Introdução
No artigo anterior, vimos que a pregação de nossos dias é superficial, com ênfase no estilo e nas emoções por influência também da mídia televisiva. Na definição pós-moderna, a “boa” pregação (ou seja, aquela que atenda ao homem pós-moderno) tem de ser, antes de tudo, breve e estimulante. Consiste em entretenimento, não em ensino, repreensão, correção ou educação na justiça (2 Tm 3.16). Certamente, a televisão dificulta o escutar com atenção aos sermões porque leva as pessoas a se tornarem pouco críticas intelectualmente, insensíveis emocionalmente e confusas psicologicamente.
Infelizmente, a televisão tem sido o pastor de muitas famílias cristãs. Muitos tem trocado até mesmo o privilégio de se congregar por jogos, novelas e filmes. Não é à toa que nossa geração é capaz de ficar horas sentada assistindo um programa televisivo, mas considera insuportável assistir um pregador falar por um pouco mais de meia hora de relógio. Hoje refletiremos sobre outro desafio à pregação reformada em um mundo pós-moderno:
A influência da internet em nosso dia-a-dia
Pastorear o rebanho de Deus é a tarefa principal dos Presbíteros da Igreja. Isto envolve o cuidado em ensinar e aplicar tudo o que a Bíblia diz que devemos fazer. De forma que, quando o assunto é o culto que devemos prestar ao Senhor toda a atenção dispensada é de extrema importância, por pelo menos duas razões: 1. Todos nós fomos criados para “… glorificar a Deus e adorá-lo para sempre” (Breve Catecismo, pergunta n. 01). 2. Deus fala com seu povo através da Pregação de Sua Santa Palavra.
O fato é que conviver com a tecnologia do nosso tempo tem sido algo cada vez mais inevitável. Ela está em todos os lugares. Hoje andamos com um telefone em nosso próprio bolso, e muito mais do que isso, com ele acessamos o mundo por meio da internet, enviamos e-mails e torpedos, pagamos contas, transferimos dinheiro, publicamos vídeos e fotos, assistimos o culto da igreja ao vivo, tudo isso em tempo real. Só para você ter uma ideia da dimensão do que estamos tratando, todos os dias aproximadamente 60 bilhões de mensagens são enviadas diariamente de todo o mundo pelo Messenger e WhatsApp, inclusive aos domingos1.
Contudo, todo esse avanço tecnológico tem despertado uma sincera preocupação por parte de muitos pastores. Quem está controlando quem? Será que nós estamos controlando toda a tecnologia à nossa disposição, ou ela está no controlando? A resposta não é difícil quando olhamos o que está acontecendo dentro da igreja. Antes, durante e depois do culto, vemos pessoas isoladas, sentadas nos bancos ou pelos cantos com a cabeça baixa. Conectados com Deus em oração? Não, infelizmente não.
Crianças, jovens e também adultos tem sido vistos no momento do sermão distraídos por jogos, Facebook e WhatsApp. Mesmo com a chegada da Bíblia digital para tablets e celulares, as opções de distração são inúmeras: e-mails, torpedos, fotos, vídeos, jogos, notícias sobre a final do seu time de futebol preferido.
Pense comigo: se você concorda que o seu celular deva estar definitivamente desligado no cinema (pois atrapalha o filme), que na sala de aula seu filho não deve usá-lo (pois ele irá perder a concentração e ficar mexendo no celular, sem dúvidas), e em aviões todos devem desligar seus aparelhos eletrônicos (pois isso compromete a segurança), por que quando estamos no culto, no momento da pregação da Palavra de Deus pode?
Não podemos esquecer que a tecnologia com todo o seu avanço deve servir aos homens, e não escraviza-los. Temo que se não começarmos a fazer alguma coisa, agora, criaremos uma geração desconcentrada, irreverente, que no futuro verá a Bíblia com mais um aplicativo para seu smartphone. Criaremos filhos que seguindo o nosso exemplo entenderão que Deus pode nos esperar em meio ao culto, enquanto fala conosco por meio da exposição das Escrituras, porque precisamos dar mais uma olhada nas atualizações das nossas redes sociais.
No amor de Jesus, nosso Senhor e Salvador
Pr. Alan Kleber
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Fonte:
1 http://www.bbc.co.uk/newsbeat/article/30706412/whatsapp-record-number-of-messages-sent-each-day