O Culto como resposta ao Deus Triúno
Querida congregação,
Vimos que a estrutura do culto de adoração da igreja cristã, isto é, sua liturgia, é uma área da prática humana projetada por Deus para trazer suas criaturas para perto dele, para a reconciliação e, em última instância, a comunhão.
A participação nas atividades práticas nos molda e informa os nossos instintos, de modo que, se nós apenas estamos nos tornando cientes das prescrições litúrgicas da Bíblia, então é preciso dar um passo atrás e examinar suas etapas de forma individual. Aprendemos que, um dos primeiros princípios da lógica bíblica e litúrgica é este: Deus se move primeiro e nós respondemos a ele em devoção.
Vamos examinar algumas partes da liturgia cristã para ver como isso funciona.
Exemplo 1: Chamado à adoração
O culto começa com o chamado mais óbvio de todos, o “chamado para adorar”. Deus nos chama à adoração, geralmente através da leitura da Palavra feita pelo pastor, sozinho ou em conjunto com a congregação, tomando passagens bíblicas como a do Salmo 100.1-2:
“1Celebrai com júbilo ao SENHOR, todas as terras. 2Servi ao SENHOR com alegria, apresentai-vos diante dele com cântico.”
O que acontece depois? Uma resposta clara de devoção se torna o serviço da congregação neste ponto? Sim, pois este é o caminho mais natural na adoração bíblica.
Quando o Deus Triúno nos chama para a adoração, imediatamente atendemos, como um soldado sendo convocado por seu comandante, ou como um cavalheiro se levantando quando sua amada entra na sala. Não temos melhor reação ao chamado de Deus do que nos juntar à adoração contínua da corte celestial e cantar louvores ao Senhor.
Um exemplo bíblico de um chamado à adoração está em Levítico 8, onde o Senhor chama Moisés para reunir a congregação e os suprimentos necessários para os vários sacrifícios:
“1Disse mais o SENHOR a Moisés: 2Toma Arão, e seus filhos, e as vestes, e o óleo da unção, como também o novilho da oferta pelo pecado, e os dois carneiros, e o cesto dos pães asmos 3e ajunta toda a congregação à porta da tenda da congregação. 4Fez, pois, Moisés como o SENHOR lhe ordenara, e a congregação se ajuntou à porta da tenda da congregação. 5Então, disse Moisés à congregação: Isto é o que o SENHOR ordenou que se fizesse” (Levítico 8.1-5).
Exemplo 2: Confissão de Pecados
Vir à presença de Deus é potencialmente perigoso. A maior parte do livro de Levítico é sobre como se aproximar de Deus de uma maneira prescrita, em vez de uma maneira arrogante ou sem consideração. Nunca estamos mais cientes de nosso pecado do que quando apresentamos pela primeira vez à presença de Deus. E tão perto do início do serviço é um lugar adequado para uma chamada à confissão ou arrependimento. Os apelos ao arrependimento estão espalhados por todas as Escrituras, e nosso Senhor Jesus ensina que veio ao mundo para chamar os pecadores ao arrependimento:
“Não vim chamar justos, e sim pecadores, ao arrependimento” (Lucas 5.32).
Um chamado ao arrependimento é a responsabilidade primária que Deus dá aos profetas e, por meio deles, o Senhor chama seu povo e os reinos da terra para se humilharem, abandonarem seus pecados e voltarem para ele (leia Jonas 3). Em seu papel profético, o pastor continua esse padrão chamando a congregação ao arrependimento e fé.
A resposta é uma oração – falar com Deus. Como um importante meio de graça, a oração é um santo oferecimento das nossas súplicas ao Senhor, podendo ser falada ou cantada, individual ou em uníssono, como um apelo dirigido humildemente a Deus por perdão. Deus chama o cristão e a congregação ao arrependimento, e ele responde arrependendo-se de seus pecados e Deus completa seu movimento o tomando como uma criança em seus braços, e como um pai amoroso ele diz: “está tudo bem, você está perdoado meu filho amado”.
O perdão de Deus é o segundo movimento da confissão de pecados, é uma resposta ao nosso sincero arrependimento e um novo chamado a vida de santidade. Assim como Deus concede a própria fé que Ele mesmo exige (Efésios 2.8), o Senhor concede o próprio arrependimento que Ele também exige dos seus adoradores (2 Timóteo 2.25). Seu perdão é um novo chamado à ação, um chamado para o seu povo pactual crer que está perdoado de todos os seus pecados.
Conclusão
A lógica litúrgica da adoração bíblica, portanto, pode ser captada concretamente pelo chamado do pastor para que “elevemos os nossos corações aos céus” depois de anunciar a certeza do perdão que temos em Cristo Jesus, nosso Salvador, e em seguida anunciar o convite para todo o povo: “cantemos a Deus a nossa salvação”, e em resposta todos juntos entoam em alta voz um hino de gratidão.
Em ambos os casos, Deus está nos chamando e dizendo que estamos perdoados, pois nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus (Romanos 8.1). Nesse momento, não podemos segurar mais nossa culpa e responder ao mesmo tempo com fé, porque Deus já nos perdoou, quer nos sintamos perdoados ou não. É Ele e não nós, que perdoa todas as nossas iniquidades.
“Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça” (1 João 1.9).
Em espírito e em verdade,
Rev. Alan Kleber