Dentre algumas definições do que é oração, há uma que foi elaborada pelos teólogos de Westminster, a qual se encontra no Breve Catecismo de Westminster. Esse catecismo foi produzido com o sistema de perguntas e respostas, dentre as quais está a de número 98, que diz: “O que é oração?” Resposta: “Oração é um oferecimento dos nossos desejos a Deus, por coisas conformes com a sua vontade, em nome de Cristo, com a confissão dos nossos pecados, e um agradecido reconhecimento de suas misericórdias.”

Essa pergunta 98 do Breve Catecismo está dentro de um quadro maior, iniciado na pergunta 88, a qual traz a seguinte resposta: “Os meios exteriores e ordinários pelos quais Cristo nos comunica as bênçãos da redenção são as suas ordenanças, especialmente a Palavra, os sacramentos e a oração, todos os quais se tornam eficazes aos eleitos para a salvação.” Portanto, a oração é um meio de graça.

Para esse momento, examinaremos a primeira frase que os teólogos de Westminster definiram sobre o que é oração.

Sendo a oração é um “santo oferecimento dos nossos desejos a Deus”, significa que não é uma exigência.

Atualmente, em muitos arraiais evangélicos, afirma-se que se pode exigir algo de Deus, e até mesmo determinam que certas coisas aconteçam. Mas não é assim que as Escrituras nos ensinam, pois, um dos textos bíblicos para fundamentar a frase que o Breve Catecismo traz é o Salmo 62.8 que diz: “Confiai nele, ó povo, em todo tempo; derramai perante ele o vosso coração; Deus é o nosso refúgio.” Portanto, longe de ser uma exigência, a oração é um oferecimento dos nossos desejos a Deus confiando e derramando perante ele nossos corações.

É importante perceber que nesse verso há dois verbos que estão no imperativo, “confiai” e “derramai”.

“Confiai nele” significa que não devemos confiar nos homens, pois eles não passam de vaidade (v. 9), e não devemos confiar nas riquezas, pois elas são passageiras (v. 10). Portanto, tão somente em Deus, podemos e devemos confiar, pois, o poder pertence a Deus, e a graça, pertence ao Senhor (vv. 10,11).

“Derramai perante ele o vosso coração” significa que devemos, sem reservas, falar ao Senhor em oração os nossos desejos. Um exemplo de quem agiu assim foi Ana, pois ela, no seu momento de angústia, “derramou continuamente sua alma perante o Senhor” (1Sm 1. 15). Ana orou a Deus sem reservas, ela confiou em Deus, no Deus que tem o poder e a graça. A oração de Ana foi ouvida e respondida pelo Senhor, dando-lhe um filho.

Mesmo tendo conhecimento desse meio de graça, a oração, e que devemos oferecer nossos desejos a Deus, a oração é uma prática muito negligenciada pelos cristãos.

Negligenciamos a oração tanto aspecto individual como no aspecto coletivo.

A correria do dia a dia e os muitos entretenimentos de nossos dias, têm sido mais importantes para muitos cristãos do que o momento de comunhão com Deus. Ficar isolado de tudo e todos, em oração, têm sido um privilégio de poucos.

As reuniões de Doutrina e Oração são frequentadas por menos da metade dos membros da Igreja.

Mas como um cristão poderá manter-se de pé, sem passar tempo com Deus em oração? Como uma Igreja poderá permanecer firme se seus membros não participam das orações coletivas?

Como você tem atuado no que se refere à prática da oração? Você tem priorizado as alegrias passageiras, ou tem desfrutado da alegria incomparável e eterna de estar a sós, e na comunhão dos santos, em conversa com o Pai da eternidade?

Que o Senhor inflame nossos corações de desejo por mantermos comunhão com ele em oração contínua. Que possamos desfrutar mais e mais desse meio de graça, a oração, todos os dias, confiando em Deus e derramando perante ele o nosso coração, pois, ele é o nosso refúgio.

No amor de Cristo,

Sem. Elisson Oliveira.

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ASSEMBLÉIA DE WESTMINSTER, Símbolos de Fé: contendo a confissão de fé, Catecismo Maior e Breve Catecismo. São Paulo: Cultura Cristã, 2018.

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