O Governo Civil e a Participação da Sociedade

O governo civil recebeu de Deus a autoridade para usar a espada a fim de preservar a justiça dentro de nossa própria nação, isso também inclui nossos relacionamentos interpessoais. Contudo, uma das principais dúvidas quando tratamos desse assunto é: “E se o Estado cometer exageros?”. Bem, para que o governo civil trabalhe com eficiência, o cidadão deve agir de forma apropriada. Ou seja, para que esse poder seja usado eficazmente, há certas coisas que devem estar presentes também. Sem essas coisas não estiverem no lugar certo e funcionando apropriadamente, qualquer tentativa por parte do Estado de administrar a espada será exagerada e frustrante.

O cidadão, portanto, precisa praticar o autogoverno e a autodisciplina sob a Palavra de Deus. Precisa demonstrar amor verdadeiro pelo próximo, buscando cuidar do seu bem-estar e de sua proteção. Por exemplo, se vemos uma pessoa mais fraca sendo atacada ou maltratada, não devemos fechar nossos olhos e seguir nosso caminho. Devemos socorrê-la. A Bíblia nos ensina que se podemos deter a prática de um crime e não fazemos nada, nós nos tornamos cúmplices desse crime (cf. Deuteronômio 22.1s, 19.18s).

Sem amor pelo próximo que nos faça cuidar dos interesses e do bem-estar uns dos outros, o governo civil não será capaz de nos proteger. Juntamente com o amor ao próximo, é preciso haver amor verdadeiro pelo Deus vivo e por sua ordem para as nossas vidas. Precisamos ser devotados a isso. Precisamos lutar para preservar isso. Sem o autogoverno, o amor pelo próximo, e o amor por Deus e sua ordem revelada, o Estado não será capaz de deter o crime.

A Igreja também está diretamente envolvida no trabalho de refrear a desordem numa sociedade. Quanto mais fiel e eficaz a Igreja se tornar no uso das “chaves do reino”, mais eficaz o Estado se tornará pelo “poder da espada”. Através da prática correta da disciplina eclesiástica, a igreja refreia a desordem e desobediência às leis, corrigindo as faltas de seus membros. Quanto mais prega e ensina toda a Palavra de Deus, e observa os sacramentos, mais eficaz em refrear o crime a Igreja de Jesus Cristo será, uma vez que a salvação vem do Senhor.

A família também tem um papel central em refrear o crime e a desobediência às leis numa sociedade. À medida que os pais começam a entender suas responsabilidades para com seus filhos, a praticar mais fielmente a disciplina familiar, e criar seus filhos pactualmente na disciplina e na admoestação do Senhor, mais prontamente o crime diminuirá numa comunidade. À medida que os pais educam seus filhos em escolas cristãs, em vez de jogá-los em escolas humanistas, sustentadas pelo Estado, repletas de crimes e cheias de drogas, o crime diminuirá.

Contudo, é importante lembrar que uma sociedade sempre será marcada por crimes, a menos que seja dominada pela fé, porque o caráter mal do homem só pode ser reformado pelo evangelho de Jesus Cristo. O esforço dos pais em restringirem a impiedade em seus lares, as Igrejas restringirem a impiedade em suas congregações, e o Estado restringir a impiedade em sua jurisdição não é o suficiente. Nem a disciplina eclesiástica, nem as sanções civis têm o poder de mudar o caráter caído e mau de uma pessoa.

A única forma de um indivíduo experimentar mudança substancial e duradoura na direção correta, nos níveis mais profundos de sua vida, é por meio da graça redentora de Deus em Cristo, mediante a fé. A menos que seja dominada por essa fé, uma cultura nunca será protegida da impiedade desenfreada. Muitos hoje estão tentando restringir a impiedade, deter o tráfico de drogas, pôr fim ao aborto, preservar a justiça nos tribunais, fortalecer a segurança pública, e manter a paz, sem este ingrediente indispensável: Jesus Cristo.

Concluindo, o governo civil está fundamentado no autogoverno (cidadãos, famílias e igrejas fazendo sua parte). Se desejamos que o Estado seja bem-sucedido em fazer a sua parte, o indivíduo enquanto cidadão tem de fazer sua parte. A Igreja tem de fazer sua parte. E a família tem de fazer sua parte. Para que qualquer uma dessas instituições aja eficazmente, toda essa sociedade deve estar comprometida com a fé de que somente Jesus Cristo é o Salvador do mundo: “… não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos” (Atos 4.12).

Oremos pois, e trabalhemos incessantemente por esse alvo!

Pr. Alan Kleber
Adaptado do Livro, Com Liberdade e Justiça para Todos, Joe Morecraft III, Monergismo, Ed. Kindle

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