Interpretar este versículo não é fácil, de modo que, ele tem sido um problema para muitos cristãos sinceros. À primeira vista, ele parece estar ensinando a salvação pelas obras. É como se o autor da Carta ao Hebreus dissesse aos cristãos: “Se buscarmos a paz e a santificação com sucesso, receberemos a salvação e veremos o Senhor”. No entanto, a verdade é que uma pessoa não salva jamais terá sucesso em buscar paz ou santificação. Somente os cristãos têm a capacidade, por meio do Espírito Santo, de viver em paz e santidade. “Para os perversos, diz o meu Deus, não há paz” (Is 57.21) e tudo o que os homens tentam produzir sem Deus é como “trapos de imundícia” (Is 64.6).

O autor aos Hebreus, portanto, está falando sobre paz e justiça na prática. Os cristãos, quanto à sua posição em Cristo, já estão justificados e gozam paz com Deus, mas na prática há um longo caminho a percorrer. Devemos ser pacificadores porque estamos em paz com Deus. Devemos viver uma vida justa porque somos declarados justos. Nossa prática deve fazer justiça à nossa posição. Do contrário, o incrédulo vai recuar e perguntar: “Por que você não pratica o que prega? Se você não vive como Cristo disse, por que eu deveria crer nele como meu Senhor e Salvador?”

“… aquele que diz que permanece nele, esse deve também andar assim como ele andou” 1 João 2.6

Seguir a paz está principalmente relacionado ao dever de amar o próximo como a si mesmo, e seguir a justiça está principalmente relacionado ao dever de amar a Deus sobre todas as coisas. Se amarmos os homens, estaremos em paz com eles; se amarmos a Deus, viveremos em retidão.

AME AO PRÓXIMO COMO A SI MESMO

A Paz é uma avenida de mão dupla. Não é possível que duas pessoas, ou duas nações, vivam em paz uma com a outra se uma delas for continuamente beligerante. Jesus tinha paz com todos os homens, mas nem todos os homens tinham paz com Ele. Paulo esclarece o princípio:

“se possível, quanto depender de vós, tende paz com todos os homens” Romanos 12.18

Somos apenas responsáveis pelo nosso lado no processo de paz, mas não podemos usar a beligerância dos outros como desculpa para responder da mesma forma. Temos a obrigação de viver em paz, independentemente daqueles que vivem ao nosso redor nos tratarem do mesmo modo. Se eles não vivem em paz, isso é problema deles, mas, nunca nossa desculpa.

AME A DEUS SOBRE TODAS AS COISAS

A Santificação tem a ver com amar a Deus acima de tudo e de todos. Fala da vida pura, santa e obediente que vivemos, reservada para a glória de Deus, porque o amamos. Quando amamos a Deus, queremos ser como Ele é e consequentemente, os outros o verão em nós e se sentirão atraídos por Ele. O amor ao próximo e o amor a Deus são inseparáveis.

A parte mais difícil de interpretar no versículo 14 é sem a qual ninguém verá o Senhor. Aqui a referência é para os incrédulos que observam que seguimos a paz e a santidade, sem as quais eles não seriam atraídos a Cristo entregando-se a Ele de todo o coração. A passagem não diz “sem a qual você não verá o Senhor”, mas sem a qual ninguém verá o Senhor.

Em outras palavras, quando os incrédulos veem a santidade e a paz do cristão, eles são atraídos a Deus. O Senhor Jesus disse:

“Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns aos outros” João 13.3

Conclusão

Nosso amor ao próximo é um testemunho do Pai e do Filho. É um meio de atrair pessoas a Cristo, sem o qual ninguém verá o Senhor. Enquanto corremos a maratona da fé através do caminho certo, mostrando amor pelos homens, fazendo as pazes, mostrando amor a Deus e sendo santos, outros verão o Senhor.

Paulo sofreu por alguns dos cristãos imaturos da Galácia, aos quais escreveu:

“meus filhos, por quem, de novo, sofro as dores de parto, até ser Cristo formado em vós” Gálatas 4.19

O desejo do apóstolo era que acima de todas as coisas, eles crescessem à semelhança de Cristo. Assemelhar-se a Cristo é o nosso maior testemunho ao mundo. Jesus também orou a seu Pai Celestial pelos discípulos assim:

“a fim de que todos sejam um; e como és tu, ó Pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em nós; para que o mundo creia que tu me enviaste” João 17.21

Em Cristo, Autor e Consumador da fé,

Pr. Alan Kleber