“Lembrem-se dos que estão na prisão, como se aprisionados com eles; dos que estão sendo maltratados, como se fossem vocês mesmos que o estivessem sofrendo no corpo” (Hebreus 13.3)

Nos últimos meses (março e abril), dezenas de famílias assírias refugiadas fugiram de Hassaka por causa dos confrontos da guerra na Síria. “Cristãos assírios estão enfrentando um perigo que ameaça a sua existência em regiões históricas”, disse Emanuel Youkhana, líder de uma igreja local, no dia 23 de abril, a Subcomissão do Parlamento Europeu sobre Direitos Humanos em Bruxelas.

“A situação em Hassaka é ruim e muito frágil”. Os confrontos acontecem agora perto dos subúrbios da cidade de Hassaka, onde os líderes das igrejas locais se encontram. “Apenas 800 famílias cristãs permanecem na província”, disse Youkhana.

Pelo menos 300 famílias chegaram a Beirute, onde o governo libanês concordou em conceder vistos de seis meses para os cristãos assírios de Hassaka. Outros fugiram para campos de refugiados do outro lado da fronteira iraquiana, perto de Dohuk.

Em Teerã, o dia do Pr. Saeed Abedini começa assim: “Acordo depois de uma noite sem dormir, sem saber o que o dia me prepara. Será que hoje algum de meus companheiros de prisão será arrastado para a forca? Será que algum preso roubará meus pertences? Será que um guarda me ameaçará pedindo para que eu negue minha fé e retorne ao islamismo?”. Saeed está preso no Irã há mais de dois anos por causa de sua fé em Cristo.

Parece brincadeira, mas o que vou falar é coisa muita séria. Estima-se que menos de 5% dos evangélicos brasileiros tem conhecimento das situações extremas vividas por cristãos que vivem em outras partes do planeta. “O meu povo está sendo morto como animais e todo o mundo está apenas assistindo”, afirmou o pastor Samson Ayohunle, presidente da Convenção Batista da Nigéria, clamando para que haja uma intervenção urgente para parar a violência do Boko Haram, grupo radical islâmico que aterroriza cristãos do norte e leste do país.

Isso é extremamente preocupante e sintomático. É o resultado de um percentual evangélico no Brasil cada vez mais crescente, porém ignorante, analfabeto de Bíblia, desconhecedor da história e espiritualmente insensível às necessidades do seu semelhante.

Lembrar-se dos que sofrem por causa de Jesus Cristo é uma determinação bíblica. Não é algo opcional como se troca de roupa ou muda de canal na TV. Deus ensina a seu povo muitos mandamentos. Todas as vezes que nos deparamos com eles somos exortados a viver em retidão e experimentarmos os valores do Reino dos Céus enquanto peregrinos neste mundo. Somos ensinados a amar o nosso Senhor de todo o coração, de toda a nossa alma, e de todo entendimento. Este é o primeiro grande mandamento (Mateus 22.37).

Contudo, Deus também nos ordena amar o nosso próximo como a nós mesmos. Este é o segundo e grande mandamento. Destes dois mandamentos disse o Senhor Jesus, depende toda a Bíblia. É interessante notar a maneira bíblica como o Senhor utiliza sua Lei Moral para pastorear o seu rebanho. Assim como um pai corrige com amor o seu filho, Ele nos adverte contra o pecado de esquecermos aquilo que deve ser primordial em nossa vida cristã.

Um exemplo claro disso é quando Ele usa o verbo “lembrar” atrelado a um mandamento específico. Ou você acha que o 4º Mandamento se inicia com um “lembra-te” por acaso? Deus sabia que somos verdadeiros mestres quando o assunto é autossuficiência, que facilmente nos esquecemos de que toda a dádiva e dom perfeito vêm lá do alto (Tg 1.17).

As sábias palavras de Agur revelam uma oração que todos nós deveríamos constantemente fazer: “Duas coisas peço que me dês antes que eu morra: Mantém longe de mim a falsidade e a mentira; Não me dês nem pobreza nem riqueza; dá-me apenas o alimento necessário. Se não, tendo demais, eu te negaria e te deixaria, e diria: Quem é o Senhor? Se eu ficasse pobre, poderia vir a roubar, desonrando assim o nome do meu Deus” (Pv 30.7-9).

Agur orou ao Senhor e pediu: “Dá-me apenas o que eu necessito”. Ele sabia o grande perigo de se colocar o coração nas riquezas deste mundo. Sua convicção era que se ele tivesse demais, poderia negar e abandonar a Deus perguntando com toda arrogância: “Quem é o Senhor? Eu não sei de quem vocês estão falando”.

É justamente por isso que não lembramos com facilidade e frequência dos nossos irmãos perseguidos. Enquanto eles estão presos e sendo maltratados por sua fé, nós estamos muito ocupados com nossos prazeres e nossa plena satisfação em nós mesmos.
Enquanto o Senhor diz:
“Lembrem-se dos que estão na prisão, como se aprisionados com eles; dos que estão sendo maltratados, como se fossem vocês mesmos que o estivessem sofrendo no corpo”,
nós estamos militando nos sindicatos por melhorias salariais, lutando pela causa dos animais abandonados, ou gastando tempo escrevendo bobagens nas redes sociais. Isso não é bom! É terrivelmente pecaminoso! É se esquecer de um mandamento em que Deus exige de seu povo extrema prioridade.

Somente nos importaremos com a parte sofredora do Corpo de Cristo, se nós redescobrirmos nele o sentido da nossa fé aplicada a uma vida dedicada à glória de Deus. Apenas experimentaremos o sofrimento daqueles que estão presos por não negarem sua fé em Cristo se nós compreendermos o real significado de viver e morrer para Cristo.

“Então o Rei dirá aos que estiverem à sua direita: Venham, benditos de meu Pai! Recebam como herança o Reino que lhes foi preparado desde a criação do mundo. Pois eu tive fome, e vocês me deram de comer; tive sede, e vocês me deram de beber; fui estrangeiro, e vocês me acolheram; necessitei de roupas, e vocês me vestiram; estive enfermo, e vocês cuidaram de mim; estive preso, e vocês me visitaram. Então os justos lhe responderão: Senhor, quando te vimos com fome e te demos de comer, ou com sede e te demos de beber? Quando te vimos como estrangeiro e te acolhemos, ou necessitado de roupas e te vestimos? Quando te vimos enfermo ou preso e fomos te visitar? O Rei responderá: Digo-lhes a verdade: o que vocês fizeram a algum dos meus menores irmãos, a mim o fizeram” (Mt 25.34-40).

Cristãos perseguidos: Você ora por eles?

Pr. Alan Kleber