Qual é o propósito da assembleia do Dia do Senhor? Por que vamos a um culto na igreja no domingo? Na pastoral anterior, vimos que há uma dimensão evangelística genuína na liturgia do Dia do Senhor. O Evangelho é incorporado na liturgia e pregado no sermão. Contudo, não é dirigido principalmente aos que estão fora da fé, mas à comunidade dos crentes.

De modo que, quando os incrédulos nos visitarem, eles ouvirão o Evangelho, mas não será em seus próprios termos, pois primordialmente, adoração não é evangelismo. Vimos também que há pelo menos quatro diferentes perspectivas populares sobre o propósito do culto de domingo. Na pastoral de hoje, refletiremos brevemente sobre a segunda perspectiva popular sobre o que fazemos aos domingos no momento da adoração.

Adoração como Educação?

Outro segmento da igreja acredita que o culto dominical deve ter o propósito de comunicar a verdade. Portanto, a educação é o objetivo principal da adoração. Igrejas que têm essa ênfase tendem a degenerar em salas de aula com retroprojetores e exércitos de membros fazendo anotações. No entanto, mesmo sem essa estrutura educacional, as igrejas conservadoras no Brasil normalmente destacam a doutrina e o ensino em seus cultos. Mas, será que essa é a prioridade do culto público?

O sermão, por exemplo, é elevado desproporcionalmente como o elemento dominante da adoração. A educação passa a ser o objetivo principal. Nada mais é de muita importância no serviço litúrgico. A maior parte do que vem antes do sermão funciona como “cerimônia pré-jogo” para o evento principal – o sermão. Os crentes podem gostar de cantar, e isso pode fazer com que se sintam bem, porém, eles realmente não pensaram sobre qual é o verdadeiro propósito do cântico de hinos e salmos na estrutura geral da liturgia do culto – além de preparar a congregação emocionalmente para o sermão.

Entretanto, mais uma vez, a Bíblia parece não enfatizar o ensino ou a educação na adoração pactual.

“Vinde, cantemos ao SENHOR, com júbilo, celebremos o Rochedo da nossa salvação. Saiamos ao seu encontro, com ações de graças, vitoriemo-lo com salmos…Vinde, adoremos e prostremo-nos; ajoelhemos diante do SENHOR, que nos criou” (Salmo 95.1-2, 6).

“Ele é o nosso Deus, e nós, povo do seu pasto e ovelhas de sua mão. Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais o coração, como em Meribá, como no dia de Massá, no deserto” (Salmo 95.7, 8).

Não endurecer nossos corações à voz de Deus tem um contexto doxológico, ou seja, de devoção, rendendo toda honra e toda a glória ao Deus que nos salvou. Nosso Senhor Jesus Cristo citou a profecia de Isaías e disse que o local de reunião de seu povo pactual deveria ser uma “casa de oração”, não um auditório ou uma sala de aula:

“E disse-lhes: Está escrito: A minha casa será chamada casa de oração” (Mateus 21.13).

“Também os levarei ao meu santo monte e os alegrarei na minha Casa de Oração; os seus holocaustos e os seus sacrifícios serão aceitos no meu altar, porque a minha casa será chamada Casa de Oração para todos os povos” (Isaías 56.7).

Na adoração que acontece no céu, as hostes celestiais não estão sentadas como exércitos de estudantes armados com blocos de anotações e lápis ao redor do trono do Cordeiro. Em vez disso, nós vemos em Apocalipse 4 e 5 tais hostes prostradas “diante daquele que se encontra sentado no trono”, adorando “o que vive pelos séculos dos séculos”, e depositando as suas coroas diante do trono e proclamando: “Tu és digno, Senhor e Deus nosso, de receber a glória, a honra e o poder, porque todas as coisas tu criaste, sim, por causa da tua vontade vieram a existir e foram criadas” (Apocalipse 4.10). Nós tambémos ouvimos cantando “um novo cântico” (Apocalipse 5.9).

Portanto, se esta cena celestial serve como modelo para a nossa adoração cristã aqui na terra, então os atos corporativos de ajoelhar-se e erguer as mãos para o alto como congregação, as declarações da nossa fé e o canto congregacional são fundamentais para a adoração. Tudo isso não significa dizer que o ensino não tenha lugar nos cultos cristãos de renovação pactual, pois tudo o que fazemos na adoração é repetitivo e, portanto, didático – um treinamento para a adoração na eternidade. No entanto, a educação não é a única ou principal razão pela qual os cristãos devem ir à igreja no domingo – adoração não é educação.

Vinde, cantemos ao SENHOR, com júbilo,

celebremos o Rochedo da nossa salvação

Rev. Alan Kleber Rocha