Muitas graças darei ao SENHOR com os meus lábios; louvá-lo-ei no meio da multidão; porque ele se põe à direita do pobre, para o livrar dos que lhe julgam a alma (Salmo 109.30-31)
Desde os tempos do Antigo Testamento, as palavras registradas de Davi foram reconhecidas como divinamente inspiradas. O testemunho do Antigo Testamento é claro no Segundo Livro de Samuel 23.1-2:
“São estas as últimas palavras de Davi: Palavra de Davi, filho de Jessé, palavra do homem que foi exaltado, do ungido do Deus de Jacó, do mavioso salmista de Israel. O Espírito do SENHOR fala por meu intermédio, e a sua palavra está na minha língua”.
O testemunho de Jesus da autenticidade desses salmos como Escritura é inconfundível: “O próprio Davi falou, pelo Espírito Santo: Disse o Senhor ao meu Senhor: Assenta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos debaixo dos teus pés” (Mc 12.36). Além disso, os apóstolos citam os Salmos como Escrituras por meio da inspiração do Espírito Santo. Ouça o que Pedro diz:
“Irmãos, convinha que se cumprisse a Escritura que o Espírito Santo proferiu anteriormente por boca de Davi, acerca de Judas, que foi o guia daqueles que prenderam Jesus” (At 1.16).
Além disso, o Espírito Santo deu uma verificação conclusiva dos Salmos pelo testemunho de Sua igreja através dos séculos:
Os salmos foram recebidos pela igreja de Deus nas gerações passadas, sem qualquer voz dissidente, como um livro daquela Sagrada Escritura, da qual Cristo declarou que “não pode ser quebrado” (James Dick, “The Imprecatory Psalms”, in Psalm-Singers’ Conference [Belfast: Fountain Printing, 1903], p. 87).
Portanto, os Salmos foram dados pelo Espírito de Deus e, como tais, foram aceitos, usados e honrados pelo Senhor Jesus Cristo. Tomar algumas das próprias passagens citadas por nosso Senhor e chamá-las de não-inspiradas por Deus, inadequadas para a igreja, e diabólicas é uma clara negação da inspiração das Escrituras. Além disso, tais afirmações refletem sobre sua própria divindade.
Se Deus elogiasse um ensino “diabólico”, como Ele poderia ser Deus? Rejeitar qualquer palavra dada pelo Espírito Santo e chamar de mau o que Deus nos deu para nosso proveito é uma abominação para com Ele. Precisamos tomar cuidado e examinar nosso coração a esse respeito disso. Dietrich Bonhoeffer nos adverte:
“Não se tornou terrivelmente claro novamente, que não somos mais obedientes à Bíblia? Nós gostamos mais de nossos próprios pensamentos do que dos pensamentos da Bíblia” (Martin Kuske, The Old Testament as the Book of Christ [Philadelphia: Westminster Press, 1976], p. 21).
A rejeição de qualquer parte da Palavra de Deus é uma rejeição do Doador desta Palavra: O PRÓPRIO DEUS. Nossa resposta deve ser semelhante a de Charles Haddon Spurgeon que, comentando o Salmo 109 (um dos Salmos Imprecatórios mais contundentes da Bíblia), disse:
“Verdadeiramente este é um dos lugares difíceis da Escritura, uma passagem que a alma treme para ler; mas como é um Salmo para Deus, e dado por inspiração, não é nosso para nos sentarmos para julgá-lo, mas para inclinar nossos ouvidos ao que Deus, o Senhor, nos fala aqui” (C. H. Spurgeon, Treasury of David [London: Passmore and Alabaster, 1882], 5:157).
Diante de todo esse argumento, devemos confessar, inabalavelmente, que todos os Salmos são de fato as Sagradas Escrituras. Este compromisso de confiança na Palavra de Deus é um pré-requisito absoluto para uma compreensão adequada da Bíblia. O Espírito de Deus falou através de Davi de tal maneira que suas palavras não vieram de si mesmo, mas da boca do próprio Deus.
Roguemos a ajuda desse mesmo Espírito para compreender esses salmos de imprecação. Só assim, discerniremos como eles se harmonizam com o mandamento do Novo Testamento de amar nossos inimigos. Esse entendimento não pode ser meramente para nosso próprio proveito, mas para a igreja de Jesus Cristo em geral, pois Deus nos ordena a em alta voz, pregar e cantar esses salmos com uma nova visão espiritual.
Em Cristo, Senhor dos Salmos
Pr. Alan KleberTraduzido e adaptado da Obra de James E Adams: “’Salmos de Guerra do Príncipe da Paz – Lições dos Salmos Imprecatórios” (P&R Publishing: 2016).