“Quando, pois, vos reunis no mesmo lugar, não é a ceia do Senhor que comeis. Porque, ao comerdes, cada um toma, antecipadamente, a sua própria ceia; e há quem tenha fome, ao passo que há também quem se embriague. Não tendes, porventura, casas onde comer e beber? Ou menosprezais a igreja de Deus e envergonhais os que nada têm? Que vos direi? Louvar-vos-ei? Nisto, certamente, não vos louvo” (1o Coríntios 11.20-22).

Tomando uma abordagem típica, o apóstolo Paulo escreveu que quando os coríntios se reuniam para comer a Ceia do Senhor, eles não estavam se reunindo verdadeiramente para comê-la. Isso se tornou evidente quando Paulo citou que um crente corria para comer sua própria comida, enquanto outro era deixado de fora e outro se embebedava.

Claramente, isso estava acontecendo em Corinto porque a Ceia do Senhor ocorria no contexto de uma reunião chamada de Festa do Amor (ágape na língua grega). Havia comida suficiente para as pessoas ficarem gananciosas. O apóstolo então disse: “Se você quer comer sua própria comida, então por que não come e bebe em sua própria casa? Quando você traz as disparidades que existem entre ricos e pobres para a Ceia do Senhor, está desfazendo o propósito da Ceia”.

Benjamim recebeu uma porção muito maior do que seus irmãos porque José estava mostrando favor a ele. José deu a ele cinco vezes mais:

“Então, lhes apresentou as porções que estavam diante dele; a porção de Benjamim era cinco vezes mais do que a de qualquer deles. E eles beberam e se regalaram com ele” (Gênesis 43.34).

Saul, filho de Benjamim, recebeu uma porção de escolha quando se sentou no banquete porque Samuel estava lhe mostrando favor:

“Tomou, pois, o cozinheiro a coxa com o que havia nela e a pôs diante de Saul. Disse Samuel: Eis que isto é o que foi reservado; toma-o e come, pois se guardou para ti para esta ocasião, ao dizer eu: Convidei o povo. Assim, comeu Saul com Samuel naquele dia” (1o Samuel 9.24).

Se permitíssemos que o homem rico em nossa assembleia – o grande dizimista – recebesse uma porção muito maior dos que os mais pobres, nossa observância da Ceia estaria declarando uma terrível falsidade. Permitir que algo assim ocorra na Mesa do Senhor é introduzir distinções no Sacramento que a Santa Ceia foi projetada para desfazer.

Quando permitimos que este tipo de discrepância entre ricos e pobres se manifeste na Ceia, estamos fazendo sacramentalmente o que o apóstolo Tiago proibiu quando tratou da disposição dos assentos na igreja:

“Se, portanto, entrar na vossa sinagoga algum homem com anéis de ouro nos dedos, em trajos de luxo, e entrar também algum pobre andrajoso, e tratardes com deferência o que tem os trajos de luxo e lhe disserdes: Tu, assenta-te aqui em lugar de honra; e disserdes ao pobre: Tu, fica ali em pé ou assenta-te aqui abaixo do estrado dos meus pés, não fizestes distinção entre vós mesmos e não vos tornastes juízes tomados de perversos pensamentos?” (Tiago 2.2).

Tal deferência aos que tem mais renda desprezando aqueles que são mais simples promove distinções que não têm lugar no meio do povo pactual de Deus. Quando nos comportamos de uma maneira que envergonha aqueles de fora, desprezamos a igreja de Cristo.

Portanto, não podemos desprezar a igreja de Cristo sem também desprezar a Mesa no meio da igreja de Cristo. E se desprezamos a Mesa do Senhor enquanto estamos sentados em torno dela, certamente não estamos realmente observando a Ceia do Senhor. Se agirmos assim, não é da Ceia do Senhor que estamos participando – embora seja a Ceia do Senhor que infelizmente desprezamos.

“Tu me farás ver os caminhos da vida; na tua presença há plenitude de alegria, na tua destra, delícias perpetuamente” (Salmo 16.11).

Seja bem-vindo à Mesa do Senhor Jesus Cristo!

Pr.  Alan Kleber