Qual é o propósito da assembleia do Dia do Senhor? Por que vamos a um culto na igreja no domingo? Existem pelo menos quatro perspectivas populares sobre o propósito do culto no Dia do Senhor.  Na pastoral anterior, vimos que na adoração que acontece no céu, as hostes celestiais não estão sentadas como exércitos de estudantes armados com blocos de anotações e lápis ao redor do trono do Cordeiro.

Em vez disso, nós vemos em Apocalipse 4 e 5 tais hostes prostradas “diante daquele que se encontra sentado no trono”, adorando “o que vive pelos séculos dos séculos”, e depositando as suas coroas diante do trono e proclamando: “Tu és digno, Senhor e Deus nosso, de receber a glória, a honra e o poder, porque todas as coisas tu criaste, sim, por causa da tua vontade vieram a existir e foram criadas” (Apocalipse 4.10). Nós tambémos ouvimos cantando “um novo cântico” (Apocalipse 5.9).

Portanto, se esta cena celestial serve como modelo para a nossa adoração cristã aqui na terra, então os atos corporativos de ajoelhar-se e erguer as mãos para o alto como congregação, as declarações da nossa fé e o canto congregacional são fundamentais para a adoração.

Tudo isso não significa dizer que o ensino não tenha lugar nos cultos cristãos de renovação pactual, pois tudo o que fazemos na adoração é repetitivo e, portanto, didático – um treinamento para a adoração na eternidade. No entanto, a educação não é a única ou principal razão pela qual os cristãos devem ir à igreja no domingo – adoração não é educação. Na pastoral de hoje, refletiremos brevemente sobre a terceira perspectiva popular sobre o que fazemos aos domingos no momento da adoração.

Adoração como Experiência?

Alguns enfatizam que a experiência emocional ou interior da congregação na adoração é o propósito maior do que fazemos nos cultos dominicais. Eles acreditam que a função da adoração no Dia do Senhor é produzir algum tipo de resposta benéfica do “coração” nas pessoas. Muitos líderes da igreja parecem acreditar precisamente nisso. A religião se reduz ao que acontece “dentro” de nós, às vezes até a sentimentos piedosos.

Pastores sorriem o tempo todo e leem poemas do púlpito para ajudar as pessoas a se sentirem bem consigo mesmas. Para aqueles que abraçaram esta filosofia de adoração, o foco da igreja é antropológico – isto é, centrado no homem. Chega a ser uma espécie de polianismo litúrgico, uma tendência à positividade onde os adoradores são encorajados a lembrar de coisas agradáveis (amor, alegria, paz de consciência, etc) enquanto se esquecem das desagradáveis (pecado, morte, inferno, ira de Deus, etc.). A tônica de toda a liturgia é: “Lembre-se de que Deus te ama do jeito que você é”.

Adoração não é Experiência

Entretanto, a Bíblia ensina que Deus ama seu povo apesar do jeito que eles são, por causa de seu Filho Jesus Cristo. Mesmo assim, em muitos cultos aos domingos, parece que as pessoas a todo custo devem deixar o santuário sentindo que estão bem e acreditando que todos os outros também. A fé cristã é reduzida ao sentimentalismo religioso.

Em grande parte da igreja brasileira durante os cultos a edificação é desprendida de suas amarras doutrinárias enquanto uma rajada humanista e pós-moderna cheia de tolices psicológicas e sociológicas é soprada sobre os crentes. É quase como se a maior conquista da adoração corporativa fosse engendrar dentro dos adoradores algum tipo de êxtase emocional ou psicológico induzido pelo louvor.

A Palavra de Deus não nos ensina que a adoração deve ser avaliada de acordo com o efeito que pode ter ou não sobre os adoradores, mas se é “aceitável” ou não diante de Deus:

“Aconteceu que no fim de uns tempos trouxe Caim do fruto da terra uma oferta ao SENHOR. Abel, por sua vez, trouxe das primícias do seu rebanho e da gordura deste. Agradou-se o SENHOR de Abel e de sua oferta; ao passo que de Caim e de sua oferta não se agradou. Irou-se, pois, sobremaneira, Caim, e descaiu-lhe o semblante. Então, lhe disse o SENHOR: Por que andas irado, e por que descaiu o teu semblante? Se procederes bem, não é certo que serás aceito? Se, todavia, procederes mal, eis que o pecado jaz à porta; o seu desejo será contra ti, mas a ti cumpre dominá-lo” (Gênesis 4.3-7; cf. Êxodo 32; Isaías 1).

Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Romanos 12.1-2; cf. 14.17-18).

Por isso, recebendo nós um reino inabalável, retenhamos a graça, pela qual sirvamos a Deus de modo agradável, com reverência e santo temor; porque o nosso Deus é fogo consumidor” (Hebreus 12.28-29; cf. 13.16).

Portanto, seria difícil provar pelas Escrituras que o propósito principal da assembleia corporativa deveria ser produzir experiências religiosas e emocionais naqueles que se reúnem. Adoradores se reúnem para realizar ações, executar comandos dados por Deus, ainda que revestidos de fervor e alegria na presença do Rei. A linguagem bíblica da adoração revela adoradores realizando ações diante de Deus:

1. Ofertando (Salmo 4.5);

2. Prostrando-se (Isaías 49.7);

3. Confessando (Salmo 32.5);

4. Ajoelhando-se Salmo 95.6);

5. Cantando (Salmo 95.1);

6. Trazendo presentes em suas mãos (Êxodo 25.1, 2).

Louva, Jerusalém, ao SENHOR; louva, Sião, ao teu Deus.

Rev. Alan Kleber Rocha