“Porque, se os mortos não ressuscitam, também Cristo não ressuscitou. E, se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos pecados.” (1 Coríntios 15:16–17)

No Jardim do Éden, quando Deus formou o primeiro homem do pó da terra (Gn. 2:7), o Todo-Poderoso estava simplesmente fazendo o papel de escultor. Ele moldou Adão do pó da terra, mas até a segunda metade do versículo, este Adão era simplesmente pó rearranjado. Depois que a aparência de um homem foi moldada do pó, Deus soprou em suas narinas o “fôlego da vida”, e foi então que o homem se tornou uma alma vivente. A poeira ainda estava lá, mas agora algo mais estava presente. A imagem de Deus estava agora presente na vida do homem.

Mas, essa imagem logo seria manchada. Apesar da advertência de Deus de que se ele comesse do fruto proibido “certamente morreria”, nosso primeiro pai desobedeceu e, no cumprimento da maldição, foi arrastado de volta ao pó da terra. “No suor do teu rosto comerás o teu pão, até que tornes à terra; porque dela foste formado; porque tu és pó, e ao pó tornarás” (Gn. 3:19).

Deus tirou Adão de um estado de “morte” quando o criou. Adão não era, e então ele passou a ser. Ele andava com Deus no Jardim e era livre para comer de todas as árvores menos uma, e assim obteria livre acesso à árvore da vida. Ele e sua noiva estavam naquela época real e verdadeiramente vivos. Quando pecaram, mergulharam a si mesmos e toda a sua posteridade no pó da morte. Em 1 Coríntios 15 esta morte é igualada a permanecer em nossos pecados.

Isso é o que é a morte espiritual – separação da comunhão com o Deus santo. E isso é o pecado – separação da comunhão com o Deus santo.

Observe a lógica do apóstolo Paulo. Se os mortos não ressuscitam, então Cristo não ressuscitou. E se Cristo não ressuscitou, sua fé é vã e você ainda está em seus pecados. Agora, se você juntar tudo isso, verá que quando Cristo ressuscitou dos mortos, e nós fomos ressuscitados dos mortos nele e com ele, também fomos ressuscitados naquele momento de nossos pecados. Nossos pecados são nossa morte; nossa morte foi nossa pecaminosidade. O pecado é a nossa morte; o pecado é o nosso pó.

É assim que Paulo descreve nossa condição anterior em Efésios:

“Ele vos deu vida, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados, nos quais andastes outrora, segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe da potestade do ar, do espírito que agora atua nos filhos da desobediência; entre os quais também todos nós andamos outrora, segundo as inclinações da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos, por natureza, filhos da ira, como também os demais.”

Efésios 2:1-3

Observe aqui que a morte não significa estar “frio como uma pedra” porque quando estávamos nesta condição de morte, estávamos andando no curso deste mundo. Quando estávamos mortos, estávamos vivendo de uma certa maneira. Aquele caminho, era o caminho da morte, o que significava que estávamos andando em uma condição que consistia em viver separado de Deus.

Portanto, a morte não é uma simples cessação; a morte é a separação. A morte física é a separação da alma e do corpo. A morte espiritual é a separação do homem e de Deus. Quando morremos para os caminhos do mundo, nos separamos de seus caminhos profanos. “Por isso, retirai-vos do meio deles, separai-vos, diz o Senhor; não toqueis em coisas impuras; e eu vos receberei” (2 Co. 6:17).

Então é isso que é a morte. A morte é a distância, a morte é a separação.

Costumávamos viver separados de Deus, estranhos a Ele, inimigos Dele. Cristo desceu até nós nessa condição, e em Sua paixão e morte, Ele experimentou essa morte. “Secou-se o meu vigor, como um caco de barro, e a língua se me apega ao céu da boca; assim, me deitas no pó da morte” (Sl. 22:15).

Olhe novamente para as palavras do nosso texto e trabalhe a lógica na outra direção. Mas se os mortos ressuscitam, então não é notável que Cristo tenha sido o primeiro a ressuscitar. Mas, se Cristo ressuscitou, então sua fé Nele não é em vão e, mais do que isso, você não está mais em seus pecados.

Fora de Cristo, qual é a condição do homem? Separados de Cristo, onde estamos? Separado de Deus, de que adianta alguma coisa? Nós é que buscamos o fruto proibido em nossa vã questão de “ser como Deus”, e o que realmente realizamos? Aonde realmente chegamos?

Agora vivemos em lugares secos e sufocantes. Poeira sobre todas as coisas. Garrafas quebradas. O ar está azedo. A fumaça do egoísmo deixou um gosto amargo em sua língua. As paredes se inclinam. Quase não há luz. Sombras fantasmagóricas piscam levemente nas cortinas, mas não significam nada. Nada mais se move. O único som que podemos ouvir é o nosso próprio murmúrio, o som inútil de uma reclamação sem fim.

E no meio de toda essa morte empoeirada, Cristo aparece de repente. Ele fala com a parede à sua frente e ela desaparece. Antes parecia imóvel e intocável, mas simplesmente desapareceu. Cristo se volta para você e fala uma palavra simples, e essa palavra veio até nós.

Este é o dia da ressurreição. Então o que você vai fazer? Este é o domingo de Páscoa. Você O seguirá? Cristo abraçou a morte. Cristo desceu à sepultura. E Cristo ressuscitou triunfante. Essa é a boa palavra. Esse é o evangelho. O que você pretende fazer? Há apenas uma palavra com a qual você deve contar, e essa palavra chegou até nós. Os cristãos são aqueles que anunciam essa poderosa palavra.

Feliz Páscoa!

Rev. Alan Kleber Rocha

Domingo da Ressurreição, Março de 2024, Anno Domini