Cur Deus homo?1 Perguntou Anselmo da Cantuária2. O que a Palavra de Deus ensina sobre a encarnação de Jesus Cristo, para muitos é uma verdade encoberta ou esquecida. O espetáculo promovido pelo mundo, a ênfase no brilho das luzes e o consumo desenfreado incentivado pela mídia, contrasta com a mais relevante história anunciada aos homens.

O que aconteceu com aquele que nasceu em um estábulo destinado para animais? Por que o final de seu ministério terreno findou em uma ultrajante cruz? A resposta certa para essas perguntas nos ensinará verdades gloriosas sobre o nosso fundamento para a alegria do Natal.

A Bíblia utiliza diversas palavras teológicas para descrever a obra de Cristo como nosso Mediador, todas elas importantes para compreendermos essa história. Por exemplo:

Expiação, significa que a morte de Cristo removeu nosso pecado e culpa.

Redenção, significa que a morte de Cristo nos resgatou da maldição da lei, da punição e do poder do pecado.

Reconciliação, significa que a morte de Cristo restaurou nosso relacionamento com Deus.

Propiciação, significa que a morte de Cristo apaziguou ou aplacou a ira de Deus.

Todos estes quatro termos revelam um aspecto essencial e bíblico da cruz. A melhor notícia sobre Jesus é que através dele, somos perdoados de nossos pecados, libertos da lei, justificados diante de Deus, e que podemos ficar confiantes diante de nosso Criador.

Tudo isso nos anuncia o Evangelho. O Evangelho não é um chamado para entrar no reino, ou uma mensagem sobre o que podemos fazer para Deus, ou uma descrição de nossos esforços de transformação cultural. O Evangelho, segundo 1 Coríntios 15, é a boa notícia que Jesus Cristo morreu por nossos pecados e ressuscitou no terceiro dia. Eis o verdadeiro e real significado bíblico do nascimento de Jesus: Ele se fez homem, viveu, sofreu e morreu para nos redimir e salvar.

Não há nada mais relevante na teologia cristã do que a nossa teologia da cruz. Temos de falar claramente que o coração do evangelho é a boa notícia da divina autossatisfação através da divina auto-substituição. Não devemos comprometer a cruz. Não devemos diluir a mensagem da cruz. Não devemos cessar de nos gloriarmos na cruz onde Cristo aceitou as penalidades que deveriam pertencer a nós, a fim de que pudéssemos experimentar as bênçãos que deveriam pertencer apenas a Ele.

O primeiro advento de Cristo, portanto, deve ser rememorado com muita alegria, pois o Verbo se fez carne para realizar a nossa redenção cumprindo o perfeito papel de Mediador entre Deus e os homens. Como Adão, não conseguimos obedecer à Lei de Deus, mas o último Adão, Cristo Jesus, cumpriu perfeitamente a Lei por nós e obteve para seu povo a coroa da salvação.

Neste Natal mais uma vez, façamos como os pastores que foram ao encontro do Cristo encarnado e prostrados o adoraram. Após ouvirem o Evangelho da parte dos anjos celestes, “Voltaram… glorificando e louvando a Deus por tudo o que tinham ouvido e visto, como lhes fora anunciado” (Lc 2.20). “Glória a Deus nas maiores alturas, e paz na terra entre os homens, a quem ele quer bem!” (Lc 2.14).

Feliz Natal!

Pr. Alan Kleber

1Do latim, “Por que o Deus-homem?”

2 Anselmo da Cantuária (1033-1109), foi um grande teólogo e filósofo da igreja.

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