Os Salmos Imprecatórios e o Testemunho dos Apóstolos

Como os apóstolos de Jesus consideravam Sua conexão com os Salmos é decisivo. Estes homens estavam constantemente em Sua companhia durante o Seu ministério, sendo ensinados por Ele, e depois recebendo iluminação e inspiração especiais para registrar Seus feitos e palavras (cf. João 14.26; 15.26; 16.13). Eles dão repetidamente claro testemunho nos Evangelhos a respeito de Jesus citando as palavras dos Salmos como Dele.

Os apóstolos e escritores do Novo Testamento nos dão mais esclarecimentos em suas epístolas. Hebreus 10.5-7 é um caso fascinante no ponto:

Quando Cristo veio ao mundo, ele disse: “Sacrifício e oferta não quiseste; antes, um corpo me formaste; não te deleitaste com holocaustos e ofertas pelo pecado. Então, eu disse: Eis aqui estou (no rolo do livro está escrito a meu respeito), para fazer, ó Deus, a tua vontade” (Esta é uma citação direta da versão grega do Antigo Testamento [Septuaginta] do Salmo 40.6-8).

Como podemos saber que Jesus disse isso? Não se registra em nenhum lugar nos Evangelhos como uma declaração de Jesus. Esta passagem emocionante fornece a chave para a compreensão do uso dos Salmos por meio dos apóstolos. Três vezes o autor aos Hebreus faz referência a essas palavras aplicando-as a Jesus (vv. 5, 8, 9). Em sua essência o escritor da Carta aos Hebreus afirma que Cristo veio ao mundo falando as palavras dos Salmos como se fossem Suas.

Observe um exemplo semelhante em Hebreus 2.11-12 acerca de Jesus: “Por isso, é que ele não se envergonha de lhes chamar irmãos, dizendo: A meus irmãos declararei o teu nome, cantar-te-ei louvores no meio da congregação”. Aqui, mais uma vez, temos as palavras de um Salmo. O Salmo 22.22 é atribuído a Jesus, embora nunca haja uma menção nos Evangelhos Dele ter falado estas palavras enquanto estava na Terra. Essas duas passagens refletem claramente que os apóstolos acreditavam que Cristo estava falando através dos Salmos.

Este entendimento do Novo Testamento sobre a presença de Cristo nos Salmos é fundamental para a igreja cantar, orar e pregar sobre o Saltério. O salmista clama a Deus para executar justiça e juízo. Jesus Cristo veio para estabelecer o Seu reino e estender a Sua misericórdia por toda a terra. Mas nunca nos esqueçamos também que Jesus voltará para julgar os ímpios e o mundo com justiça.

Mesmo através de um breve olhar sobre o ensino do Novo Testamento, vemos um padrão claro. E quanto mais intensificamos nossa investigação, confirmamos que o autor dos Salmos é o próprio Cristo. Sua é a grande voz que ouvimos nos Salmos clamando em oração a Deus, o Pai. O erudito do Antigo Testamento E. W. Hengstenberg, remanescente da ortodoxia na Alemanha no século XIX, observou sucintamente os “chamados salmos vingativos”:

É precisamente o mais severo destes que são aplicados a Cristo, e considerados como falados por ele, e são, portanto, pronunciados dignos dele (E. W. Hengstenberg, The Works of Hengstenberg, vol. 7, The Psalms, [Cherry Hill, NJ: Mack, n.d.] p. Ixxiii).

Conclusão

O Espírito de Cristo estava nos salmistas, falando através deles séculos antes de vir à Terra como o tão esperado Messias. Existem várias maneiras pelas quais os salmos falam de Cristo. Em alguns, ouvimos o Pai falando ao Filho, como no Salmo 2.7: “Tu és meu Filho, eu, hoje, te gerei”. Em outros, Cristo é apresentado como o Bom Pastor (cp. Salmo 23 com João 10). Ele é o Rei (Salmo 24), o Segundo Adão (“homem perfeito”, Salmo 1) e o Cabeça de Sua igreja (cp. Salmo 8 com Hebreus 2). No final, em todos eles, Cristo é o Senhor de todos os Salmos!

Rev. Alan Kleber

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