– Uma Convocação para a Vitória –

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Houve um tempo em que o Salmo 149 era muito usado pelos cristãos em meio ao perigo e a guerra. Mesmo admitindo que às vezes até mesmo hereges o usavam para o mal, permanece o fato de que todos os que o usaram tinham neste ponto, uma consciência mais realista do significado das Escrituras do que os cristãos dos dias atuais.

O Salmo 149 e textos semelhantes da Bíblia foram usados ​​por cristãos ortodoxos no decorrer dos séculos porque acreditavam na afirmação muitas vezes repetida das Escrituras de que Deus chama seu povo à vitória no tempo e na eternidade.

Portanto, este é um Salmo de louvor: o Salmo 149 nos dá aspectos do louvor a Deus exigido e ordenado por Ele mesmo ao seu povo pactual.

Existem duas maneiras pelas quais somos chamados e solicitados a louvar a Deus. O Salmo começa e termina com uma convocação e uma ordem: “Louvai ao Senhor”.

1) A primeira forma de louvor exigida é o louvor de adoração exuberante, de alegria e beleza (vv. 1-4). O chamado é para cantar “uma nova canção”, ou seja, uma canção de ação de graças pela libertação. A adoração a Deus requer louvor e ação de graças (v. 1).

O povo pactual de Deus deve se alegrar em seu Criador. Os crentes devem estar alegres naquele que é o seu Rei. O fato da realeza de Deus decorre de sua criação do céu e da terra. Como Criador de todas as coisas, Deus é o legislador absoluto, Senhor e Rei de tudo.

O louvor a Deus é de exuberância, de alegre ação de graças. Os crentes devem louvar a Deus (v. 3) com a mente e o corpo, com música e dança (cf. Êxodo 15.20; Juízes 11.34; 2 Samuel 6.14; Jeremias 31.4). A vida do crente deve ser alegre em todos os aspectos. Ele deve ter uma mente “sóbria” (1 Tessalonicenses 5.6), ou seja, ser estável, calmo, evitando indiferença ou excitabilidade. Contudo, uma pessoa sóbria também pode ser alegre e exuberante. Excitabilidade ou instabilidade emocional e exuberância alegre são duas coisas diferentes.

O motivo dessa alegria está no fato de que o Senhor “se agrada do seu povo”. Eles são os “humildes” ou “mansos”, aqui significando “curvados” pela opressão, pelo sofrimento, por causa de sua decisão de viver pela fé. Mas, o Senhor “embelezará os mansos com a salvação” (v. 4). O propósito de Deus, como Isaías declarou, é

“… pôr sobre os que em Sião estão de luto uma coroa em vez de cinzas, óleo de alegria, em vez de pranto, veste de louvor, em vez de espírito angustiado; a fim de que se chamem carvalhos de justiça, plantados pelo SENHOR para a sua glória” (Isaías 61:3).

2) A segunda forma de louvor exigido é por meio da batalha rumo à vitória (vv.5-9).

O versículo 5 exorta a que “Exultem de glória os santos, no seu leito cantem de júbilo”. O que os versículos 6-9 têm em mente é a batalha real e a destruição física dos inimigos de Deus. Esses versículos não podem ser “espiritualizados”. Eles falam da destruição literal dos inimigos de Deus como um meio de louvar ao Senhor dos Exércitos. Temos aqui um meio ordenado por Deus e uma vitória ordenada por Deus. É esse triunfo que faz com que os cristãos rolem e cantem em voz alta em suas camas, sem conseguir dormir de tanta alegria. Este é o chamado de Deus para o seu povo.

Esse chamado para a vitória envolve,

Primeiro, o louvor a Deus de coração e boca: “Nos seus lábios estejam os altos louvores de Deus”(v.6).

Nos seus lábios estejam os altos louvores de Deus

Em segundo lugar, requer guerra total contra os inimigos de Deus, contra todas as hostes do mal. O povo de Deus deve estar pronto para a guerra, “, nas suas mãos, espada de dois gumes (v.6).

