Amada congregação,

Na pastoral passada refletimos sobre o salmo 120, o qual abre os salmos conhecidos como “Cânticos de peregrinação”. Como vimos na pastoral anterior, os cânticos de peregrinação são compostos por diferentes tipos de salmos, pois entre eles estão os de lamentação individual (Salmo 120), e outros tipos como os de confiança (Salmo 121) por exemplo.

O salmo 121 demonstra a confiança do salmista no Senhor “que fez o céu e a terra”, pois ele fala que o Senhor é o seu auxílio (vs.1,2), sua segurança (vs. 3,4), sua proteção (vs. 5,6), e por fim, aquele que o preserva (vs. 7,8).

O salmista começa falando sobre sua ação, que foi a de elevar os olhos para os montes. Uma pergunta que surge é a seguinte: Por que olhar para os montes? O que esses montes representavam para os peregrinos? A cidade de Jerusalém era cercada por montes/colinas, os quais eram vistos pelos que peregrinavam rumo a Jerusalém. Para alguns teólogos, os montes representavam perigo, para outros, confiança.

No que se refere ao perigo, afirma-se que poderia haver saqueadores escondidos nos montes, o que representava um perigo iminente para os peregrinos. Quanto a possibilidade de os montes representarem confiança, afirma-se que os montes/colinas “inspiravam em muitos o senso de confiança”.  

Se os montes representavam perigo ou confiança, a pergunta do salmista continua ecoando em busca de uma resposta, pois ele diz: De onde me virá o socorro?

O próprio salmista responde à pergunta dizendo: “O meu socorro vem do Senhor que fez os céus e a terra”. A expressão “que fez o céu e a terra” é uma referência a Gn 2.4 e Êx 20.11, que diz: “Esta é a gênese dos céus e da terra quando foram criados, quando o Senhor Deus os criou” (Gn 2.4); “porque, em seis dias, fez o Senhor os céus e a terra, o mar e tudo o que neles há” (Êx 20.11).

Ao lançar mão desses textos bíblicos, o salmista quis dizer que o Deus de Israel tem poder ilimitado e universal. O salmista está mostrando que o Deus pactual não desampara os seus peregrinos em sua jornada, pois dele vem o socorro.

“O Deus pactual de Israel é seu ajudador, cujo poder criativo como Criador do céu e da terra é uma garantia de sua capacidade de ajudar seu povo. O Criador de todas as coisas é capaz de condescender-se em saciar suas necessidades”.

É com base nessa certeza de que o Senhor é o socorro do crente, que o salmo tem o seu desenvolvimento com palavras afirmativas.

Nesse salmo de confiança, fica evidente que o Senhor é o nosso socorro, pois ele é o guardião de nossas vidas. Ele guarda nos guarda desde as pequenas coisas até as grandes coisas, ou seja, ele nos guarda desde as circunstâncias mais simples da nossa vida, até as mais complexas.

O crente está em uma jornada de peregrinação em direção a Jerusalém celestial. E nessa peregrinação, ele passa por perigos, pois em muitas circunstâncias da vida diária do crente, ele se sente como se estivesse sendo assaltado pelas preocupações e ansiedades desta vida. Há situações em que o crente é tentado a colocar sua confiança nas promessas humanas, nas riquezas, em coisas que não tem fundamento sólido. Mas, à semelhança do salmista, ele sabe que mesmo diante de situações de perigo e sofrimento, sua confiança deve estar no Senhor que criou os céus e a terra, ou seja, no Deus pactual, o qual não desampara os seus peregrinos que sofrem constantes ameaças nesse mundo. O crente sabe que somente do seu Deus vem seu socorro, e é por causa desse socorro que ele chegará à Jerusalém celestial.

A Igreja de Cristo peregrina nesse mundo em direção a Jerusalém, e essa peregrinação da Igreja ao longo dos séculos vem sendo marcada pela confiança no Senhor Jesus, o qual derramou seu sangue para resgatá-la da escravidão do pecado, para que esta siga firme em sua peregrinação confiando nele, o qual recebeu toda autoridade no céu e na terra, e disse que está com sua Igreja todos os dias, até a consumação dos séculos.

Portanto, amados irmãos, afirmemos juntamente com o salmista: “O meu socorro vem do Senhor, que fez o céu e a terra”.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

HARMAN, Allan. Comentários do Antigo Testamento: Salmos. São Paulo: Cultura Cristã, 2011.

SPURGEON, Charles H. Devocional Manhã & Noite. Edição do Kindle.