da promessa:

“… foi assolada atrás deles, de sorte que ninguém passava por ela, nem voltava; porque da terra desejável fizeram uma desolação” (v.14)

Aplicação

Isso não deveria ter sido uma surpresa para o povo de Deus, pois o profeta Isaías havia ensinado a mesma verdade em Isaías 58.9:

“… então, clamarás, e o SENHOR te responderá; gritarás por socorro, e ele dirá: Eis-me aqui. Se tirares do meio de ti o jugo, o dedo que ameaça, o falar injurioso”.

Somente quando os crentes obedecessem, Deus responderia suas orações e diria: “Eis-me aqui”. Provavelmente, essa seja a razão por que em nossos dias tão poucas orações são atendidas!

O grande profeta e libertador Moisés já havia profetizado da parte de Deus o que ficou registrado em Levítico 26.14-43 e Deuteronômio 28.15-68 – um verdadeiro alerta sobre as maldições do pacto caso Israel fosse desobediente e não desse “… ouvidos à voz do SENHOR, teu Deus, não cuidando em cumprir todos os seus mandamentos e os seus estatutos…”, ordenado por Ele. “… todas estas maldições…” viriam sobre os israelitas e os alcançaria. Porém, Israel manteve seu comportamento rebelde e de forma inflexível tapou seus ouvidos aos mandamentos de Deus até que não houvesse remédio:

“Eles, porém, zombavam dos mensageiros, desprezavam as palavras de Deus e mofavam dos seus profetas, até que subiu a ira do SENHOR contra o seu povo, e não houve remédio algum” (2Cr 36.16).

Quão importante é ouvir a Deus e as palavras que Ele enviou por meio de seus apóstolos e profetas!

Conclusão

1. Os mandamentos de Deus exigem de seu povo uma legítima ação social (não um ativismo social sem o Evangelho), cheia de amor e obediência ao Redentor que por sua graça os salvou para uma vida de gratidão cheia de boas obras (Mq 6.6-8).

2. Os relacionamentos na Igreja de Cristo são de extrema importância. Todo cristão deve se esforçar para desenvolver a comunhão com seu próximo, buscando a harmonia e a paz onde houver conflito e injustiça, praticando a humildade e a generosidade e restaurando a integridade nos relacionamentos.

3. Devemos praticar a bondade e a compaixão uns pelos outros. No versículo 9, “bondade” (חסד checed) e “misericórdia” (רחמּ racham) são palavras comuns na linguagem amorosa do Pacto de Javé com seu povo. Checed marca o amor conjugal, como também o amor de uma amizade verdadeira. Zacarias 7 nos oferece uma das razões por que a noção atual de anonimato na igreja é antibíblica e está enfraquecendo cada vez mais a comunidade cristã. Todo cristão deve procurar conhecer e servir a seu irmão conforme Deus o capacita. Não fiquemos satisfeitos em assistir apenas aos cultos e depois nos esconder durante o restante da semana em nossa própria caverna.

4. Lutemos contra a opressão aos mais fracos. A Igreja de Cristo precisa ter uma atitude diferente para com a viúva, o órfão, o pobre e o estrangeiro. Ainda hoje, esse é um dos grandes desafios da obra missionária nacional e internacional. Temos sido sensíveis ao sofrimento, fome, violência e abusos sofridos todos os dias por nossos irmãos na fé e por aqueles que necessitam de socorro? Quantos orfanatos, casas de acolhimentos para idosos, hospitais, albergues, a igreja evangélica mantém em nossa cidade?

5. Não intentemos contra nosso próximo, o mal em nosso coração: “Eis as coisas que deveis fazer: Falai a verdade cada um com o seu próximo, executai juízo nas vossas portas, segundo a verdade, em favor da paz; nenhum de vós pense mal no seu coração contra o seu próximo, nem ame o juramento falso, porque a todas estas coisas eu aborreço, diz o SENHOR” (Zc 8.16-17). Justiça, bondade, compaixão e consideração devem caracterizar o povo de Deus, pois caracterizam o próprio Deus.

Aviva ó Senhor, a Tua obra!

Pr. Alan Kleber