Terceiro, Deus chama seu povo para exercer domínio em todas as áreas, na igreja e no estado, e para servir a Deus trazendo justiça contra os malfeitores, “para exercer vingança entre as nações e castigo sobre os povos” (v. 7).

Quarto, a natureza dessa vingança é especificada. Nem todo mal pode ser eliminado do mundo. Mas, a lei e a ordem piedosas podem “amarrar” o mal e impor “grilhões de ferro” e restrições a todos os que violam a lei: “para meter os seus reis em cadeias e os seus nobres, em grilhões de ferro” (v.8).

Quinto, “executar contra eles a sentença escrita” não é apenas o dever dos santos, mas também “será honra para todos os seus santos” fazê-lo. Como Alexander escreveu:

“Atuar como instrumentos de Deus neste grande processo judicial, longe de ser uma desgraça ou dificuldade, é uma honra reservada para todos os que são objetos de sua misericórdia e súditos de sua graça.” (Joseph Addison Alexander, The Psalms (Grand Rapids: Zondervan, 1864), 563.

A má interpretação do Salmo 149 envolve sua leitura como um documento inteiramente do passado, da história de Israel, e sem qualquer relevância para nós. Podemos até concordar que este salmo pode ter feito referência, e provavelmente o fez, a um incidente histórico específico, ainda assim é uma perversão da história limitar ao passado um texto que é dado sem qualquer limitação de tempo para o povo pactual de Deus.

O Senhor estava disposto para a vitória com respeito a Israel, e para a derrota no que tocante aos homens e nações cristãs? Herbet Leupold lê este salmo em termos do passado e o defende nesses termos. Ao comentar o versículo 3, por exemplo, “ele insiste em traduzir a simples palavra ‘dança’ como ‘dança solene’! Se algo está claro neste salmo, é aquela alegria exuberante, não solenidade. Uma ‘dança solene’ é o tipo de blasfêmia pretensiosa encenada pelas igrejas modernistas. A suposição de Leupold é que se trata de uma dança religiosa. Do ponto de vista das Escrituras, todas as coisas são religiosas, mas apenas os atos de adoração estão associados ao santuário (Herbert Carl Leupold: Exposition of the Psalms (Columbus, Ohio: Wartburg Press, 1959), 1001-1005).

Tal defesa é lamentável e ainda mais para um comentarista bíblico competente. Segundo Leupold, no passado a ação de Deus era moral e hoje então é imoral?A negligência deste salmo e de muitas passagens semelhantes deve-se ao erro prevalecente do derrotismo, uma crença maniqueísta de que Satanás triunfará no mundo material e que somente a segunda vinda de Jesus anulará esta derrota líquida e certa.

Os comentaristas que tratam este salmo como aplicável exclusivamente à história de Israel, defendendo somente a sua moralidade, revelam verdadeiramente sua própria imoralidade. Limitar a justificativa da vitória à história antiga do povo de Israel é algo terrível. Seu Deus está morto, pois ele atuou apenas no passado antigo de Israel. Sejam crentes ou não, tais homens são culpados de blasfêmia e merecem a vingança de Deus. Nosso Senhor é um Deus de batalhas e de vitória. Não existe outro Deus. As Escrituras conhecem apenas um Deus verdadeiro, e Ele não muda, pois é o mesmo ontem, hoje e o será para sempre.

Portanto, o Salmo 149 fala incondicionalmente de vitória. Aqueles que se recusam a acreditar que a história verá o triunfo do povo de Deus, sua vingança sobre os inimigos de Deus e seu governo fundamentado na justiça e na verdade, estão negando a Deus o louvor que lhe é devido. O Salmo 149 é um dos salmos do “Grande Hallel” (os Salmos de Aleluia começam com o 146 e terminam com 150). É fundamental para o louvor a Deus, o tipo de “louvor expresso com poder” (Leslie S. M’Caw, “The Psalms”, em F. Davidson, A. M. Stibbs, E. F. Kevan, editores, The New Bible Commentary (Grand Rapids: Eerdmans, 1953), 513).

Aleluia!

Rev. Alan Kleber Rocha