A Nova Criação no Apocalipse

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Em Apocalipse 21 lemos sobre a gloriosa nova criação:

“Vi novo céu e nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe. Vi também a cidade santa, a nova Jerusalém, que descia do céu, da parte de Deus, ataviada como noiva adornada para o seu esposo” (Apocalipse 21.1-2).Apocalipse apresenta o divórcio entre Deus e a sua esposa do antigo pacto, Israel, no ano 70 d.C. (Apocalipse 5 apresenta o decreto de divórcio). Nos capítulos 6–19 (com interlúdios e apartes) testemunhamos a pena capital de sua esposa adúltera, a Jerusalém do 1º século. Agora, nos dois capítulos finais, somos testemunhas de seu casamento com sua nova noiva, a igreja do novo pacto de Jesus Cristo. A nova criação é uma imagem do novo pacto. Esta nova noiva é a “nova Jerusalém”, a “Jerusalém lá de cima” (Gl 4.26), a “Jerusalém celestial” (Hb 12.22) à qual todos os crentes em Cristo pertencem.   

A nova criação e a nova Jerusalém de Apocalipse 21–22 começa no primeiro século, embora se desdobre ao longo da história e se estenda pela eternidade em sua consumação final. Observe as seguintes evidências para sua inauguração no primeiro século da era cristã:

Evidência no 1 – O período sugere fortemente isso.

Especialmente porque segue de perto a visão da nova criação e da nova Jerusalém. A nova Jerusalém é descrita em Apocalipse 21.2–22.5. Então, imediatamente após a sua apresentação, lemos as palavras:

“Disse-me ainda: Estas palavras são fiéis e verdadeiras. O Senhor, o Deus dos espíritos dos profetas, enviou seu anjo para mostrar aos seus servos as coisas que em breve devem acontecer” (Apocalipse 22.6).

Isso é confirmado apenas quatro versículos depois, onde João é ordenado a não selar as palavras de Apocalipse:

“Disse-me ainda: Não seles as palavras da profecia deste livro, porque o tempo está próximo” (Apocalipse 22.10).

Evidência no 2 – O fluxo do Apocalipse sugere isso claramente.

A nova Jerusalém (ver Apocalipse 20-22) substitui imediatamente a antiga Jerusalém (ver Apocalipse 16-19), em vez de esperar vários milhares de anos. Se a antiga Jerusalém é destruída no ano 70 d.C., é lógico que seria substituída imediatamente pela nova Jerusalém espiritual. De fato, a Jerusalém espiritual se sobrepõe a antiga, já sendo formada no primeiro século antes de 70 dC. no dia do Pentecostes (ver Atos 2).

Evidência no 3 – O ensino anterior sobre a nova criação.

Em outros lugares, as Escrituras ensinam que a nova criação (salvação) entra na história antes da consumação final. Por exemplo, em 2 Coríntios 5.17 o apóstolo Paulo usa uma linguagem muito semelhante a de Apocalipse 21.1 e 5:

“E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura [criação]; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas” (2Co 5.17).

Encontramos também o termo “nova criação” em outras cartas paulinas:

“Pois somos feitura dele [aquilo que foi feito, nova criação], criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas.”

(Efésios 2.10)

“…e vos revistais do novo homem, criado segundo Deus, em justiça e retidão procedentes da verdade” (Efésios 4.24).

“Pois nem a circuncisão é coisa alguma, nem a incircuncisão, mas o ser nova criatura [criação]” (Gálatas 6.15).

O pano de fundo do apóstolo João no Antigo Testamento é claramente Isaías 65.17-25. Observe especialmente os versículos 17 e 20:

“Pois eis que eu crio novos céus e nova terra; e não haverá lembrança das coisas passadas, jamais haverá memória delas… Não haverá mais nela criança para viver poucos dias, nem velho que não cumpra os seus; porque morrer aos cem anos é morrer ainda jovem, e quem pecar só aos cem anos será amaldiçoado.”

Observe que a nova criação na terra ainda experimenta pecado, envelhecimento e morte no reino físico; assim, não pode se referir ao céu e à eternidade sem pecado, perene e imortal.

Evidência no 4 – O Novo Testamento antecipa uma mudança.

O Novo Testamento espera a mudança imediata da antiga para a nova era. Por exemplo, em João 4.21, Cristo ensina a mulher samaritana:

“Mulher, podes crer-me que a hora vem, quando nem neste monte, nem em Jerusalém adorareis o Pai.”

A Carta aos Hebreus ensina muito sobre a passagem iminente da antiga aliança. Uma referência clara sobre isso pode ser lida em Hebreus 8.13:

“Quando ele diz Nova, torna antiquada a primeira. Ora, aquilo que se torna antiquado e envelhecido está prestes a desaparecer.”

Evidência no 5 – O Novo Testamento fala de uma nova noiva.

No Novo Testamento a igreja é a noiva de Cristo:

“Maridos, amai vossa mulher, como também Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela, para que a santificasse, tendo-a purificado por meio da lavagem de água pela palavra, para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, porém santa e sem defeito” (Efésios 5.25-27).

“Porque zelo por vós com zelo de Deus; visto que vos tenho preparado para vos apresentar como virgem pura a um só esposo, que é Cristo” (2Coríntios 11.2).

“O que tem a noiva é o noivo; o amigo do noivo que está presente e o ouve muito se regozija por causa da voz do noivo. Pois esta alegria já se cumpriu em mim” (João 3.29).

Conclusão

1. Deus não tem duas esposas; a igreja, sua noiva do novo pacto, substitui sua primeira esposa do antigo pacto, a infiel Jerusalém do primeiro século no ano 70 d.C.

2. Quando lemos Apocalipse 21–22, devemos reconhecer o forte uso de imagens poéticas e dramáticas pelo apóstolo João:

– A ausência do mar (Ap 21.1) retrata harmonia e paz interior. Nas Escrituras, o mar muitas vezes simboliza discórdia e pecado (Ap 13.1,2; Is 8.7ss; 23.10; 57.20; Jr 6.23; 46.7).

– O cristianismo oferece o oposto (Rm 5.1; Ef 2.12ss; Fp 4.7, 9).

3. A igreja-noiva é o templo-tabernáculo de Deus (Ap 21.3) porque Deus habita dentro dela e nenhum templo literal é mais necessário (Ap 21.22; cf. Ef 2.19-22; 1Co 3.16; 6.19; 2Co 6.16; 1Pe 2.5, 9).

4. A salvação em Cristo Jesus:

– Remove a dor (Ap 21.4; 1Ts 4.13; 1Co 15.55-58; Tg 1.2-4).

– Introduz a pessoa na família de Deus (Ap 21.7; cf. João 1.12-13; 1 João 3.1ss).

– Traz a vida eterna (Ap 21.6, 8).

Maranata!

Rev. Alan Kleber Rocha

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