“Não negligencieis a hospitalidade, pois alguns, praticando-a, sem o saber acolheram anjos” (Hebreus 13.2)

O DEVER CRISTÃO DE AMAR A TODOS

O autor da Carta aos Hebreus nos ensina que nossa hospitalidade primeiramente é para com nossos irmãos em Cristo, mas ela não termina no versículo 1:

“Por isso, enquanto tivermos oportunidade, façamos o bem a todos, mas principalmente aos da família da fé” (Gl 6.10).

Paulo é igualmente explícito em 1 Tessalonicenses:

“Evitai que alguém retribua a outrem mal por mal; pelo contrário, segui sempre o bem entre vós e para com todos” (5.15).

1. Amai os vossos Inimigos

A expressão “para com todos” inclui até mesmo nossos inimigos. Nosso Senhor Jesus ensinou:

“Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo. Eu, porém, vos digo: amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem” (Mt 5.43-44).

Mesmo as pessoas mais mundanas amam aqueles que as amam, Jesus continua:

“Porque, se amardes os que vos amam, que recompensa tendes? Não fazem os publicanos também o mesmo?” (Mt 5.46).

O perigo de “que se aproveitem de nós” não é desculpa para não ajudar quem precisa. Por definição, um estranho é alguém que não conhecemos pessoalmente. Consequentemente, é fácil nos descobrirmos trapaceando quando ajudamos um estranho. Uma pessoa que nos pede 50 reais para comprar comida para sua família pode gastá-los com álcool ou drogas. Devemos usar nosso bom senso para determinar a melhor maneira de ajudá-la, mas nossa principal preocupação deve ser ajudar, não evitar que alguém se aproveite de nós. Se ajudarmos de boa fé, Deus honrará nosso esforço. Muitas vezes as pessoas se aproveitam do amor, mas esse é um custo que não conta.

2. Não negligencie a hospitalidade

No mundo antigo, a hospitalidade costumava incluir hospedar uma pessoa por uma noite ou mais. As estalagens eram poucas, muitas vezes tinham má reputação e eram caras. Entre os judeus e o povo do Oriente Médio em geral, a hospitalidade, mesmo com estranhos e estrangeiros, era uma grande virtude. Os cristãos certamente não deveriam ser menos hospitaleiros que os incrédulos.

Hospitalidade é um padrão bíblico para os presbíteros ou bispos:

“É necessário, portanto, que o bispo seja… hospitaleiro” (1 Tm 3.2; cf. Tito 1.8).

Os pastores e outros líderes da igreja devem ter as casas abertas e estar prontos para servir e atender às necessidades dos outros. Mostrar hospitalidade com estranhos é o trabalho de uma mulher espiritual:

“seja recomendada pelo testemunho de boas obras, tenha criado filhos, exercitado hospitalidade, lavado os pés aos santos, socorrido a atribulados, se viveu na prática zelosa de toda boa obra” (1 Tm 5.10).

3. A hospitalidade é uma característica do amor cristão

A hospitalidade deve ser um sinal para todos os cristãos, uma característica básica, não uma prática opcional ou incidental. O autor da Carta aos Hebreus não nos diz que alguns anjos inconscientemente hospedados devem ser a base ou motivação para a nossa hospitalidade. Não devemos ser hospitaleiros porque, em algum momento, podemos nos encontrar servindo aos anjos. Devemos servir com amor fraterno para o bem daqueles que ajudamos e para a glória de Deus.

Portanto, o ponto principal da segunda metade do versículo 2 é que nunca saberemos quão importante e abrangente um simples ato de ajuda pode ser. Servimos porque há uma necessidade, não por causa das consequências que podemos prever. Abraão saiu pelo caminho para ajudar os três homens que estavam passando por sua tenda. Ele não esperou que estes pedissem ajuda, mas ele a ofereceu. Era mais uma oportunidade do que um dever. Na verdade, ele considerava que o maior serviço era para si mesmo, dizendo:

“… Senhor meu, se acho mercê em tua presença, rogo-te que não passes do teu servo” (Gn 18.3).

Na época, ele não tinha ideia de que dois dos homens eram anjos e o terceiro era o próprio Senhor (Gn 18.1; 19.1). E se soubesse que não, não teria sido menos correto por ser hospitaleiro.

Conclusão

Alimentar o faminto, abrigar o estrangeiro, vestir o nu e visitar o prisioneiro em nome de Jesus é servi-lo. Virar as costas para aqueles que precisam dessas coisas é virar as costas para o próprio Rei:

“Então, lhes responderá: Em verdade vos digo que, sempre que o deixastes de fazer a um destes mais pequeninos, a mim o deixastes de fazer” (Mt 25.45).

Em certo sentido, sempre servimos ao Senhor quando somos hospitaleiros, especialmente com outros crentes:

“O Rei, respondendo, lhes dirá: Em verdade vos afirmo que, sempre que o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes” (Mt 25.40).

Nele, que nos amou primeiro,

Pr. Alan Kleber