Texto Bíblico: Leia Zacarias 1.7–6.15
Introdução
Do capítulo 1.7 ao 6.15, o Livro de Zacarias apresenta oito visões que o
profeta recebeu em apenas uma noite. Diferentemente dos sonhos onde os profetas
e outros servos de Deus recebiam a revelação divina enquanto dormiam (cp. Mt
1.20), as visões sempre eram reveladas enquanto esses estavam acordados,
entrando em um êxtase espiritual (cp. Ap 1.10). Essas oito visões dadas por
Deus a Zacarias seguem um modelo padrão:
(1) Palavras introdutórias;
(2) Descrição do que o profeta vê;
(3) Zacarias pede ao anjo para explicar o significado da visão;
(4) Logo em seguida, uma explicação é dada pelo anjo.
Contexto Histórico
A mensagem de arrependimento pregada por Zacarias foi anunciada
três meses antes das visões. O conteúdo de sua mensagem foi extremamente
necessário, pois Judá precisava entender que o trabalho que o SENHOR dos
Exércitos lhe confiou a fazer envolvia muito mais do que tijolos ou argamassa,
porque tratava da necessidade de um sério e profundo relacionamento com Deus.
Um mês após este chamado ao arrependimento, o profeta Ageu entregou suas duas
mensagens, urgentes e finais, desafiando o povo de Deus diante da tarefa
improvável que eles tinham pela frente. Ele fez isso anunciando-lhes a
promessa: “A glória desta última
casa será maior do que a da primeira, diz o SENHOR dos Exércitos; e, neste
lugar, darei a paz, diz o SENHOR dos Exércitos” (Ag 2.9). A Promessa
de provisão de Deus e a sua presença no meio deles estimulou os construtores a
seguirem adiante.
Mas parece que os seus medos e momentos de ansiedade e desânimo
viriam em ondas – como a alta e baixa de uma maré. Eles lutaram contra seus
pecados, e suas fraquezas. Eles pensavam em como tantos estavam trabalhando
contra eles, e perguntaram se eles seriam novamente restaurados como povo
pactual para a grandeza e o serviço diante de Deus.
Assim, o uso de visões – e não sonhos, uma vez que o profeta estava acordado – foi
utilizado para estimular e incentivar o povo de Deus. As visões nas Escrituras
permanecem um pouco misteriosa para nós, em nossas mentes racionais ocidentais.
De modo que, precisamos ter cuidado ao estuda-las, assim como no estudo das parábolas
não devemos ler literalmente os infinitos detalhes em cada imagem dada. Do
mesmo modo que as parábolas, as visões apontam para uma mensagem central,
muitas vezes com várias aplicações, para dar incentivo ao povo de Deus.
Primeira Visão: Deus é Compassivo (1.7-17)
1. Entendendo os Símbolos
O Cavalo vermelho – significa poder, domínio em guerra. Para um povo fraco como Judá, uma visão extremamente encorajadora.
As Murtas – Em hebraico “Hadassa”, o nome de Ester. Uma pequena árvore com folhas finas e belas flores brancas que libera um aroma perfumado quando esmagada. Quanto mais fosse esmagado pelo peso da aflição, o povo de Deus exalaria o doce e perfumado aroma da dependência de Deus.
2. A patrulha
Os antigos monarcas da Pérsia enviavam mensageiros ou batedores em cavalos velozes para a patrulha de seus reinos com a finalidade de se informarem sobre todas as questões que preocupavam seus domínios. Esta imagem aponta para a onisciência divina. Nada escapa ao olhar de conhecimento daquele que governa o mundo.
Qual o relatório da patrulha? “Nós já percorremos a terra, e eis que toda a terra está, agora, repousada e tranquila” (Zc 1.11). Isso soa como uma boa notícia no início, mas a resposta do anjo no versículo seguinte mostra que é o contrário: “Então, o anjo do SENHOR respondeu: Ó SENHOR dos Exércitos, até quando não terás compaixão de Jerusalém e das cidades de Judá, contra as quais estás indignado faz já setenta anos?”. Ao invés de ser zelosa pela justiça e pela honra do SENHOR dos Exércitos, as nações estão à vontade, sem se preocupar com seu relacionamento com Deus e do pecado que as condena.
3. A Compaixão de Deus
(1) O Senhor tem profundo zelo por seu povo: “E este me disse: Clama: Assim diz o SENHOR dos Exércitos: Com grande empenho, estou zelando por Jerusalém e por Sião” (Zc 1.14). Deus não é indiferente e distante quando o seu povo está sofrendo – embora os crentes não pudessem ver a demonstração completa, agora eles tinham a garantia divina.
(2) Por outro lado, Ele está irado contra as nações que vivem confiantes: “E, com grande indignação, estou irado contra as nações que vivem confiantes; porque eu estava um pouco indignado, e elas agravaram o mal” (Zc 1.15). A imagem se amplia quando pensamos mais sobre o estado das nações (cf. Sl 2), que se aliaram contra o Senhor e seus propósitos redentores. Tais nações enfrentarão a ira divina e, portanto, a gravidade dos seus juízos.
(3) A Promessa seria cumprida. Jerusalém seria reconstruída e o templo também: “Portanto, assim diz o SENHOR: Voltei-me para Jerusalém com misericórdia; a minha casa nela será edificada, diz o SENHOR dos Exércitos, e o cordel será estendido sobre Jerusalém” (Zc 1.16). Aqui vemos a grande compaixão de Deus em perdoar os pecados de seu povo e restaura-los novamente.
(4) Uma Bênção Tríplice é pronunciada: “Clama outra vez, dizendo: Assim diz o SENHOR dos Exércitos: As minhas cidades ainda transbordarão de bens; o SENHOR ainda consolará a Sião e ainda escolherá a Jerusalém” (Zc 1.17). A compaixão divina enche a vida e a alma de seu povo de PROSPERIDADE (As minhas cidades ainda transbordarão de bens) – CONFORTO (o SENHOR ainda consolará a Sião) – ELEIÇÃO GRACIOSA (e ainda escolherá a Jerusalém).
Que Deus há tão grande, quanto o nosso Deus?
Pr. Alan Kleber